PUBLICIDADE

Morte de ganhador da Mega-Sena: polícia quebra sigilos para tentar chegar a suspeitos

Imagens de câmera de vigilância mostram quando Jonas Dias foi levado por um homem a uma agência bancária para fazer saques

16 set 2022 - 20h06
(atualizado às 21h15)
Compartilhar
Exibir comentários

A Polícia Civil pediu a quebra dos sigilos bancário e telefônico de donos das contas que receberam transferências de valores do ganhador de R$ 47,1 milhões da Mega-Sena, Jonas Lucas Alves Dias, de 55 anos, sequestrado e assassinado em Hortolândia, interior de São Paulo. Além de duas transferências totalizando R$ 20 mil, os criminosos tentaram fazer um saque de R$ 3 milhões por meio de um aplicativo de mensagens. A transação não foi autorizada. A quebra dos sigilos pode revelar possíveis envolvidos na morte de Dias.  

De acordo com a Polícia Civil, o milionário ficou 20 horas em poder dos sequestradores. Ele foi capturado pelos criminosos no final da manhã de terça-feira, 13, quando fazia uma caminhada, e abandonado na margem de uma rodovia que corta a cidade de Hortolândia no início da manhã de quarta, 14. O homem foi socorrido por uma ambulância da concessionária quando já estava desacordado e morreu no Hospital Mário Covas. Até a tarde desta sexta-feira, 16, nenhum suspeito tinha sido preso.

    Mega-Sena: ganhador do prêmio é assassinado no interior de SP.
    Mega-Sena: ganhador do prêmio é assassinado no interior de SP.
    Foto: Jonas Lucas Alves Dias no Facebook / BM&C News

    Segundo a delegada Juliana Ricci, da Divisão de Investigações Gerais (Deic) de Piracicaba, que atua na investigação com a polícia de Hortolândia, durante esse tempo, a vítima foi extorquida e torturada pelos criminosos que sabiam da sua fortuna. Imagens de uma câmera de vigilância mostram quando Dias foi levado por um suspeito a uma agência bancária para fazer saques. A investigação trabalha no sentido de identificar esse suspeito e obter novas imagens que possibilitem refazer os passos dos bandidos quando estavam com a vítima.

    Conforme a delegada, os sequestradores sabiam que ele tinha dinheiro e premeditaram o crime, mas não tinham experiência em transferir numerário, o que pode indicar que não se trata de quadrilha especializada. Detalhes das investigações não estão sendo divulgados para não prejudicar a apuração do caso.

    Depois de ganhar a loteria, Dias abriu uma empresa com dois sócios que já eram seus amigos. Os dois foram ouvidos pela Polícia Civil, mas não são considerados suspeitos. Segundo a polícia, o objetivo foi angariar mais informações para confirmar o rumo das investigações. Até agora, a polícia trabalha com as hipóteses de extorsão seguida de morte e latrocínio seguido de morte, já que o caso não tem característica de crime por vingança ou homicídio simples.

    Enterro

    O corpo do milionário da Mega-Sena foi sepultado na tarde desta sexta, no Cemitério da Saudade, em Sumaré, cidade vizinha. Um ônibus foi fretado para levar amigos e vizinhos ao sepultamento. Cerca de 50 pessoas participaram da cerimônia.

    Conforme mostrou reportagem do Estadão, Dias era um homem de hábitos simples que pouco mudaram depois que ele se tornou milionário. Ele já não tinha os pais vivos, não era casado, não tinha filhos e seus únicos parentes próximos eram um irmão de 65 anos e a irmã que morava com ele.

    A casa era a mesma que a família tinha antes do prêmio, no Jardim Rosolém, que apenas passou por reforma. "Luquinha", como era chamado, andava de bermuda, camiseta e chinelo, e era sempre visto pelo bairro com um saquinho de ração para os cachorros, sem a companhia de seguranças.

    Nos últimos anos, ele manteve a rotina de sair para fazer caminhada pela manhã e costumava parar para conversar com os vizinhos. O milionário de Hortolândia mantinha ainda hábitos comuns, dos tempos em que trabalhava como vendedor em uma loja de material de construção, como tomar café em uma padaria e beber meia dose de conhaque em um bar do bairro. Conforme a polícia, os depoimentos já coletados de familiares e vizinhos mais próximos indicam que ele não tinha inimigos.

    Estadão
    Compartilhar
    Publicidade
    Publicidade