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Em rede nacional, Bolsonaro critica fechamento de escolas e comércio e compara coronavírus a 'resfriadinho'

"Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada", afirmou o presidente durante pronunciamento.

24 mar 2020 - 21h48
(atualizado às 21h50)
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O presidente Jair Bolsonaro criticou, em pronunciamento em rede nacional na noite desta terça-feira (24), o fechamento de escolas e comércios. Ele ainda comparou a contaminação por coronavírus a uma "gripezinha" ou "resfriadinho".

Durante o pronunciamento, o presidente afirmou que com a chegada do vírus foi necessário e, ao mesmo tempo, traçar estratégias para salvar vidas e evitar o desemprego em massa"

O presidente afirmou ainda que grande parte parte dos meios de comunicação foram na contramão dessas ideias.

"Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália. Um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país", disse Bolsonaro.

Ele disse que parte da imprensa mudou sua linha editorial de ontem para hoje e passou a pedir "paz e tranquilidade".

"Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada. A proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa", disse.

Ele ainda criticou o fechamento de escolas e disse que raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade contaminadas por contaminadas por coronavírus.

"O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar a normalidade. Deve abandonar conceito de terra arrasada. Confinamento em massa", disse o presidente.

Bolsonaro disse ainda que devido ao "histórico de atleta" dele, caso fosse contaminado pelo coronavírus, nada sentiria ou "seria acometido de uma 'gripezinha' ou 'resfriadinho'".

"Grave"

Após o pronunciamento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que as declarações do presidente vão "na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)".

"Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19", afirmou por meio de nota.

Disse ainda que "não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos", mas sim de "união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais."

Comitiva infectada

Há mais de 20 autoridades autoridades infectadas na cúpula do governo federal. Entre elas, estão Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Parte dessas autoridades estava na comitiva do presidente Jair Bolsonaro que viajou aos Estados Unidos, no início do mês.

Entre as pessoas que testaram positivo para o vírus, estão também o assessor da Presidência Filipe G. Martins e o deputado federal Daniel Freitas — outros integrantes da comitiva são empresários e representantes da indústria.

Autoridades diagnosticadas com coronavírus:

- Allan Séllos - Chefe do Cerimonial do Itamaraty

- Augusto Heleno - Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)

- Bento Albuquerque - Ministro de Minas e Energia

- Coronel Suarez - Diretor do Departamento de Segurança Presidencial

- Carlos França - Chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto

- Cesinha de Madureira - Deputado federal (PSD-SP)

- Daniel Freitas - Deputado Federal (PSL)

- David Uip - Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo

- Davi Alcolumbre - Presidente do Senado (DEM-AP)

- Eliéser Girão - Deputado Federal (PSL-RN)

- Fabio Wajngarten - Secretário de Comunicação da Presidência da República

- Filipe G. Martins - Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais.

- Izolda Cela - Vice-governadora do Estado do Ceará

- Luis Tibé - Deputado federal (Avante-MG)

- Major Cid - Ajudante de Ordens do Palácio do Planalto

- Marcos Troyjo - Secretaria Especial de Comércio Exterior

- Nelsinho Trad - Senador (PSD-MS)

- Prisco Bezerra - Senador (PDT-CE)

- Roberto Cláudio - Prefeito de Fortaleza

- Samy Liberman - secretário especial adjunto de Comunicação Social

- Sérgio Segovia, presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção à Exportação).

Banner sobre a cobertura de coronavírus
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Foto: BBC News Brasil

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Os casos

O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 24 de fevereiro. Um empresário de 61 anos, que mora em São Paulo (SP), foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.

De acordo com o Ministério da Saúde, o empresário de 61 anos tinha sintomas como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza. Parentes dele passaram a ser monitorados. Dias depois, exames apontaram que uma pessoa ligada ao paciente também estava com o novo coronavírus e transmitiu o vírus para uma terceira pessoa. Todos permaneceram em quarentena em suas casas, pelo período de, ao menos, 14 dias.

Após o primeiro caso, outros diversos registros passaram a ser feitos no Brasil. Muitos vieram de países com inúmeros casos do novo coronavírus, mas depois foram registrados casos de transmissão local e, por fim, comunitária.

Duas semanas depois, foi anunciado que o empresário de 61 anos está curado da doença provocada pelo novo coronavírus.

Pacientes com coronavírus deverão ficar em quarentena
Pacientes com coronavírus deverão ficar em quarentena
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Cuidados

A principal recomendação de profissionais de saúde que acompanham o surto é simples, porém bastante eficiente: lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de manipular alimentos.

O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados.

Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.

Também é importante manter o ambiente limpo, higienizando com soluções desinfetantes as superfícies como, por exemplo, móveis e telefones celulares.

Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metade de água e metade de álcool, além de um pano limpo.

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