O mundo depois de 11 de setembro será tema dominante

Sexta, 25 de janeiro de 2002, 13h03

O estado do mundo depois dos atentados de 11 de setembro nos EUA será o tema dominante do II Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre (Brasil), que se tornou o maior evento internacional de resistência à globalização e que abordará também temas chaves como a crise argentina e a paz. Embora a condenação aos ataques terroristas seja clara entre as organizações que participam no Fórum (entre os dias 31 de janeiro de 5 de fevereiro), estas mesmas vozes também condenam a guerra no Afeganistão. "A luta deve ser travada contra a bomba silenciosa da fome, a pobreza e a exclusão social", expressaram os prêmios Nobel da Paz Rigoberta Menchú (Guatemala, 1992), Mairead Corrigan Maguirre (Irlanda, 1976) e Adolfo Pérez Esquivel (Argentina, 1980), em uma carta - divulgada pelo Fórum - ao secretário geral da ONU, Kofi Annan.Nesta carta, rechaçam o terrorismo, mas também "a agressão militar apoiada em 'operações humanitárias' que deixam sem teto milhares de homens, mulheres e crianças no Afeganistão". O Fórum, no qual participarão os três prêmios Nobel, é "o primeiro grande evento de movimentos sociais depois de 11 de setembro, uma conjuntura que afeta todo o mundo e que reforça nossas propostas de paz e justiça social", disse à AFP o presidente da Associação Brasileira de ONGs (Abong) e organizador do Fórum, Sérgio Haddad. Agora o lema do FSM 'Outro mundo é possível' adquire uma nova conotação: também é urgente", concluiu. O 11 de setembro "tornou nossos programas e respostas mais relevantes e urgentes, porque embora tenha ficado claro que nem bin Laden nem seus seguidores se preocuparam com a gente pobre de sua sociedade, também é claro que o terrorismo se nutre na pobreza e exclusão e acredito que isso será o central em Porto Alegre", declarou por sua parte à AFP a ativista da organização francesa Attac (Ação pela Tributação das Transações Financeiras e em Apoio aos Cidadãos) e autora do livro Informe Lugano, Susan George. Noam Chomsky, lingüista e ativista político norte-americano que caracterizou os ataques terroristas de "grandes atrocidades", opinou em entrevista por e-mail à AFP que "os poderosos e privilegiados querem utilizar a oportunidade para impulsionar sua própria agenda, com ainda maior dedicação que antes, enquanto outros devem ser submissos e silenciosos porque 'tudo mudou desde o 11 de setembro'. Mas não há razão para que os movimentos populares aceitem esta crua exploração do medo e da angústia". Vários encontros do FSM rondarão a temática da paz, como uma "Conferência da Paz" e uma "Assembléia pública mundial para debater o destino dos gastos de guerra", na qual os participantes definirão quais serão suas prioridades para dar outro destino aos "US$ 800 bilhões do mercado armamentista".
AFP
mais notícias
|