Irmão de Vitória morreu tragicamente no mesmo bairro em Cajamar
Adolescente morava no bairro de Ponunduva, onde irmão faleceu em 2011. Família veio do interior paulista com seis filhos
Vitória Regina de Souza, 17 anos, foi encontrada morta uma semana após seu desaparecimento em Cajamar (SP). A família, já marcada por outra tragédia, quer deixar o bairro e enfrenta suspeitas envolvendo o pai da vítima.
A família de Vitória Regina de Souza, 17 anos, encontrada morta após desaparecimento em Cajamar (SP), vive a segunda perda trágica. Em 2011, o irmão mais velho da jovem morreu em um acidente de moto no mesmo bairro onde ela morava, o Ponunduva.
Ewerton Alves de Souza, um dos seis filhos de Carlos Alberto Souza, conta que o irmão “morreu andando de moto por essas estradas aqui”. Localizado no pé da serra do Japi, o Ponunduva tem subidas e descidas íngremes, de terra e asfalto.
A reportagem foi atendida na porta da casa da família, que não permitiu fotos. O pai, que chegou a ter seu nome erroneamente citado pela imprensa entre os suspeitos da morte de Vitória, não quis conversar com a reportagem, está incomunicável.
Pai teria pedido terreno porque não quer mais morar no bairro
A família veio de Pirassununga em 2005 e, com a segunda morte, quer mudar de Cajamar – por isso o pai teria pedido um terreno ao prefeito, que visitou a família.
O pedido foi presenciado por Luciano Persico, responsável pela subprefeitura instalada no bairro. “Ele falou num momento de desespero, tudo que olha lembra a filha, ele quer sair daqui, é compreensível, não sei como isso pode tornar ele suspeito”, disse Persico.
O pedido do pai teria sido mal interpretado. “Meu pai é deficiente, é aposentado, mas mesmo assim trabalha de Uber”, conta o filho Ewerton. É com o mesmo carro usado para dirigir pelo aplicativo que ele buscava a filha no ponto de ônibus.
O ponto fica na rua José Rodrigues Pontes. Há um bar em frente e iluminação na rua asfaltada. Ao desembarcar, Vitória pegou um atalho, que parece rua, mas não é – foi transformada em passagem pelos moradores, sem iluminação, chão de terra.
“Já foi mais tranquilo”, diz irmão sobre o bairro
Virando a esquina do ponto de ônibus onde Vitória desembarcou, existe uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Segundo o responsável pela subprefeitura, as rondas voltaram a acontecer após o crime, com uma viatura.
O Ponunduva é um bairro rural, chácaras predominam. As ruas principais são asfaltadas. Há iluminação, inclusive em algumas ruas de terra, incluindo aquela onde está a casa de Vitória – para chegar a ela, porém, ela pegou o atalho sem iluminação.
Apesar da tranquilidade, acontecem crimes. A reportagem ouviu relatos de pelo menos três: de um ex-vereador, de um funcionário público apelidado “João Delegado” e de uma moradora. Segundo o irmão de Vitória, o lugar foi mais tranquilo. São 1.900 eleitores no bairro.
Relembre o caso
Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, estava desaparecida havia uma semana quando foi encontrada morta em Cajamar (SP), na última quarta-feira, 5.
No dia de seu desaparecimento, Vitória enviou áudios para uma amiga informando a presença de dois homens suspeitos durante o trajeto em um ônibus (ela desembarcou no ponto e iria andando para casa).
Após a troca de mensagens com a amiga, a adolescente desapareceu, na noite do dia 26. O primeiro suspeito do caso foi o ex-namorado da vítima, Gustavo Vinicius; a polícia identificou incongruências em seus depoimentos.
Além de Gustavo Vinicius, mais seis pessoas foram apontadas como suspeitas de envolvimento no caso e mais de onze testemunhas foram ouvidas.
Três veículos foram apreendidos pela polícia e periciados, para auxiliar as investigações com provas. "As investigações do caso seguem pela Delegacia de Cajamar, que realiza diligências para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos", informou a Polícia Civil em nota.