Mario Soares defende uma globalização mais humana

Segunda, 28 de janeiro de 2002, 19h44

O ex-presidente português, Mario Soares, disse, hoje, em Porto Alegre que a exclusão social é o maior problema do mundo atual. Soares, 79 anos e deputado do Partido Socialista (PSI) no parlamento português, defendeu uma globalização mais humana, que combine a busca de riquezas com preocupação social e desenvolvimento sustentável sem agressão ao meio ambiente. "Se for esse o modelo, a inclusão social é fácil". Soares faz a palestra de abertura na noite de hoje do 2º Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social, que vai até quarta-feira na capital gaúcha. Presidente da Fundação Mario Soares e ligado a uma instituição de estudos sobre os problemas na África, Soares argumentou que a globalização possível teria de prever justiça social. O ex-presidente disse que o modelo dominante só resultou em mais pobreza e concentração de renda. A retórica do socialista indica que a mudança começa com o diálogo entre os dois lados, pobres e ricos. "Mas há interesses diferenciados. Corporações e grupos que acumulam fortunas e outros que não têm nada". A saída, para Soares, é a mobilização da opinião pública. "Não podemos colocar bomba, porque somos contra o terrorismo. Temos de fazer manifestações de vontade que se imponham. A Internet é um importante aliado. As pessoas têm de ser convencidas". A aposta do ex-presidente português é na força de "uma consciência das pessoas" como uma arma para erradicar a pobreza. A participação em organizações e grupos que atuem por setores, como defesa dos direitos dos presos, pode formar um grande movimento de opinião pública capaz de ter influência o mundo, exemplifica o hoje parlamentar socialista. Na entrevista no final da tarde de hoje em Porto Alegre, Mario Soares também condenou a campanha norte-americana no Afeganistão. A ação, na caça aos integrantes da rede de Osama Bin Laden, foi considerada abusiva. "Retaliação não tem nada a ver com justiça", criticou Soares. O tratamento dispensado aos prisioneiros do Talibã e da Al-Qaeda, na base de Guantánamo, foi criticada. "Terroristas são criminosos e, portanto, têm direito a advogado também". Outra guerra, não sacramenada no Oriente Médio, foi alvo de um alerta do socialista. A prevenção de uma guerra religiosa, depende do reconhecimento, por exemplo, do Estado palestino. O ex-presidente português disse que Israel está cometendo terrorismo de estado. "Não tem outro nome para os bombardeios feitos nos territórios palestinos".
Redação Terra
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