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Em final recheada de gols, França conquista bicampeonato mundial

15 jul 2018 - 14h30
(atualizado às 14h32)
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Na decisão de Copa do Mundo com maior número de gols desde 1958, eficiência da Équipe Tricolore supera valentia da Croácia. Técnico Didier Deschamps é o terceiro a ser campeão mundial como jogador e treinador.A França é bicampeã mundial de futebol. Duas décadas depois do título inédito em Paris, os Les Bleus podem estampar uma segunda estrela em seu uniforme. A Équipe Tricolore derrotou uma valente Croácia, por 4 a 2, numa final de Copa do Mundo recheada de gols, neste domingo (15/07), em Moscou. Esta foi a final com mais gols desde a decisão de 1958, que resultou no primeiro título brasileiro.

Seleção francesa iguala o número de títulos mundiais de Uruguai (1930 e 1950) e Argentina (1978 e 1986)
Seleção francesa iguala o número de títulos mundiais de Uruguai (1930 e 1950) e Argentina (1978 e 1986)
Foto: DW / Deutsche Welle

Numa partida intensa, animada e com algumas polêmicas, o melhor futebol da Croácia foi superado pela eficiência e um poderio ofensivo mais letal dos franceses. A Croácia teve mais posse de bola, maior número de finalizações e esteve muito mais presente na área adversária. Mas duas decisões discutíveis da arbitragem resultaram em duas bolas paradas para a França, que teve a proeza de marcar dois gols com apenas uma finalização no primeiro tempo: um contra de Mario Mandzukic e um de Antoine Griezmann, de pênalti.

Apesar de ter tido um dia a menos de descanso e disputado três prorrogações, a Croácia ditou um ritmo mais intenso e jogou um melhor futebol. Mas, assim como em praticamente toda a Copa do Mundo, prevaleceu a eficiência. Com quase metade do número de finalizações, a França marcou o dobro de gols: Paul Pogba e Kylian Mbappé sacramentaram o título para a França. Mundzukic deu números finais à final no Estádio Luzhniki.

Embora tenha vivido altos e baixos desde a memorável conquista contra a seleção brasileira em 1998, como as eliminações nas fases de grupo nas Copas de 2002 e 2010, a França soma com três finais mundiais e duas europeias - e três conquistas - o melhor desempenho entre todas as seleções mundo afora nas últimas duas décadas.

E a geração atual da seleção francesa é, de fato, bastante forte e promissora. A grande maioria dos 23 convocados pelo treinador Didier Deschamps atua em grandes clubes europeus - o menos renomado da Équipe Tricolore, o lateral-direito Benjamin Pavard, atualmente no Stuttgart, certamente deve receber uma enxurrada de ofertas de transferência.

Mas impressiona também o gabarito dos nomes deixados de fora da Copa do Mundo. O zagueiro Laurent Koscielny e o meia Dimitri Payet foram cortados por lesão, enquanto promessas como Aymeric Laporte e Kurt Zouma, além de atletas relevantes como Adrien Rabiot, Franck Ribéry, Anthony Martial, Kingsley Colman, Alexandre Lacazette e Karim Benzema (por distúrbios internos) não foram convocados - uma equipe forte suficientemente para dar trabalho a qualquer seleção na Rússia.

E por falar em Deschamps, o capitão da conquista de 1998 se tornou o terceiro a vencer a Copa do Mundo como jogador e treinador, após Mario Jorge Lobo Zagallo (1958 e 1962 como jogador e 1970 como técnico) e Franz Beckenbauer (1974 como jogador e 1990 como técnico).

Outro fato histórico: o atacante Kylian Mbappé se tornou o quarto jogador a jogar uma decisão de Copa do Mundo antes de completar 20 anos de idade. Assim como Mbappé, os outros três, o uruguaio Rubén Morán, em 1950, Pelé, em 1958, e o italiano Giuseppe Bergomi, em 1982, também foram campeões mundiais. Apenas ele e Pelé marcaram nas finais.

A França, que igualou o Uruguai e a Argentina no número de títulos mundiais, tem agora a missão de quebrar a sina recente de campeões mundiais que falham em superar a fase de grupos no torneio seguinte. A Copa do Mundo de 2022 será disputada no Catar entre 21 de novembro e 18 de dezembro devido ao calor excessivo do verão local.

O jogo

A Croácia entrou na partida com bastante intensidade e certa agressividade na marcação. A marcação alta gerou algumas faltas, mas também roubadas importantes de bola, principalmente pelo lado defendido pelo jovem Pavard, por onde atacava Ivan Perisic.

As investidas iniciais croatas, porém, eram barradas por aquela que provavelmente foi a melhor defesa do torneio - a França sofreu gols em apenas duas das seis partidas anteriores: três da Argentina, nas oitavas de final, e um da Austrália, na fase de grupos.

