O destino do protocolo de Kyoto será decidido em algumas horas, afirmou o presidente da cúpula sobre o clima em Bonn, Jan Pronk, ao convocar uma última reunião plenária para as 4h locais (23h em Brasília) desta segunda-feira, quando será apresentada a sua proposta de acordo em discussão há mais de 24 horas.As negociações estão emperradas na questão da vigilância de seu cumprimento e prosseguirão "apenas sobre esta questão". "Se não chegarmos a uma solução sobre como controlar a participação de cada país, não haverá acordo. E sem acordo, o processo de ratificação do protocolo de Kyoto não terá início", disse Pronk.
"Queremos deixar tudo resolvido. Se não houver acordo (...) até a hora marcada, apresentarei o texto ao plenário como está", disse Pronk. Japão, Canadá e Austrália, conhecidos como Grupo Guarda-Chuva, são os países que mais têm manifestado reservas sobre esta questão e toda a pressão deve recair sobre eles nas próximas horas.
Pronk anunciou que manterá reuniões com as diversas partes antes do encontro no plenário e pediu a ajuda de todos. "Quero ajuda para desemperrar as negociações apenas neste ponto, para que o projeto seja adotado". Após praticamente duas noites em branco, alguns delegados manifestaram o seu descontentamento com o estilo negociador de Pronk, considerado pouco ágil.
Pronk, que é ministro holandês do Meio Ambiente, apresentou na noite de sábado um projeto de acordo que está sendo negociado desde então. O documento sintetiza uma semana de negociações sobre os pontos essenciais do protocolo de Kyoto. Entre estes pontos está a questão da capacidade de cada país em absorver o gás carbônico. Alguns países querem um maior peso para as florestas na hora de se estabelecer cotas para limitar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa.
A ajuda financeira aos países em desenvolvimento, basicamente para a aquisição da tecnologia necessária para reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estuda, também integra o documento. Após o anúncio de Pronk, uma alta fonte diplomática européia que pediu anonimato declarou à AFP que "o acordo depende da Rússia e do Japão".
O protocolo de Kyoto, cujas modalidades de aplicação estão sendo discutidas em Bonn por mais de 170 ministros do Meio Ambiente, determina a 38 países ocidentales e da Europa oriental a redução, entre 2008 e 2012, de 5,2% das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa em relação aos níveis de 1990.
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