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Política

Bolsonaro acusa STF de articular rejeição de voto impresso

Presidente afirmou que a fraude está escancarada no sistema atual

1 jul 2021 - 10h51
(atualizado às 10h55)
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Sem citar nomes ou apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro acusou nesta quinta-feira três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de estarem articulando a derrubada da proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê a impressão do comprovante do voto das urnas eletrônicas.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto
29/06/2021 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto 29/06/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Tem uma articulação de três ministros do Supremo para não ter o voto auditável. Se não tiver, eles vão ter que apresentar uma maneira de termos eleições limpas. Se não tiver, vamos ter problemas no ano que vem. Eu estou me antecipando a problemas no ano que vem", disse.

"O voto auditável vai (sic) ter a certeza em quem o povo votar vai ser eleito. Como está aí, a fraude está escancarada e não vai ser só para presidente não, vai ser para governador, senador, fraude. Então se tem três do Supremo articulando para não ter o voto impresso, porque que eles estão preocupados com a judicialização", emendou.

Procurado por meio de sua assessoria, o Supremo informou que não vai comentar as declarações de Bolsonaro.

Segundo o presidente, se o Congresso promulgar a proposta de emenda à Constituição, "vai ter voto impresso" na eleição do ano que vem.

Os três ministros do STF que compõem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) --o presidente da corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes-- já manifestaram publicamente ressalvas à proposta do voto impresso.

A despeito da fala de Bolsonaro da suposta articulação do TSE, dirigentes de 11 partidos políticos --entre eles alguns que apoiam o governo-- também se posicionaram contrários à iniciativa.

LULA NA FRAUDE

Em conversa com apoiadores transmitida pelas redes sociais, Bolsonaro também disse que quer "eleições limpas" e acusou, novamente sem provas, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --que tem aparecido como favorito para a sucessão de 2022 nas pesquisas-- saiu da cadeia por decisão do STF para se eleger "na fraude".

"Então nós queremos eleições limpas no ano que vem, porque tiraram o Lula da cadeia, tornaram ele elegível para ser presidente na fraude. Isso não vai acontecer", ressaltou.

Bolsonaro disse que, se a articulação para evitar o avanço do voto impresso prosperar, os três ministros do terão de "inventar" uma maneira de ter eleições confiáveis.

"Agora se essa articulação prosperar, esses três vão ter que inventar uma outra maneira de termos eleições confiáveis, com contagem pública de votos. Caso contrário, vamos ter problemas ano que vem no Brasil", disse.

"Não adianta vir com argumentozinho que é muito caro, dinheiro tem, já está arranjado dinheiro para comprar as impressoras", avisou ele.

Bolsonaro tinha dito que iria mandar o ministro da Economia, Paulo Guedes, arranjar recursos para implementar a impressão dos votos das urnas eletrônicas. O TSE já estimou essa alteração em pelo menos 2 bilhões de reais.

Constantemente Bolsonaro coloca em dúvida a lisura da votação eletrônica no Brasil, que o elegeu deputado por várias vezes e presidente em 2018. Ele chegou a afirmar ter provas de fraude na eleição daquele ano, alegando que teria vencido o pleito no primeiro turno, e, apesar de dizer que apresentaria essas alegadas evidências, nunca o fez.

Apesar das acusações constantes de Bolsonaro contra o sistema de votação, desde a adoção da urna eletrônica em 1996 nunca foi comprovada qualquer fraude nas eleições realizadas desde então. Além disso, também ao contrário do que frequentemente afirma o presidente, a votação eletrônica é sim auditável, conforme já esclareceu por diversas a Justiça Eleitoral.

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