A Croácia dominava a partida, com mais toques de bola no campo de ataque. Mas aos 18 minutos, na primeira oportunidade que teve no jogo, a França abriu o marcador, depois de uma marcação de falta duvidosa do árbitro argentino Néstor Pitana. Antoine Griezmann cobrou a falta, e o herói croata da semifinal, o atacante Mario Madzukic, desviou para as próprias redes. Manduzkic é o primeiro jogador a marcar um gol contra numa final de Copa do Mundo.

Depois do gol, a Croácia aumentou a pressão e o jogo pegou fogo. Os ânimos dos jogadores em campo também ficaram mais exaltados, com ambos os lados reclamando de decisões da arbitragem. Aliás, a seleção croata saiu atrás no placar em todos os jogos do mata-mata e disputou todas as três prorrogações possíveis - uma situação a que estava habituada, portanto.

E como nas oitavas, quartas e na semifinal, a Croácia conseguiu empatar a partida. Após cobrança de falta ensaiada, o lateral Sime Vrsaljko cabeceia para o centro da grande área e Perisic dominou com um pé e fuzilou com o outro, indefensável para Hugo Lloris. A Croácia é a 13ª seleção diferente a disputar uma final de Copa do Mundo.

O jogo estava em aberto. Poucos minutos depois, após rever o lance no monitor, o árbitro marcou penalidade para a França, depois de entender que o toque de mão de Perisic não tinha sido intencional. Outra decisão questionável. Griezmann cobrou e marcou seu quarto gol nesta Copa - melhor marca de um jogador francês desde Just Fontaine, que fez 13 gols em 1958.

Este foi apenas o sexto pênalti apitado numa final de Copa. De quebra, Perisic se tornou apenas o segundo jogador a marcar um gol e causar um pênalti numa final mundial, depois do italiano Marco Materazzi em 2006. Além disso, a final da Copa do Mundo de 2018 foi a primeira a ter três gols no primeiro tempo desde 1974.

A missão da Croácia na segunda parte era historicamente descomunal. A única vez que uma seleção foi para o intervalo atrás no placar a saiu campeão mundial foi justamente na primeira Copa do Mundo, em 1930, quando Uruguai levantou o caneco.

Apesar de terem tido um dia a menos de descanso e disputado três prorrogações, os croatas não tiraram o pé do acelerador no segundo tempo. Ante Rebic, aos três minutos, obrigou Lloris a uma grande defesa. A preocupação de Deschamps ficou evidente com a substituição do melhor volante do torneio, N'Golo Kanté, que não conseguiu ser tão eficiente como em outros jogos.

A alteração surtiu efeito - a França pela primeira vez no jogo dominou o meio-campo. Aos 14 minutos, Paul Pogba fez o terceiro. Mbappé ganhou na corrida pelo lado direita, Griezmann passou para Pogba que teve seu primeiro chute bloqueado pela defesa croata, mas não perdoou no rebote.

Seis minutos depois, o tiro de misericórdia. Mbappé coroou sua bela Copa do Mundo com uma precisa finalização de fora da área e sacramentou o sonho de valentes croatas. O jovem craque é apenas o segundo jogador com menos de 20 anos a marcar numa final de Copa do Mundo. O outro, foi um certo Pelé, em 1958. Pela primeira vez desde o Brasil em 1970, uma seleção marca quatro gols numa final de Mundial.

A França já estava com a cabeça na celebração, provavelmente. Apenas isso explicaria a falha de Lloris, aos 24 minutos. O goleiro francês tentou driblar Mandzukic, que deu um leve toque para diminuir para 4 a 2. Nada que impedisse a Équipe Tricolore de presentar os franceses com a conquista do segundo título mundial, depois de ter perdido a final da Eurocopa, em casa, para Portugal.

Ficha técnica

França 4 x 2 Croácia

Local: Estádio Luzhniki, em Moscou

Arbitragem: Néstor Pitana (Argentina), auxiliado por seus compatriotas Hernán Maidana e Juan Pablo Belatti.

Gol: Mario Mandzukic (contra 18'/1T), Ivan Perisic (28'/1T), Antoine Griezmann (pen. 38'/1T), Paul Pogba (14'/2T), Kylian Mbappé (19'/2T), Mario Mandzukic (24'/2T)

Cartões amarelos: N'Golo Kanté (27'/1T), Lucas Hernández (40'/1T), Sime Vrsaljko (47'/2T)

França: Hugo Lloris; Benjamin Pavard, Raphaël Varane, Samuel Imtiti e Lucas Hernández; N'Golo Kanté (Steven Nzonzi 8'/2T) e Paul Pogba; Balise Matuidi (Corentin Tolisso 28'/2T), Antoine Griezmann e Kylian Mbappé; Olivier Giroud (Nabil Fekir 35'/2T). Técnico: Didier Deschamps.

Croácia: Danijel Subasic; Sime Vrsaljko, Dejan Lovren, Domagoj Vida e Ivan Strinic (Marko Pjaca 36'/2T); Marcelo Brozovic e Ivan Rakitic; Ante Rebic (Andrej Kramaric 26'/2T), Luka Modric e Ivan Perisic; Mario Mandzukic. Técnico: Zlatko Dalic.

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