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Polícia

Mais de 50 jornalistas são vítimas em protestos, diz Abraji

Conforme a associação, os profissionais foram agredidos, hostilizados ou presos nas manifestações

28 jun 2013 - 15h01
(atualizado às 15h09)
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Desde o início dos protestos contra o aumento do preço das passagens de ônibus, mais de 50 profissionais da imprensa foram agredidos, hostilizados ou presos no Brasil, conforme levantamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com informações de sindicatos, redações e da ONG Repórteres Sem Fronteiras. Ocorreram ao menos 53 casos de violação contra 52 jornalistas (o repórter Leandro Machado, da Folha de S.Paulo, foi preso num dia e agredido em outro).

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas

Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

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Das 53 ocorrências levantadas, 34 se referem a agressão, hostilidade ou ameaça por parte da polícia. Outros seis casos são de prisão (por períodos que variam de poucos minutos até três dias - caso do repórter do portal Aprendiz Pedro Ribeiro Nogueira, indiciado por formação de quadrilha) e 12 ocorrências foram protagonizadas por manifestantes. Em um dos casos, não foi possível identificar o que causou o ferimento a um profissional.

O levantamento realizado pela Abraji é parcial: há casos que podem não ter sido computados por diversas razões, inclusive quando veículos ou jornalistas preferem não ter suas estatísticas divulgadas. Foram registrados episódios de agressão em 11 cidades brasileiras, sendo que São Paulo foi o local onde houve mais casos (25), quase a metade do total. Fortaleza vem logo em seguida, com seis casos, e o Rio de Janeiro teve cinco. O jornal Folha de S.Paulo foi o veículo com mais vitimas: sete profissionais, entre repórteres e fotógrafos.

Veja momento em que jornalista é preso por portar vinagre:

"O trabalho dos repórteres de todos os meios que estão nas ruas cumprindo com o dever de manter a sociedade bem informada deve ser respeitado, independentemente de suas preferências políticas e dos meios em que informam. Repórteres cobrem hoje as manifestações com o mesmo profissionalismo e destemor com que cobriram as grandes passeatas contra a ditadura, a campanha das Diretas Já, a campanha pelo impeachment de Fernando Collor", ponderou a Abraji.

A associação diz que "repudia a violência da polícia contra manifestantes pacíficos e jornalistas e repudia igualmente a hostilidade de alguns manifestantes contra os trabalhadores dos meios de comunicação, como repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e motoristas. Impedir ou dificultar o trabalho da imprensa é agir contra a democracia."

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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