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Crise do povo Yanomami persiste após 308 mortes em 2023, diz relatório

Pelo menos sete indígenas morreram de ferimentos a bala em confrontos com garimpeiros, segundo o relatório

26 jan 2024 - 09h50
(atualizado às 10h09)
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O relatório informa que 308 Yanomamis morreram em 2023
O relatório informa que 308 Yanomamis morreram em 2023
Foto: REUTERS

Os esforços do governo para expulsar os garimpeiros ilegais da reserva indígena Yanomami no norte da Amazônia foram abalados pela crescente invasão no vasto território, disseram líderes Yanomami nesta sexta-feira.

Os yanomami e suas crianças antes da crise Os yanomami e suas crianças antes da crise

A Hutukara Associação Yanomami divulgou um relatório sobre o último ano, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência humanitária e enviou militares e policiais para expulsar os garimpeiros. O relatório afirma que a situação continua sombria para os 30.000 Yanomamis que vivem na floresta tropical na fronteira com a Venezuela, com desnutrição, doenças e violência assolando suas comunidades.

O relatório informa que 308 Yanomamis morreram em 2023, dos quais 129 mortes foram causadas por doenças infecciosas, parasitárias e respiratórias. Pelo menos sete indígenas morreram de ferimentos a bala em confrontos com garimpeiros, segundo o relatório.

"As autoridades do Brasil precisam olhar mais o povo Yanomami... Precisamos do apoio de vocês para pressionar os chefes dos garimpeiros que nunca foram presos", disse o chefe Yanomami e xamã Davi Kopenawa.

"Não é para pegar garimpeiro que está estragando a nossa terra mãe e levar para casa dele, porque depois ele volta. As máquinas destroem tudo, derrubam a floresta e envenenam a água, e o peixe é nosso alimento", disse ele em um vídeo publicado com o relatório. "Chega de maltratar meu povo."

O relatório aponta que o garimpo e o desmatamento diminuíram, mas a presença contínua de garimpeiros armados impossibilita que profissionais de saúde cuidem dos Yanomamis que não foram vacinados adequadamente.

A presença das forças de segurança no primeiro semestre do ano passado reduziu o número de invasores em 80%, de acordo com o relatório, mas depois que os militares reduziram as operações, os garimpeiros logo voltaram.

Uma unidade de elite das forças especiais do Ibama disse à Reuters em dezembro que eles foram deixados para perseguir os garimpeiros por conta própria, sem apoio militar.

Em uma reunião com os órgãos de proteção ambiental e indígena e com o comandante das Forças Armadas neste mês, Lula decidiu renovar a operação da força-tarefa com os militares, envolvidos novamente para restaurar a presença do Estado.

A Polícia Federal reforçou as investigações para rastrear os financiadores e fornecedores de substâncias como o mercúrio, depois de 13 operações desse tipo em 2023 que apreenderam 590 milhões de reais em mercadorias, principalmente ouro, disse à Reuters Humberto Freire, diretor do departamento da Amazônia e Meio Ambiente da PF.

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