A Flórida, um verdadeiro caldeirão demográfico, vai decidir o destino dos Estados Unidos. No momento, espera-se a recontagem dos votos deste estado para saber quem governará a maior potência mundial durante os próximos quatro anos. Para se proclamar vencedor, tanto o republicano George W. Bush como o democrata Al Gore precisam a todo custo ganhar na Flórida, que detém 25 votos no colegiado eleitoral, o qual escolherá o próximo governante do país. Gore tinha até as 10h30 (horário local) desta quarta-feira 260 grandes eleitores garantidos, contra 246 de Bush. Se o democrata ganhar em Oregon, que tem 7 votos, faltarão apenas três votos para ele alcançar os 270 (mais da metade do total de 538). Na Flórida, reside sua única esperança, assim como a de Bush. Por seu peso eleitoral, a Flórida é o quarto maior estado do país, depois da Califórnia (54 eleitores), Nova York (33) e Texas (32). Segundo as últimas pesquisas, Bush e Gore estão virtualmente empatados, o que está sendo confirmado pelos resultados oficiais.
O estado para o qual estão voltados os olhos do mundo não somente é uma concentração de minorias - hispana, afro-americana e judia - como também possui a maior proporção de cidadão aposentados dos Estados Unidos. Todos os analistas acreditam que o "estado do sol", com seu complexo eleitorado, converteu-se na chave para ganhar a presidência.
Os aposentados representam quase um terço do eleitorado da Flórida, a minoria mais poderosa do estado. No início, a campanha de Gore em matéria de sáude, cobertura média e segurança social devia lhe rende boa parte dos votos da terceira idade.
Também são determinantes as minorias afro-americanas (12% dos eleitores da Flórida) e judia (cerca de 5%), tradicionalmente democratas. A estas minorias, soma-se a de origem hispana (12% dos eleitores), e especialmente a comunidade cubano-norte-americana anti-comunista residente na Flórida. Segundo os analistas, os cubano-norte-americanos, muito envolvidos nestas eleições, pretendem exercer um voto de castigo contra a administração democrata Clinton/Gore. O posicionamento ficou mais claro especialmente depois do caso do garoto Elián, que foi devolvido pelo governo federal ao seu pai, vindo de Cuba.
Em 1996, quase um terço dos cubano-norte-americanos da Flórida votaram no presidente Bill Clinton, segundo pesquisas da empresa Hispanic Trends. Gores, obviamente, esperava que o apoio se repetisse, segundo observadores. Segundo as primeiras estimativas, o Sul da Flórida e o condado de Miami, com suas importantes minorias, votaram pelos democratas ainda que o voto cubano-norte-americano tenha diminuído bastante a amplitude da vitória de Gore.
Em compensação, o Norte e os centros não-urbanos do estado parecem dominados pelos republicanos, segundo um exaustivo estudo divulgado no domingo passado pelo The Miami Herald. Essa ampla zona de classe média, preocupada com a redução dos impostos e com a luta contra a delinqüência, segundo o professor Dario Moreno, da Universidade Internacional da Flórida, votou a favor de Bush (50 mil votos de diferença em todo estado). Entretanto, a complexidade deste estado é tamanha que o irmão de George W.Bush, Jeb, governador da Flórida, não pôde impedir esta dramática disputa.
Há somente um ano, Bush liderava claramente nas pesquisas na Flórida, e não se previa até então uma eleição tão disputada. Os próprios republicanos reconheceram um excesso de confiança neste estado considerado "particular". A Flórida votou a favor do presidente democrata Bill Clinto em 1996, mas foi reduto republicano nos quatro anos anteriores.
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