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Dono de grupo líder em idiomas tem formação em computação

16 set 2012 - 12h08
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Aplicar na bolsa de valores é um investimento mais ou menos arriscado conforme o quanto de informações o investidor tem. Quanto mais às cegas se investe, mais arriscado o negócio se torna. Pensar, portanto, em um sujeito que, em 1987, abria um negócio do qual não entendia absolutamente nada, em um mercado incipiente no Brasil, desenha a crônica da morte anunciada, especialmente no contexto daquele tempo de reconstrução política e grande instabilidade econômica no Brasil - com a inflação batendo em mais de 60% ao mês.

"Quando me formei nos Estados Unidos naquele ano, minha intenção era fazer carreira como executivo, seguir a escalada corporativa. Acontece que certo dia um colega pediu para que eu desse aulas de inglês à noite e, de repente, algo que era só um complemento à renda foi tomando conta até o momento em que aquela renda era maior que a minha primeira fonte", diz o personagem da história acima.

Foi assim que, mesmo no cenário econômico e social mais adverso, Carlos Martins, um cientista da computação sem nenhum estudo em pedagogia, linguística ou métodos de ensino, montou a primeira escola Wizard, que viria a ser a primeira de um grupo líder no mercado de ensino de idiomas.

A partir daí, Martins e sua esposa, Vânia, decidiram que só ter uma escola não era suficiente. Com a fundação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a ideia de criar um sistema de franquias para a Wizard foi se desenvolvendo e, finalmente, Carlos foi atrás de entender como essa rede funcionaria, acompanhando eventos e palestras sobre o assunto.

Como já existia a oferta de outras escolas de inglês no país, para consolidar essa nova marca o diferencial precisava sair do método. E a metodologia não ortodoxa de aprendizado já acompanhava Martins. Ele mesmo havia aprendido o idioma bretão a partir de aulas dadas por monges que frequentavam sua casa no interior de São Paulo. "Nunca estudei pedagogia, linguística, educação ou qualquer curso a ver com ensino. Mas em algum momento eu tive que parar para escrever a lição 1 do livro 1. Hoje temos mais de 300 títulos entre livros, manuais e eu fiz todo esse desenvolvimento sem nunca ter tido aula sobre isso, sobre metodologia. Deve ter sido algum dom, vocação ou talento que eu consegui desenvolver", conta o empresário.

A partir de um modo mais rápido de aprender inglês, com 100 frases por aula e enfoque em desenvolvimento da fala - o que era bem diferente da ênfase em gramática que se dava nas escolas da época -, a empresa foi crescendo - até 2001, apenas com a marca Wizard.

Depois de quatro anos de vida da Alps, segunda marca do que hoje é o grupo Multi Holding, os filhos de Carlos, Charles e Lincon, voltaram dos estudos nos Estados Unidos com uma ideia. "Eles diziam 'pai, esse negócio de ensino é muito maior do que você pode imaginar'. Na minha visão modesta da época, falei que não precisava, que a Wizard era líder de mercado e eu estava confortável", conta. Foi a insistência dos filhos para um olhar mais estratégico e o alerta de que grupos estrangeiros logo veriam o potencial do mercado de ensino brasileiro que fez com que Martins começasse a comprar outras marcas.

Os meninos, de fato, foram visionários. Atualmente o segundo grupo em escolas de idiomas no Brasil é comandado por uma holding estrangeira. "Hoje nós respeitamos a marca, a metodologia, o espírito. Identificamos o público consumidor que se identifica com certo modelo de ensino e temos, como um cardápio de restaurante: massa, carne, peixes, salada. A partir do momento em que o cliente é soberano e tem escolha, ele pode optar por várias marcas do grupo", explica.

Um olho no aluno, outro no investidor

O objetivo não é só contemplar todos os públicos de alunos, mas também, todos os tipos de investidores. Segundo Martins, o grupo tem hoje opções para quem quer abrir uma filial de escola gastando de R$ 5 mil até R$ 500 mil.

Além das escolas de idiomas Wizard, Alps, Skill, People, Quatrum e Yázigi, a Multi Holding também mantém escolas profissionalizantes, como a SOS, Bit Company, Microlins e Smartz. Essas 10 marcas somadas têm, ao todo, 3 mil escolas, e há pelo menos uma escola franqueada em cada estado brasileiro.

Apesar do ar ainda professoral e da fala didática, Carlos Martins não frequenta muito as salas de aula. Prefere suprir essa vontade com as palestras e reuniões do grupo que acontecem mensalmente. Ele também dá vazão à vontade de ensinar escrevendo livros para motivar outros futuros empresários a ser um profissional de sucesso. Apesar de falar muito do fator oportunidade, Carlos atribui o seu sucesso também a outro fator. "Sou uma pessoa que acredita muito em Deus. Ele não nos dá riqueza, mas nos dá talento, saúde, energia, inspiração para trabalharmos. E, através do próprio trabalho, cada um pode buscar seus objetivos".

Com o Banco Itaú vieram R$ 200 milhões para iniciar a abertura de capital do grupo, negócio que ele enxerga como bem menos arriscado do que aquele feito 25 anos atrás, já que agora tem muito mais conhecimento e confiança no mercado. "Costumo dizer que o sucesso acontece quando a preparação encontra uma oportunidade. De alguma forma, comecei a minha preparação atrás, quando decidi estudar nos Estados Unidos. Contam ainda o fato de ter voltado para o Brasil e ter ocupado o sistema de franchising, além de expandir pela aquisição. E muitas vezes o empreendedor tem o projeto, mas não tem o apoio em casa", relata Martins, tentando explicar o que faz dele detentor de 30% do mercado em que atua e prestes a expandir ainda mais.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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