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Política

Na briga com bolsonaristas por vice de Nunes, Milton Leite quer ser cacique nacional do União Brasil

Presidente da Câmara dos Vereadores de SP é citado também como possível candidato ao Senado em 2026; ele diz que já tem cargo na legenda e que é cedo para falar do pleito nacional

24 mai 2024 - 09h40
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Atualmente na briga com bolsonaristas para ser indicado ao cargo de vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral de outubro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), almeja voos maiores para o futuro. Um dos nomes mais influentes da política paulistana, ele quer ampliar seu poder e tornar-se um articulador nacional do União Brasil. O movimento, segundo aliados, passaria por mais espaço no partido e também por um cargo eletivo em Brasília a partir de 2026. A possibilidade mais citada é o Senado Federal.

Na Câmara desde 1997, Leite tem repetido nos últimos meses que não vai disputar o oitavo mandato como vereador e que seu objetivo na próxima eleição é ser vice do emedebista, mas a possibilidade é considerada remota neste momento. A vaga foi prometida ao PL e a indicação precisa ser aprovada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O nome preferido de Bolsonaro é o do ex-comandante da Rota, coronel Mello Araújo, mas o ex-presidente já disse à vereadora Sonaira Fernandes (PL) para ficar de prontidão. Também estão no páreo a vereadora Rute Costa (PL), a delegada Raquel Galinatti (PL), o secretário Aldo Rebelo (MDB) e o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos).

"O Milton seria um bom nome, conhece a cidade, conhece a Câmara, mas depende de uma construção partidária entre os partidos da base", diz Isac Félix, líder do PL no Legislativo municipal, acrescentando que um dos objetivos do presidente da Câmara é aumentar a atividade no partido "Ele quer ser dirigente partidário a nível de Valdemar (Costa Neto, presidente do PL), de (Gilberto) Kassab, de Antônio Carlos Rodrigues".

Milton Leite é apontado como uma espécie de sucessor de Rodrigues no Palácio Anchieta. O deputado federal foi presidente do antigo PR (atual PL), senador, ministro do governo Dilma Rousseff e presidente da Câmara Municipal da capital paulista por quatro anos.

Só foi ultrapassado pelo próprio Leite, que chegará ao total de seis anos como presidente ao final de 2024: após um mandato entre 2017 e 2018, ele está desde 2021 no comando da Casa. Para isso, alterou a Lei Orgânica duas vezes acabando com o limite de reeleições. Até então, a tradição era que os presidentes fossem reeleitos somente uma vez, totalizando dois anos na Presidência.

A tendência é que a Família Leite, como o clã é conhecido na Zona Sul, cresça na próxima eleição: além dos filhos Alexandre Leite (União), deputado federal, e Milton Leite Filho (União), deputado estadual, o presidente da Câmara de SP lançou assessores como pré-candidatos a vereador: Silvão Leite, seu chefe de gabinete que pegou o sobrenome "emprestado", e Silvinho Ricardo, chefe de gabinete na Subprefeitura de M'Boi Mirim, um dos redutos de Milton Leite.

Ao Estadão, Antônio Carlos Rodrigues diz que a pretensão do "amigo" e "parceiro" é mesmo se tornar articulador na política nacional. "Ele tem um filho federal e um filho estadual. Para ele, só caberia o Senado", afirmou. "Mas muita água ainda vai rolar neste período".

O deputado defende que Leite seja vice tanto de Nunes quanto do que chama de "outro lado", em referência a uma sinalização de alas do PL e do União Brasil que levantaram a possibilidade de romper com o atual prefeito e lançar ou apoiar outro candidato, como Pablo Marçal (PRTB). Questionado, Leite é taxativo: "Tenho compromisso com o prefeito Ricardo Nunes".

Ele, porém, desconversa ao falar sobre o Senado. "A eleição atual ainda é algo distante, muito mais distante está 2026 para falar sobre qualquer tipo de candidatura", diz.

Segundo aliados de Bolsonaro, o movimento para romper com Nunes não conta com o endosso do ex-presidente. "Vejo notícias plantadas por negociantes de plantão que querem, com elas, praticamente chantagear/extorquir cargos, espaços e verbas do prefeito", escreveu Ricardo Salles na rede social X. Ele teve que abrir mão da própria pré-candidatura para o PL apoiar a reeleição do prefeito.

Além do peso do PL e dos bolsonaristas, a Operação Fim da Linha também teria enfraquecido o pleito de Milton Leite para ser vice de Nunes. A operação mirou empresas de ônibus que atuam no transporte público de São Paulo e teriam ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Leite foi listado como testemunha pelo Ministério Público na investigação contra os dirigentes da Transwolff, que teria recebido R$ 54 milhões da organização criminosa. A Promotoria não detalhou as razões pelas quais quer ouvir o presidente da Câmara.

"Não comento ilações. Tenho 30 anos de vida pública sem nenhum tipo de processo. O fato é que, até agora, não recebi nenhum contato do Ministério Público para depor como testemunha", afirmou Milton Leite.

Estadão
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