Garzón diz que o ETA usa tática de estar em eventos 

Terça, 29 de janeiro de 2002, 19h05

|
Tarso Genro (à esquerda) e Garzón (Foto:Patrícia Comunello)
|
O juiz espanhol Baltasar Garzón se recusou hoje a comentar a tentativa de organizações ligadas ao grupo terrorista ETA (Euskalerria Ta Askatasuna - País Basco e Liberdade) participarem do 2º Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre. Garzón alegou impedimento processual porque atua em investigações judiciais na Espanha sobre o financiamento do ETA por organismos "periféricos". O juiz não quis confirmar se os processos se referem às entidades que teriam ligações com os terroristas bascos, citados numa reportagem do Terra, do dia 25, que tentam integrar o encontro na capital gaúcha. Três delas têm inscrição para o evento, que começa no dia 31. O prefeito da capital gaúcha, Tarso Genro (PT), que acompanhou o juiz na entrevista coletiva no final da tarde, disse que a suposta participação havia sido um dos assuntos de uma reunião da coordenação do evento hoje. Tarso repassou, a pedido da coordenação, que não havia sido detectada a existência de entidades ligadas ao ETA e que tentativas de inscrição verificadas nos últimos meses haviam sido barradas. A carta de princípios do Fórum Social Mundial condena o terrorismo e as guerras. Garzón, que chegou hoje à capital gaúcha cercado de agentes federais e seguranças privados contratados pela prefeitura da capital gaúcha, lembrou que "a técnica de integrar eventos fora da Espanha é muito conhecida do ETA, que se aproveita do desconhecimento e tenta passar o conceito de um conflito com o Estado espanhol". O juiz, que ganhou notoriedade internacional ao atuar em casos como da condenação do ex-presidente Augusto Pinochet por crime contra a humanidade, admite que por muito tempo o ETA teve sucesso nessas investidas, "mas a realidade provou ser falsa". O magistrado se refere ao histórico de crimes e seqüestros com mortes atribuídas ao grupo extremista basco. Baltasar Garzón, que apresenta amanhã a conferência Globalização, Corrupção e Crime Organizado no último dia do Fórum de Autoridades Locais (FAL), que antecede o FSM, considerou positiva a posição dos organizadores do Fórum Social que "coloca os grupos em seu devido lugar".
Redação Terra
mais notícias
|