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Política

Morre Fuad Noman, prefeito de BH que fez carreira em governos tucanos, aos 77 anos

Economista, que abraçou a vida política depois de anos na área técnica, atuou na gestão federal de Fernando Henrique Cardoso e nos governos mineiros de Aécio Neves e Antonio Anastasia; ele deixa a esposa, dois filhos e quatro netos

26 mar 2025 - 12h08
(atualizado às 21h08)
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Morreu nesta quarta-feira, 26, aos 77 anos, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Jorge Noman Filho (1947-2025). Ele estava internado há 82 dias. A informação foi confirmada pela Prefeitura de Belo Horizonte (veja a nota no final do texto).

Economista e servidor de carreira do Banco Central, atuou em governos do PSDB e integrou a equipe do Ministério da Fazenda que implementou o Plano Real. Foi secretário dos governos tucanos de Aécio Neves e Antonio Anastasia em Minas Gerais, mas era um nome pouco conhecido dos belo-horizontinos até ser eleito vice-prefeito em 2020, ascender à chefia do Executivo durante o mandato e se reeleger no ano passado.

Com família de origem síria, Fuad nasceu no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital mineira, mas passou a infância e a adolescência no vizinho Padre Eustáquio. Católico, era devoto do sacerdote que foi beatificado pela Igreja em 2006 por ter curado o câncer de um colega.

As complicações, porém, não tardaram a aparecer. Ele foi internado quatro vezes desde que venceu o pleito, pelos mais diversos motivos: dores nas pernas, pneumonia, sinusite, sangramento intestinal, diarreia e, por último, insuficiência respiratória. Não conseguiu ir à própria diplomação, tomou posse de forma remota no dia 1º de janeiro e seu discurso teve que ser lido pelo vice-prefeito, Álvaro Damião (União Brasil), que assume definitivamente o comando da Prefeitura, posto que ocupava interinamente desde que Fuad se licenciou do cargo no dia 3 de janeiro por causa da internação.

Ele morreu após uma parada cardiorrespiratória, em meio ao tratamento das sequelas em razão do câncer.

De trato cordial e fala mansa, Fuad Noman tinha como marca registrada o uso do suspensório. Dizia que o acessório, do qual possuía uma coleção com cerca de 50 peças, é mais confortável por apertar menos a barriga do que o cinto. Gostava de contar histórias, principalmente as vividas no Banco Central e de quando morou com a família em Cabo Verde, onde atuou como consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para estabilizar a economia do país.

Também contava que foi "chefe" de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no governo de Fernando Henrique Cardoso. Fuad era secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República, enquanto Mendes era subchefe para Assuntos Jurídicos do mesmo ministério. Anos antes, o mandatário fez parte da equipe econômica que elaborou o Plano Real, iniciativa que colocou fim ao crescimento desenfreado da inflação e estabilizou a economia brasileira.

"Tinham os economistas de renome que bolavam o plano e tinham as pessoas mais operacionais, que era o meu caso. Eu coordenei o grupo que cuidava das instituições financeiras federais, para que a gente tivesse um plano de ação preparado para manter as instituições funcionando sem nenhum problema, o que acabou acontecendo", disse Fuad em uma entrevista ao jornal O Tempo em setembro do ano passado na qual falou sobre sua trajetória.

Outra travessia realizada por Fuad foi política. Embora não fosse propriamente progressista, o ex-tucano apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a presidente em 2022 e subiu no palanque do petista em comícios realizados em Belo Horizonte. A eleição daquele ano também sacramentou o rompimento com Kalil — o prefeito não fez campanha para o aliado sob o argumento de que precisava administrar a cidade.

O período na Prefeitura coincidiu com o florescimento da veia literária de Fuad. Ele publicou três livros: o "Amargo e o Doce" (2017), com elementos aparentemente autobiográficos, já que conta a história de um garçom, profissão que o prefeito também exerceu no restaurante do pai; "Marcas do Passado" (2022), que aborda a trajetória de uma mulher vítima de violência e abuso; e "Cobiça" (2020), alvo de ataques de bolsonaristas que acusaram a obra de fazer apologia à pedofilia por citar o estupro coletivo de uma criança de 12 anos.

No tempo livre, Fuad se dedicava ao jardim e aos animais que criava em um sítio que possuía em Baldim (MG), município de 7 mil habitantes que fica a duas horas de carro de Belo Horizonte. Ele deixa a esposa, Mônica, dois filhos, Paulo Henrique e Gustavo, e quatro netos: João Pedro, Mateus, Isabela e Rafael.

Veja a íntegra da nota da Prefeitura de Belo Horizonte:

É com profundo pesar que a Prefeitura de Belo Horizonte informa o falecimento do prefeito Fuad Noman, ocorrido nesta data.

Fuad Noman dedicou décadas de sua vida ao serviço público, sempre pautado pelo compromisso com a ética, o diálogo e o bem-estar da população de Belo Horizonte. Economista por formação, com sólida trajetória na administração pública, Fuad ocupou importantes cargos no Governo Federal, Governo de Minas Gerais e na Prefeitura de Belo Horizonte, sempre deixando marcas de competência, responsabilidade e sensibilidade social.

Em 2022, assumiu o cargo de prefeito da capital mineira, e desde então conduziu a cidade com serenidade, firmeza e espírito público.

Fuad era conhecido por seu trato gentil, sua capacidade de escuta e seu amor por Belo Horizonte. Um homem público íntegro, cuja história se confunde com o desenvolvimento da nossa cidade.

Neste momento de dor, nos solidarizamos com os familiares, amigos e todos os cidadãos belo-horizontinos que perdem não apenas um líder, mas um exemplo de ser humano. A cidade se despede com gratidão e reverência.

Informações sobre o velório e homenagens serão divulgadas em breve.

Prefeitura de Belo Horizonte

Estadão
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