Bové diz que polícia o elegeu "personagem de Porto Alegre"
Segunda, 28 de janeiro de 2002, 21h28
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Ativista (à esquerda) encontrou João
Pedro Stédile, do MST (Foto: Reuters)
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O líder francês antiglobalização José Bové, que chegou hoje a Porto Alegre para participar do II Fórum Social Mundial, afirmou que nunca quis ser o personagem do evento, mas que apesar disso foi o escolhido pela polícia. Bové se transformou no destaque da primeira edição do evento, em 2001, quando participou de uma invasão de um laboratório da empresa norte-americana Monsanto, especializada em biotecnologia, numa fazenda em Não-Me-Toque, a cerca de 300 quilômetros da capital gaúcha."Eu não escolhi o que aconteceu no ano passado", disse Bové. "Foi a polícia brasileira que me escolheu. Não estava só. Havia cerca de 2 mil (agricultores) na Monsanto e não foram detidos", disse. "O que está ocorrendo é que existem pessoas que encarnam o movimento, isso permite falar mais, eu sempre falo em nome da Via Campesina, que hoje é reconhecida como a primeira confederação de camponeses", acrescentou. Exibindo seus longos bigodes e fumando cachimbo, Bové não informou seus planos para os próximos dias. "Primeiro faremos uma ampla reunião da Via Campesina", declarou o francês. Bové, que participa do fórum como observador, elogiou os movimentos sociais antiglobalização, ao considerar que tem se fortalecido nos últimos anos, além de destacar a importância deste encontro para a coordenação de movimentos para contrários "à mercantilização do mundo". A ser perguntado sobre a violência durante a última reunião do G-8 em Gênova (Itália), em julho passado, quando um manifestante foi morto durante um confronto com a polícia, Bové afirmou: "O problema não foi os manifestantes, o problema foi Benito Berlusconi (primeiro-ministro italiano) com sua polícia fascista. Foi a polícia armada italiana com um governante neo-fascista que organizou isso". A Polícial Federal já alertou que este ano "estará atenta" aos atos de Bové no Brasil para evitar o que ocorreu no ano passado, além de tomar "todas as medidas" a seu alcance caso o ativista passe dos limites.
AFP
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