PUBLICIDADE

Coronavírus

Explosão de casos de dengue faz municípios de SP reativarem estruturas usadas no combate à covid

Doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti já provocou 77 óbitos no Estado este ano

5 mai 2022 - 18h54
(atualizado em 9/5/2022 às 16h30)
Compartilhar
Exibir comentários

SOROCABA - O crescimento nos casos de dengue já levou ao menos quatro prefeituras do interior de São Paulo a reativarem estruturas montadas durante a pandemia de covid-19, agora para atender pacientes com a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado, São Paulo registrou, até segunda-feira, 107,4 mil casos de dengue e 77 óbitos. Os números já superam os do mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 104 mil casos de dengue e 41 mortes.

Em Araraquara, com mais de 5,4 mil casos confirmados e dez mortes causadas pela doença, a prefeitura reativou o antigo hospital de campanha da covid-19, transformado no Centro de Atendimento de Dengue. A cidade registrou 150 casos em janeiro, 701 em fevereiro e 3.063 em março. No mês de abril, o número de casos caiu para 1.509, mas aconteceram cinco mortes em um período de três semanas.

Agentes fazem visita às casas para vistoriar criadouros do mosquito Aedes aegypti, em Araraquara
Agentes fazem visita às casas para vistoriar criadouros do mosquito Aedes aegypti, em Araraquara
Foto: Prefeitura de Araraquara / Divulgação / Estadão

Os moradores temem que se repita a epidemia de 2019, quando Araraquara teve 23.134 pessoas infectadas por dengue. Em 2020, foram 231 casos e no ano passado, 396. A prefeitura informou que o centro exclusivo para dengue funciona diariamente, inclusive aos fins de semana e feriados, com horário estendido das 7 às 21 horas. A UPA da Vila Xavier, que desde o início da pandemia passou a atender só casos de covid-19, já retomou o atendimento a outras patologias, inclusive a dengue.

Durante a pandemia, Araraquara foi uma das primeiras cidades do País a adotar um lockdown rigoroso para controlar o novo coronavírus. A medida levou a uma queda expressiva no número de casos e mortes. Agora, os hospitais voltam a ficar com alta ocupação devido à dengue. De acordo com a prefeitura, as medidas de combate ao Aedes foram intensificadas com fumacê e visita de agentes de casa em casa, a fim de retirar criadouros.

Em Dracena, no oeste paulista, o Centro Municipal de Atendimento à Covid (Cemac) passou a atender pessoas com sintomas de dengue. Conforme a secretária de saúde e higiene pública Cláudia Luginick, o serviço foi redirecionado devido à queda nos números de covid-19 e à alta demanda de casos de dengue. A cidade de 47 mil habitantes já registrou 925 casos da doença. O município está instalado 700 armadilhas em pontos críticos para capturar e neutralizar o mosquito.

Desde março, o Hospital Dia do Complexo Pró-Saúde, que foi referência para o tratamento de pacientes com covid-19 em São José do Rio Preto, passou a abrigar o Centro de Hidratação para tratamento da dengue. O serviço conta com 35 leitos e tem o objetivo de apoiar a rede de saúde no acompanhamento de casos suspeitos de dengue para controle de hemograma e hidratação. Boletim da última segunda-feira, 2, confirmou 4.850 casos de dengue na cidade, que tem ainda 3.498 casos em investigação. Quatro pessoas morreram com a doença.

Em Américo Brasiliense, o Hospital Municipal José Nigro Neto agora tem uma ala exclusiva para atender pacientes infectados ou com suspeita de dengue, já que diversos moradores precisam de hidratação, segundo a prefeitura. Conforme a diretora do departamento de saúde, Eliana Marsili, os casos estão crescendo cada dia mais e pressionam os serviços de saúde. Na segunda-feira, a cidade registrou a primeira morte por dengue no ano, de uma paciente idosa de 76 anos.

Já a prefeitura de Garça passou a usar o sistema de videomonitoramento da cidade para flagrar descartes irregulares de lixo e entulho, como medida de enfrentamento à dengue. Durante a pandemia, o sistema serviu para flagrar desrespeito às normas sanitárias, como pessoas sem máscara e aglomerações. A cidade tem mais de mil casos confirmados e registrou uma morte por dengue. Quem for flagrado jogando lixo será multado com base nas imagens.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti é uma tarefa contínua e coletiva e que as principais medidas de prevenção consistem em eliminar todos os possíveis criadouros do mosquito. Ainda segundo a pasta, conforme diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS), o trabalho de campo para combate ao mosquito transmissor de dengue compete primordialmente aos municípios.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade