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Política

Carta pela democracia supera 700 mil adesões; Bolsonaro volta a atacar signatários

Presidente chamou manifesto de "cartinha"; declarações foram feitas durante culto evangélico na Câmara dos Deputados

3 ago 2022 - 12h34
(atualizado às 14h44)
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Jair Bolsonaro participou de evento do PL
Jair Bolsonaro participou de evento do PL
Foto: Adriano Machado / Reuters

A carta pela democracia, organizada na Faculdade de Direito da USP, bateu a marca de 700 mil assinaturas nesta quarta-feira, 3, no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o manifesto. Dessa vez, Bolsonaro disse que quem assinou a "cartinha" não tomou posição nas restrições sanitárias impostas por governadores no auge da pandemia de covid-19. A declaração foi feita durante culto evangélico no auditório da Câmara dos Deputados.

"Vocês todos sentiram um pouco do que é ditadura. E nenhum daqueles que assinam cartinha por aí se manifestaram naquele momento", afirmou o presidente, que critica as medidas de contenção do coronavírus por seus impactos econômicos.

No discurso, Bolsonaro lembrou que se aproximou da bancada evangélica ainda enquanto parlamentar por suas posições contrárias ao que chama de "ideologia de gênero". "Todo dia quando me levanto, me concentro, agradeço pela missão e peço a Deus que meu povo, nosso povo não sinta as dores do comunismo", declarou, sob aplausos de deputados e senadores evangélicos. "Na economia, o Brasil vai muito bem, mas não podemos esquecer o lado espiritual", defendeu.

O apoio de eleitores evangélicos a Bolsonaro tem crescido, conforme demonstra pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 3. As intenções de voto para o presidente entre evangélicos saltaram de 38% em abril para 48% em agosto, abrindo uma diferença de 19 pontos porcentuais em relação à Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre católicos, Lula recebeu 51% das intenções de voto, mantendo uma vantagem de 24 pontos porcentuais em relação a Bolsonaro.

Bolsonaro costuma associar seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, Lula, a um suposto retrocesso na agenda conservadora. "Nós somos a maioria, somos do bem e tenho certeza que venceremos essa batalha. Não por mim nem por vocês, mas pelos nossos filhos", disse o presidente no culto na Câmara dos Deputados. "Devo muito aos médicos, mas muitos deles me dizem que quem me salvou em Juiz de Fora em 2018 foi a mão de Deus", seguiu, em referência ao episódio da facada que sofreu durante a última campanha eleitoral.

Ministros do governo e parlamentares da "bancada da Bíblia" marcaram presença na cerimônia organizada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder dos evangélicos no Congresso Nacional, e presidida pelo pastor Cláudio Duarte. O ato religioso acontece semanalmente na Câmara.

Reação

A carta pela democracia é uma reação aos ataques ao processo eleitoral feitos por Bolsonaro. A expectativa é de que artistas populares que assinaram o manifesto também passem a engajar seus públicos, o que pode acelerar a marca de 1 milhão de assinaturas ainda antes do dia 11 de agosto, data em que será realizado ato na Faculdade de Direito da USP.

Já assinaram a carta os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Luiz Felipe d'Avila (Novo). O ex-presidente Lula estuda assinar a carta em breve.

Estadão
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