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"Não operamos com lógica de que fins justificam os meios"

Coordenador da Lava Jato também classificou de "teoria da conspiração que não tem base nenhuma" a ideia de que a Lava Jato é partidária.

10 jun 2019 - 18h44
(atualizado às 18h50)
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Os procuradores da Lava Jato não operam sob a lógica de que os fins justificam os meios, disse nesta segunda-feira o coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba, Deltan Dallagnol, em resposta à divulgação de supostas mensagens entre os promotores e Dallagnol e o então juiz da Lava Jato na capital paranaense, Sergio Moro, hoje ministro da Justiça.

Em vídeo divulgado por meio de suas redes sociais, o coordenador da Lava Jato também classificou de "teoria da conspiração que não tem base nenhuma" a ideia de que a Lava Jato é partidária e afirmou que as provas do caso do tríplex, que levou à condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são robustas.

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, em 2015 durante anúncio de medidas de combate à corrupçào
20/03/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, em 2015 durante anúncio de medidas de combate à corrupçào 20/03/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

"Nós da Lava Jato nunca lidamos, nunca caminhamos com a lógica de que os fins justificam os meios. Não. Essas acusações feitas não procedem e a origem delas está ligada ao ataque criminoso realizado", afirma Dallagnol no vídeo.

Ao rebater a acusação de que a Lava Jato é partidária, o coordenador da força-tarefa argumentou que o Ministério Público acusou políticos de vários partidos e que a equipe que trabalha no caso foi formada antes de aparecer o primeiro nome de político na investigação.

No domingo, o site Intercept Brasil divulgou uma série de reportagens baseada no que afirma serem mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol e entre os integrantes da força-tarefa obtidas junto a uma fonte não identificada. As alegadas mensagens indicariam colaboração entre Moro e os procuradores.

"É muito natural, é normal, que procuradores e advogados conversem com o juiz mesmo sem a presença da outra parte. O que se deve verificar é se nessas conversas existiu conluio ou quebra de imparcialidade", afirma Dallagnol no vídeo.

"A imparcialidade na Lava Jato é confirmada por muitos fatos. Centenas de pedidos feitos pelo Ministério Público foram negados pela Justiça, 54 pessoas acusadas pelo Ministério Público foram absolvidas pelo ex-juiz federal Sergio Moro, nós recorremos centenas de vezes contra decisões judiciais."

Entre as supostas mensagens divulgadas pelo Intercept estão trechos que mostrariam que Dallagnol tinha "receio" em relação a alguns pontos da denúncia contra Lula. No vídeo desta segunda, o procurador defendeu as provas apresentadas e disse que, antes de apresentar a acusação, o Ministério Público debate e revisa trechos para evitar fazer uma denúncia frágil.

"As provas do caso tríplex embasaram a acusação porque elas eram robustas e tanto eram robustas que nove julgadores em três instâncias diferentes concordaram com a robustez das provas e condenaram o ex-presidente Lula", disse.

Dallagnol afirmou que a Lava Jato foi alvo de um "ataque gravíssimo por parte de um criminoso, que invadiu telefones celulares, que sequestrou contas de aplicativos de trocas de mensagens, que se fez por jornalistas e procuradores".

"Nosso receio é que a atividade criminosa dele avance agora para falsear e deturpar fatos nesse imenso ataque contra a operação Lava Jato", afirmou.

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