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Rio e SP têm longas filas para vacinação contra febre amarela

17 jan 2018 - 17h42
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Em São Paulo e no Rio, espera dos moradores em postos de saúde pode durar várias horas. Número de mortes pela doença no Sudeste já chega a 29, com 15 delas em Minas Gerais.O alerta ligado em São Paulo pelas mortes decorrentes de febre amarela no início deste mês começa a se estender para outros estados do Sudeste. Até esta quarta-feira (17/01), a região registrava 42 casos confirmados da doença, tendo 29 resultado em óbito nas primeiras semanas do ano.

Pessoas aguardam para ser vacinadas em São Paulo, onde espera pode chegar a nove horas
Pessoas aguardam para ser vacinadas em São Paulo, onde espera pode chegar a nove horas
Foto: DW / Deutsche Welle

Em apenas dois dias, o número de casos identificados pela Secretaria Estadual da Saúde de Minas Gerais quase dobrou, tendo saltado de 12 para 22. Já o número de mortes decorrentes da infecção pelo vírus subiu de 11 para 15. Segundo a secretaria, das 15 mortes, 11 ocorreram na área metropolitana de Belo Horizonte, das quais cinco em Nova Lima, o município mais afetado em todo o Brasil.

São Paulo teve 16 casos confirmados em duas semanas, de 2 a 16 de janeiro, com 11 óbitos decorrentes da doença. No Rio de Janeiro, a primeira morte por febre amarela foi registrada na sexta-feira passada. Desde então, quatro novos casos foram identificados, e o número de mortes chegou a três. Os casos foram registrados em Valença, no centro-sul do estado, e em Teresópolis, na região serrana.

Todos os casos são de febre amarela silvestre, de pessoas que residem ou estiveram em regiões rurais desses estados por motivos de trabalho e lazer. O Brasil não registra contaminação urbana da doença desde 1942.

Apesar da elevação do número de casos e óbitos na região Sudeste, o Ministério da Saúde ainda não trabalha com um quadro de surto. O médico epidemiologista Pedro Luiz Tauil, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), também refuta a classificação da situação atual como surto.

"O que tivemos no ano passado foi uma epidemia, pois o surto acontece de forma localizada, e vários estados tiveram um número de casos muito acima da média. O que se observa agora é apenas o caráter sazonal da doença. Já era esperado que houvesse um aumento de dezembro a junho. Entretanto, muitas pessoas se vacinaram no ano passado, e a tendência é de que o alcance do vírus seja bastante reduzido", explicou.

São Paulo

Nesta terça-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, antecipou em uma semana o início da oferta de doses fracionadas da vacina contra a febre amarela no estado, para o dia 29 de janeiro. A campanha irá se estender até 17 de fevereiro.

Alckmin também disse que conseguiu o envio de 1 milhão de doses extras para São Paulo junto ao Ministério da Saúde. A vacina fracionada será oferecida em 54 municípios do estado, e a meta é imunizar mais de 7 milhões de pessoas, sendo 2,5 milhões somente na capital.

Parte da população tem buscado se vacinar antes que os postos de saúde comecem a oferecer a dose reduzida. Por isso, longas filas têm se formado nas unidades. A espera para ser vacinado, na capital do estado, pode chegar a até nove horas.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, as filas para a vacinação também foram longas nesta quarta-feira (17/01). Em alguns locais, a espera chegava a três horas. Nos postos de saúde é oferecida uma quantidade limitada de senhas por dia (de 120 a 500), e muitas pessoas que esperam horas na fila acabam voltando para casa sem terem sido vacinadas.

Somente nesta segunda-feira, 26 mil pessoas se vacinaram nos 232 postos de saúde, de acordo com balanço divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde. O número supera em 10 mil o total de imunizações feito em todo o mês de dezembro na cidade. Segundo a Secretaria da Saúde, o estado tem 6,7 milhões de doses em estoque, e 46% da população já foi vacinada.

A Secretaria Estadual da Saúde comunicou que a dose fracionada só será oferecida nos 15 municípios selecionados entre 19 de fevereiro e 9 de março. Com a sobrecarga do sistema público, algumas das principais clínicas privadas de vacinação do Rio, de São Paulo e da Bahia estão com o produto em falta, mesmo com o preço da dose em torno de R$ 170.

No dia 27 deste mês irá acontecer o "Dia D de vacinação contra a febre amarela", um mutirão em todos os 92 municípios do Rio. Nessa data, a vacina também estará disponível em Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento e nos quartéis do Corpo de Bombeiros. Até agora, 46% do público-alvo da campanha foi vacinado.

Caso "importado" na Bahia

Embora registre o maior número de casos identificados da doença neste ano e tenha sido o estado mais afetado pelo surto do ano passado, Minas Gerais não receberá doses fracionadas da vacina. O estado conta com um índice de vacinação de 82%.

Na Bahia, houve a primeira morte por febre amarela no estado desde o ano 2000. Porém, trata-se de um caso "importado", já que a vítima era um homem de 49 anos que morava em Taboão da Serra, em São Paulo. Ele passava as férias no município de Itaberaba.

Além disso, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador reforçou a vacinação contra a doença após a morte de 12 macacos com suspeita da doença nos 15 primeiros dias do ano.

O Ministério da Saúde espera vacinar 19,7 milhões de pessoas em 76 municípios do Rio, São Paulo e Bahia entre fevereiro e março. Desse total, 15 milhões receberão doses fracionadas, e as outras 4,7 milhões, doses normais da vacina.

A vacina integral precisa ser tomada apenas uma vez na vida. A dose fracionada tem período de cobertura de 8 anos.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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