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Governo diz que queimadas diminuíram, mas não mostra números

Presidente enviou Forças Armadas para a região com objetivo de combater os incêndios

29 ago 2019 - 08h11
(atualizado às 08h41)
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O governo federal apresentou nesta quarta-feira (28) dois mapas de calor para dizer que as queimadas na Amazônia reduziram entre os dias 25 e 27 de agosto, mas não apresentou números comparativos de focos de incêndio para comprovar a redução. A justificativa foi que o prazo para a comparação é pequeno.

Os mapas apresentados são produzidos pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), subordinado ao Ministério da Defesa. Segundo o ministro, Fernando Azevedo e Silva, a situação na região está "sob controle".

Rondônia e Pará concentram principais focos de queimada
Rondônia e Pará concentram principais focos de queimada
Foto: ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL - 28/11/2013 / Estadão Conteúdo

"Os focos diminuíram bastante", disse Ralph Dias da Silveira Costa, subchefe de operações do Estado Maior no conjunto das Forças Armadas no Ministério da Defesa, ressalvando que é preciso um pouco mais de tempo para que esses dados possam ser considerados "seguros" para comparações.

De acordo com as imagens, Rondônia e Pará concentram, até então, os dois principais focos de queimada. Em Rondônia, os maiores problemas estão na região de Guajará-Mirim, Jacundá e na reserva indígena Tenharim Marmelos. No Pará, o fogo está mais distribuído, mas o comando de atuação está concentrado em Altamira.

Na última sexta-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto autorizando o envio de tropas das Forças Armadas à região para combater a queimadas na Amazônia Legal. Todos os estados da região já pediram ajuda dos militares.

"De um modo geral, hoje, eu considerei positivo tudo o que a gente conseguiu fazer, com o período de mobilização que nós tivemos, com o tamanho da área que nós estamos tratando, da Amazônia Legal, eu acho que o balanço é positivo", afirmou Ralph Dias.

Representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na coletiva, Gabriel Zacharias disse que ainda não é possível apresentar um número preciso da diminuição nos focos de incêndio.

Em frente ao fogo, brigadista conversa com colegas
Em frente ao fogo, brigadista conversa com colegas
Foto: Gabriela Biló / Estadão Conteúdo

"Para deixar bem claro, eu posso chegar para vocês e informar que do dia 23 para o dia 24, nós caímos de 443 focos de calor, em Rondônia, para 24. E a interpretação vai ser uma. Ou posso falar que do dia 22 para o dia 23, nós saímos de 62 para 440. Então, essa análise dia a dia dos focos de calor, numericamente, que é o satélite de referência, ele não traz para a gente um índice real. Então, estamos trabalhando, ao final de um período de uma semana da operação, totalmente implementada, vamos ter um primeiro resultado", afirmou Zacharias.

Zacharias afirmou que condições climáticas, como a presença de uma grande nuvem na região, podem interferir no aferimento de focos de calor.

Emprego de militares

As Forças Armadas já mobilizaram mais de 3.500 homens do Exército, Marinha e da Aeronáutica para trabalhar no combate ao fogo na região amazônica, desde o último sábado, quando foi deflagrada a Operação Verde Brasil, que reúne as Forças Armadas e vários órgãos. De acordo com o governo, nas operações realizadas entre estas terça, 27, e quarta-feira, 28, foram deslocados 964 militares, 48 brigadistas e 74 viaturas para atuar nas áreas sob responsabilidade do Comando Militar da Amazônia, que engloba os estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima.

Nesse mesmo período, no Comando Militar do Norte - que abrange os estados do Pará, Tocantins, Maranhão e Amapá - foram empregados 2,6 mil militares e 300 brigadistas, além de 131 viaturas.

Ao todo, nos dois dias, foram utilizadas 18 aeronaves, entre aviões das Forças Armadas e do Ibama e do ICMBio. Há, ainda, homens da Força Nacional da Polícia Federal e de outros órgãos locais.

O Ministério da Defesa informou que, ao todo, as Forças Armadas dispõem de um efetivo de 43 mil militares lotados nos estados da Amazônia Legal, e que somente uma parte desse contingente está sendo utilizada diretamente no combate às chamas. Onze aeronaves estão sendo empregadas, sendo seis das Forças Armadas e cinco do Ibama.

Ajuda internacional

Pelo menos quatro países ofereceram ajuda formal ao Brasil para o combate ao fogo na Amazônia: Chile, Equador, Estados Unidos e Israel. O Chile ofereceu três aeronaves e equipes especializadas em atuação em área florestal, além de um helicóptero. O Equador, 30 especialistas em combate a incêndios florestais. Os Estados Unidos, duas aeronaves de combate a incêndio e uma para transporte de pessoal. E Israel, 100 metros cúbicos de agente químico retardante de chamas para combate a incêndios.

Além disso, nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores informou que o Reino Unido doará 10 milhões de libras, o equivalente a R$ 51 milhões.

Sobre a ação chamada "Dia do Fogo", que está sendo investigada pela Polícia Federal, quando um grupo teria combinado incendiar a floresta, às margens da BR-163, rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e de Mato Grosso, conforme denunciou o próprio presidente Jair Bolsonaro, o governo informou que o fato está sob investigação sigilosa.

"São operações de inteligência e com certo grau de sigilo. O combate aos crimes será trabalhado ao longo do tempo. A GLO (Garantia da Lei e da Ordem) tem um período de validade e é nesse período que tentaremos fazer este planejamento", comentou o almirante.

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