PUBLICIDADE

Nacionalistas no Parlamento Europeu podem favorecer Brasil

Avaliação é de Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores do País.

23 mai 2019 - 16h38
(atualizado às 16h56)
Compartilhar
Exibir comentários

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira em entrevista em Paris que uma eventual vitória de forças nacionalistas na eleição para o Parlamento Europeu pode ser favorável para o Brasil pela proximidade na visão política do governo brasileiro com esses movimentos.

Questionado se a ascensão desses partidos no Parlamento Europeu não terminaria, ao contrário, por prejudicar os interesses brasileiros, já que eles tendem a ser mais economicamente protecionistas, Araújo disse que a "proximidade de ideias" pode compensar.

Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante entrevista coletiva no Itamaraty, em  Brasília
30/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante entrevista coletiva no Itamaraty, em Brasília 30/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"A gente pode imaginar, realmente, um cenário onde você tenha um pouco mais de dimensão de proteção, talvez na agricultura. Mas, ao mesmo tempo, talvez uma maior proximidade de ideias, de visão de mundo, pode compensar ou até mais que compensar essas outras questões", explicou a jornalistas na capital francesa.

As eleições europeias, que começam nesta quinta com votações no Reino Unido e na Irlanda, vão escolher 751 membros do Parlamento. As projeções dos centros de pesquisa apontam que a direita pode chegar a quase um terço dos assentos, sendo que os partidos de extrema-direita podem mais do que dobrar.

Desde a eleição de Bolsonaro, o governo brasileiro vem cultivando relações com governos como da Itália, Hungria e Polônia, hoje nas mãos de partidos de extrema-direita. O próprio ministro fez um tour pelos três países e o presidente Jair Bolsonaro planeja uma visita no segundo semestre.

Apesar das boas relações, a Polônia é um dos países, por exemplo, que tem dificultado o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, no qual o Brasil tem investido anos de esforços diplomáticos.

Questionado se torcia por uma vitória dos conservadores, o chanceler disse que não era "uma questão de torcer", mas que considera um movimento natural de povos querendo recuperar sua identidade e valorizar sua cultura, e que o Brasil é parte desta "tendência".

"Então eu acho que se houver realmente uma confirmação dessa tendência é algo que talvez facilite vários aspectos da nossa relação com os países europeus, que já é uma relação excelente, como todo mundo sabe. Mas claro, como eu dizia, se você tem essa base de visão de mundo, isso permite começar a pensar em determinadas iniciativas que, de repente, antes você não pensava", defendeu.

"Eu acho que sempre você tem uma boa relação política com base em ideias compartilhadas é sempre favorável. E eu acho que sempre é mais fácil traduzir isso em instrumentos concretos na área econômica e em outras áreas."

MERCOSUL-UE

Apesar dessa visão positiva sobre o futuro europeu, o Brasil teve uma má notícia no front das negociações do acordo comercial com a União Europeia. O governo francês divulgou um comunicado dizendo que "não ratificará nenhum acordo que prejudique os interesses dos agricultores e consumidores franceses, as exigências de qualidade sanitária e alimentar dos standards europeus, e a nossos engajamentos ambientais no Acordo de Paris".

Araújo, no entanto, minimizou. Lembrou que a França sempre foi um dos países que mais se opôs ao acordo e que outros países, como Alemanha e Itália querem uma conclusão em breve das negociações.

"É importante mencionar que no caso do Mercosul, e muito especificamente do Brasil, nesses últimos meses temos feito grandes esforços para renovar nossas posições e atualizá-las de uma maneira que permitam a conclusão do acordo. Esperamos o mesmo tipo de esforço da parte europeia", afirmou.

A última rodada de negociações, no início deste mês, não teve grandes avanços. No entanto, o ministro disse acreditar que mais uma rodada e uma reunião de ministros seria suficiente para chegar a um bom termo.

"Acho que cabe ao conjunto dos países europeus fazer um balanço do valor estratégico como todo em função dos sacrifícios. Estamos fazendo esse balanço também no Brasil e no Mercosul", disse o ministro.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade