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Varíola dos macacos: OMS reforça estigmatização LGBTQIAP+

Recomendação da OMS para que homens que fazem sexo com homens diminuam parceiros é criticada por ser "ineficaz" e estigmatizar comunidade.

29 jul 2022 - 12h41
(atualizado às 12h41)
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Nesta quarta-feira, 26, Tedros Adhanom, diretor da OMS (Organização Mundial de Saúde), recomendou que homens que fazem sexo com homens diminuam o número de parceiros como forma de combate ao surto mundial da varíola do macaco.

Apesar de Tedros ter declarado, na mesma conferência, que qualquer pessoa exposta ao vírus pode contrair a doença, e que "o estigma e a discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e alimentar o surto", especialistas em saúde criticaram a recomendação por vários motivos, da ineficácia à capacidade de reforçar, sim, um estigma sobre a comunidade LGBTQIAP+ – "homens que fazem sexo com outros homens" inclui gays, bissexuais e outras orientações.

Varíola dos macacos: recomendação da OMS reforça estigma sobre pessoas LGBTQIAP+
Varíola dos macacos: recomendação da OMS reforça estigma sobre pessoas LGBTQIAP+
Foto: Seleções

Mariana Varella, editora do Portal Drauzio Varella e colunista, relembrou que essa estratégia já foi aplicada – e comprovadamente falhou – com o HIV.

O infectologista Vinicius Borges, dedicado ao estudo da população LGBTQIA+, do HIV e de outras ISTs, reforçou que "controlar comportamento" nunca dá certo – seja de qualquer grupo populacional.

Na prática, isso já é visível. Matheus Góis relatou em uma thread no Twitter sua experiência com a doença, do início dos primeiros sintomas ao tratamento pessoal que recebeu em uma unidade de saúde pública.

Apesar de ter sido atendido com profissionalismo e acolhimento pelas enfermeiras, Matheus descreveu um tratamento agressivo e estigmatizado do médico da UPA:

Ainda da conferência da quarta-feira, Tedros alertou para a garantia da preservação da dignidade dos infectados: "O foco para todos os países deve ser engajar e empoderar as comunidades de homens que fazem sexo com homens para reduzir o risco de infecção e a transmissão contínua, oferecer cuidado aos infectados e resguardar os direitos humanos e a dignidade", disse. Mas não foi o que aconteceu com Matheus.

A varíola dos macacos foi declarada uma emergência de saúde global pela OMS no sábado, 23 de julho. Já são mais de 18 mil casos pelo mundo e, no Brasil, o número já passa de 900. Hoje o Brasil teve a primeira vítima fatal, um homem com baixa imunidade, e as três primeiras confirmações de casos em crianças, todos na cidade de São Paulo.

Fonte: Redação Nós
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