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Cruzeiros suspensos, aulas paralisadas e eventos cancelados: as propostas do governo para conter o coronavírus

Ministério da Saúde apresentou recomendações para cidades onde há transmissão local e comunitária do novo vírus.

13 mar 2020 - 20h35
(atualizado às 21h05)
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Cidades do Rio de Janeiro e São Paulo têm dois casos confirmados cada de transmissão comunitária
Cidades do Rio de Janeiro e São Paulo têm dois casos confirmados cada de transmissão comunitária
Foto: EPA / BBC News Brasil

O Ministério da Saúde apresentou nesta sexta-feira (13), em coletiva de imprensa, novas medidas para conter o avanço da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

A pasta afirmou que, sem a adoção delas, o número de casos pode dobrar a cada três dias.

As medidas propostas vão desde orientações sugeridas a gestores locais a determinações mais contundentes — como a de que não haja a circulação de novos cruzeiros marítimos na costa brasileira até segunda ordem, o que de acordo com Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde, será notificado às autoridades de turismo competentes.

Os cruzeiros que já estão em viagem terão suas situações avaliadas caso a caso. Há algumas soluções possíveis, segundo Oliveira, como uma quarentena para o navio inteiro ou a negociação para que não haja desembarque em cidades brasileiras, se o destino final da embarcaçãõ for outro país.

"Não é possível termos uma concentração de pessoas (como a de um cruzeiro) neste momento, durante a emergência, no Brasil. Temos mais de 21 cruzeiros turísticos para iniciar. Muitos idosos se concentram nestes locais. Historicamente, a transmissão respiratória em cruzeiros turísticos é facilitada. Então, enquanto perdurar a declaração de emergência, os cruzeiros turísticos estarão interrompidos", disse o secretário.

Para todas as unidades da federação, o ministério apresentou recomendações gerais, entre as quais:

Ministério determinou suspensão de cruzeiros enquanto durar situação de emergência no país
Ministério determinou suspensão de cruzeiros enquanto durar situação de emergência no país
Foto: EPA / BBC News Brasil

Os representantes do ministério disseram que há também medidas específicas para locais com transmissão local e os com transmissão comunitária.

Na transmissão local, é possível identificar a origem da infecção. Na transmissão comunitária, não é mais possível rastrear a origem e cadeia de infecção, o que indica que o vírus está circulando livremente na população. Também nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde confirmou quatro casos de transmissão comunitária no país — dois na cidade de São Paulo e dois na cidade do Rio de Janeiro.

Na situação de transmissão local, as medidas são consideradas de "contenção" — em que o objetivo é ainda frear a transmissão para outras pessoas e lugares e o foco está no monitoramento de casos em geral, incluindo os suspeitos e leves. Na transmissão comunitária, as medidas passam a ser de "mitigação", com foco em pessoas internadas, para evitar mortes.

As medidas adicionais, além das recomendações gerais, para pontos com transmissão local foram:

Já em lugares com transmissão comunitária, o ministério recomendou ainda:

Instituições de ensino devem antecipar o período de férias se possível, disse o ministério
Instituições de ensino devem antecipar o período de férias se possível, disse o ministério
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

SP e RJ anunciam medidas

Na coletiva de imprensa, os representantes do ministério lembraram que os cenários são muito diferentes em todo o país, portanto secretarias municipais e estaduais, além de diretorias de hospitais devem adaptar as recomendações do governo federal à realidade local.

Após o anúncio do ministério, os governos dos Estados de São Paulo e do Rio anunciaram suas iniciativas em resposta às recomendações do ministério.

O governo paulista anunciou que recomenda o cancelamento de eventos de lazer, culturais e esportivos com mais de 500 participantes.

Também recomendou a suspensão imediata das aulas em universidades públicas e uma suspensão gradual nas escolas das redes públicas estadual e municipal da cidade de São Paulo, a partir de 16 de março.

As escolas continuarão abertas por uma semana após esta data, e, no dia 23 de março, as aulas serão suspensas. A mesma recomendação foi feita para a rede privada.

A data foi determinada a fim de dar tempo suficiente para que as famílias se organizem para o período em que as escolas ficarão fechadas. O governo pediu que as crianças não sejam deixadas com os avós, porque idosos têm mais chances de desenvolver quadros graves quando são infectados pelo novo coronavírus.

O governo paulista afirmou que ainda não há uma previsão de quando as atividades de ensino serão retomadas e que isso será avaliado constantemente, de acordo com a evolução da epidemia.

O governo fluminense anunciou a suspensão por 15 dias da aulas nas redes pública e privada, em escolas e universidades, e de eventos esportivos, shows, feiras, comícios, passeatas, entre outros, assim como o fechamento de teatros, casas de show e cinemas.

Também foram suspensas as visitas a pacientes internados por causa do novo coronavírus em hospitais públicos e privados e a detentos de unidades prisionais, assim como o transporte de presos para a realização de audiências.

Ainda haverá uma redução do atendimento ao público nas repartições públicas do Estado.

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