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Vereadora crítica da violência policial é assassinada no Rio

Indícios da morte de Marielle Franco apontam para execução

15 mar 2018 - 02h12
(atualizado às 09h13)
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Vereadora crítica da violência policial é assassinada no Rio
Vereadora crítica da violência policial é assassinada no Rio
Foto: Reprodução/Facebook / Ansa - Brasil

A vereadora carioca Marielle Franco (Psol), uma conhecida ativista do movimento negro e crítica da violência policial no Rio de Janeiro, foi assassinada a tiros na noite desta quarta-feira (14).

Marielle, 38 anos, estava dentro de um carro no bairro de Estácio, centro da capital fluminense, quando criminosos emparelharam outro veículo e abriram fogo. O motorista do automóvel onde estava a vereadora, Anderson Pedro Gomes, também morreu. Já uma assessora de Marielle foi atingida apenas por estilhaços e sobreviveu. Ela prestou depoimento pouco depois da meia-noite.

As características do crime - uma emboscada sem roubo - apontam para a hipótese de execução, que é a principal linha de investigação da polícia. Ao menos nove cápsulas de bala foram achadas ao lado do carro da vereadora, que voltava de um encontro com jovens negras.

O deputado estadual do Psol Marcelo Freixo foi ao local do crime e disse que não sabia de nenhuma ameaça contra Marielle, mas ressaltou que as características de execução são "muito nítidas".

Nascida e criada na favela da Maré, Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições municipais de 2016, com 46.502 votos. Nos últimos dias, postou mensagens nas redes sociais denunciando a violência policial no Rio.

Peritos examinam carro em que estava a vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio de Janeiro
Peritos examinam carro em que estava a vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio de Janeiro
Foto: Reuters

"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?", escreveu no Facebook. Ela também chamou o 41º Batalhão da Polícia Militar de "Batalhão da Morte" por causa de denúncias de crimes no bairro de Acari.

Marielle também era crítica da intervenção militar do Governo Federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

Há duas semanas, Marielle havia assumido relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Ela vinha se posicionando publicamente contra a medida.

A parlamentar também chegou a denunciar, em suas redes sociais, no fim de semana, uma ação de policiais militares na favela do Acari. "O 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. (…) Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu.

A PMERJ confirmou a operação e argumentou que criminosos atiraram contra os policiais e houve confronto. Durante vasculhamento na comunidade, dois homens foram presos e houve apreensão de um fuzil calibre 7,62 mm e oito rádios comunicadores, segundo nota da corporação.

Prefeito

O prefeito Marcelo Crivella se manifestou sobre a morte da vereadora Marielle Franco. "É com profundo pesar que lamentamos o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco, cuja honradez, bravura e espírito público representavam, com grandeza inigualável, as virtudes da mulher carioca. Sua trajetória exemplar de superação continuará a brilhar como uma estrela de esperança para todos que, inconformados, lutam por um Rio culto, poderoso, rico, mas, sobretudo, justo e humano. Em cada lar uma prece, em cada olhar uma lágrima e em cada coração um voto de tristeza, dor e saudade. É assim que hoje anoitece a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível e inigualável. Que Deus a tenha!"

*Com informações da Agência Brasil

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