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Músico foi atingido por 9 dos 83 tiros de militares, diz TV

Laudo de necrópsia obtido por emissora faz parte de inquérito policial militar; Evaldo foi atingido na cabeça duas vezes

1 mai 2019 - 17h59
(atualizado às 18h35)
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RIO - O músico Evaldo Rosa dos Santos, que morreu no último dia 7, baleado por agentes do Exército quando seguia de carro para um chá de bebê, na zona oeste do Rio, foi atingido por 9 dos 83 tiros disparados pelos militares em sua direção. A informação foi divulgada pela TV Globo, que teve acesso ao laudo de necrópsia que faz parte do Inquérito Policial Militar. Consultado pelo Estado na tarde desta quarta-feira, 1, o Comando Militar do Leste (CML) não quis se manifestar sobre o laudo.

Familiares e amigos de Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, realizam protesto na Vila Militar, em Deodoro, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ)
Familiares e amigos de Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, realizam protesto na Vila Militar, em Deodoro, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ)
Foto: cdsantos / Futura Press

Segundo a TV, o documento indica que todos os tiros atingiram o músico pelas costas. Dois tiros atingiram a cabeça de Santos e os outros sete ficaram alojados na região do tórax.

Nove militares estão presos por conta do crime, mas ainda não foram denunciados pelo Ministério Público Militar (MPM), que aguarda o resultado de exames a serem anexados à denúncia. Em manifestação durante o trâmite de um pedido de habeas corpus impetrado pelo advogado Paulo Henrique Pinto de Mello perante o Superior Tribunal Militar (STM), o subprocurador Carlos Frederico de Oliveira Pereira, em nome do procurador-geral de Justiça Militar, defendeu a concessão de liberdade provisória aos militares.

Segundo ele, os nove presos não descumpriram as regras de conduta, porque "tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo". O pedido ainda não foi submetido a julgamento pelo STM, em Brasília, onde deve ser analisado até a próxima semana.

O episódio

Santos dirigia seu carro, um Ford Ka sedan branco, rumo a um chá de bebê, transportando também a mulher, um filho, o sogro e uma adolescente. Ao passar por uma patrulha do Exército na Estrada do Camboatá, o veículo foi alvejado com 80 disparos pelos militares. O motorista morreu no local. O sogro ficou ferido, mas sobreviveu. O catador Macedo, que passava a pé pelo local, também foi atingido e morreu dias depois.

Inicialmente, o CML emitiu nota dizendo que a ação tinha sido uma resposta a um assalto e sugeriu que os militares haviam sido alvo de uma "agressão" por parte dos ocupantes do carro. A família contestou a versão e só então o Exército recuou e mandou prender 10 dos 12 militares envolvidos na ação. Um foi solto após alegar que não fez nenhum disparo.

Os militares teriam confundido o carro do músico com o de criminosos que, minutos antes, havia praticado um assalto perto dali. Esse crime foi flagrada por uma patrulha do Exército. Fora roubado um carro da mesma cor, mas de outra marca e modelo — um Honda City.

Foram presos o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, o sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva e soldados Gabriel Christian Honorato, Matheus Santanna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo, Leonardo Oliveira de Souza, Gabriel da Silva de Barros Lins e Vítor Borges de Oliveira.

Todos atuam no 1º Batalhão de Infantaria Motorizado na Vila Militar, na zona oeste do Rio. Eles devem responder por dois homicídios e por tentativas de homicídio contra os quatro outros ocupantes do carro de Evaldo. A denúncia ainda não foi apresentada à Justiça pelo MPM.

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