Super Veloce Unico: conheça a história por trás do superesportivo brasileiro
Carros de pista, pilotos comuns, emoção única: Super Veloce Unico simula os monopostos de F1 e vai de 0 a 100 em 4,5s e chega a 270 km/h
Vou pedir licença para abordar um tema que reflete outro tipo de interesse profissional. Já disse aqui, abertamente, que minha principal atribuição é assessoria de imprensa no meio automotivo. Fomento notícias, entrevistas, avaliações e reportagens junto aos colegas da imprensa automotiva sobre as empresas, as marcas e os produtos dos meus clientes. Trabalho para várias companhias do mundo do automóvel, das quais duas fabricantes, inclusive.
Como sempre, o jogo é bem transparente. Vou citar um cliente que está diretamente inserido no tema desta semana: carros superesportivos construídos para pilotos amadores, que usam seus bólidos geralmente em track days. Por que não?
Estou aqui cheio de dedos, pois a proposta revela um certo conflito de interesses. Eu estaria usando o espaço que o editor deste site me fornece para proveito próprio, dando visibilidade a uma empresa que presto serviços. Pode ser. Há um outro lado dessa história, entretanto: o assunto que escolhi é pouco abordado na mídia automotiva e pode ser uma novidade para apaixonados por carros esportivos. Espero que seja seu caso, portanto.
E cabe dizer que já consegui, como assessor de imprensa, algumas dezenas de reportagens sobre o Super Veloce Unico, em semanas anteriores. O contrato para 2026 está fechado e não será esse retorno de mídia que irá influenciar nesta relação.
Repito: o jogo precisa ser limpo.
Tudo começa com o sonho de um conhecido designer automotivo brasileiro, Adhemar Cabral. Criador e executor de uma réplica do Batmóvel recentemente adquirido pelo jogador Neymar Jr., Adhemar é reconhecido mundialmente por produzir algumas das réplicas mais fidedignas do mundo de monopostos de Fórmula 1. E havia um bom tempo que ele queria criar algum projeto autoral. Eis que aparece na sua frente outro empreendedor nato, igualmente entusiasta do mundo automotivo, chamado Rafael Espindola, que havia sido embaixador da marca Lamborghini no Brasil anos atrás.
Espindola criou uma marca, a Super Veloce, que une um ecossistema inédito de lifestyle, experiências e produtos. Essa marca nasce como como um clube exclusivo de proprietários de Lamborghini e Ferrari, mas evolui para uma comunidade que reúne motores, mentes e corações, criando produtos onde a paixão pela velocidade se entrelaça com o requinte do design italiano. Nesse contexto, Cabral e Espindola resolvem criar algo fora da curva, com muita performance e extremamente exclusivo. Nasce o Unico.
BAC Mono
Corta para a Inglaterra, de onde vem a inspiração dos empresários.
Você já ouviu falar da Briggs Automotive Company? Autora de um projeto radical chamado Mono, a BAC inventou um carro de pista com a proposta de oferecer a experiência mais próxima possível de um carro de corrida em um veículo homologado para uso em vias públicas. Lançado em 2011, o Mono rapidamente se destacou por sua configuração incomum — apenas um assento — e pelo foco absoluto em leveza e desempenho.
Visualmente, o BAC Mono lembra um monoposto de Fórmula, com carroceria aberta, rodas expostas e posição de pilotagem central. A estrutura é baseada em um chassi tubular com monocoque de fibra de carbono, solução típica do automobilismo, que permite manter o peso em cerca de 570 kg, número que o coloca entre os carros de rua mais leves do mundo.
O Mono utiliza um motor 2.5 aspirado de quatro cilindros, montado em posição central-traseira, com potência na casa dos 320 cv. Com essa combinação, a relação peso-potência ultrapassa facilmente a de superesportivos tradicionais. O resultado aparece nos números: aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 3 a 4 segundos e comportamento dinâmico voltado prioritariamente para pista. A transmissão é sequencial de seis marchas, acionada por paddle shifts.
Qual o posicionamento desse tipo de carro? Seduzir aficionados por automóveis que queiram a experiência de pilotar um monoposto em um autódromo. Tão simples quanto isso. É provável que esse sujeito já tenha centenas de km rodados de 911 GT3, por exemplo. Mas entenda que falte o prazer de pilotar um monoposto.
Há algumas outras iniciativas espalhadas pelo mundo de superesportivos de alta performance criados para experiências viscerais em pista, como o KTM X-Bow, o Ariel Atom e o Dallara Stradale, que obedecem ao mesmo princípio de terem sido criados para pistas. Mas só o Mono, como o próprio nome sugere, é concebido como monoposto – os demais são bipostos que, às vezes, ganham adaptação para um assento.
Volta agora para São Paulo.
Super Veloce Unico
O Super Veloce Unico surge como um dos projetos mais ousados já concebidos pela indústria brasileira, combinando engenharia de alto desempenho, exclusividade e filosofia claramente inspirada no automobilismo de competição. Desenvolvido integralmente no Brasil nos últimos dois anos, o modelo é resultado de um trabalho minucioso que envolveu estudos aerodinâmicos em túnel de vento, definição de soluções técnicas avançadas e a criação de uma estrutura produtiva própria, instalada em São Paulo.
O Unico já está sendo homologado, o que é fundamental para viabilizar sua presença em eventos e futuras entregas a clientes. A apresentação ao público foi feita durante o Salão do Automóvel, em novembro, e teve como principal objetivo dar visibilidade ao projeto e abrir caminho para novas encomendas, especialmente considerando que três unidades já foram comercializadas antes mesmo do início da produção em série. A proposta é deliberadamente exclusiva: a fabricação será limitada de 3 a 5 carros por ano, reforçando o caráter artesanal e sob medida do superesportivo.
A personalização é o pilar central do projeto. Cada unidade será construída de acordo com os desejos do proprietário, sem soluções padronizadas ou pacotes fechados. A ideia é que nenhum Unico seja igual ao outro, tanto em termos estéticos quanto técnicos. Essa liberdade de configuração abrange desde materiais estruturais até componentes mecânicos, câmbio e ajustes de suspensão, criando um produto verdadeiramente único, como o próprio nome sugere.
Do ponto de vista conceitual, o Unico é um monoposto desenvolvido para entregar a máxima performance em pistas, com a ambição de reproduzir a sensação de pilotagem de um Fórmula. O design, fortemente influenciado pela escola italiana, alia agressividade e funcionalidade. Cada linha da carroceria tem uma razão técnica de existir, seja para reduzir o arrasto aerodinâmico, melhorar o resfriamento do conjunto mecânico ou gerar downforce, fundamental para garantir estabilidade e neutralidade direcional em frenagens severas e curvas de alta.
A base estrutural do modelo é um chassi tubular de aço-carbono, que pode ser substituído, a pedido do cliente, por estrutura em cromo-molibdênio, ligeiramente mais rígida. A carroceria é inteiramente confeccionada em fibra de carbono e pesa apenas 40 kg, evidenciando o nível de sofisticação tecnológica empregado no projeto. O Unico usa o mesmo fornecedor da Pagani nas bobinas de fibra de carbono.
O conjunto mecânico adota um motor central-traseiro montado transversalmente, baseado no Ford 2.0 Turbo EcoBoost. O 4-cilindros conta com intercooler e recebeu preparação específica, com potência elevada para 360 cv a 6.200 rpm e torque de 42 kgfm a 3.400 rpm. A eletrônica foi totalmente recalibrada, com ECU desenvolvida pela Motronix e gerenciamento eletrônico da Protune. Para clientes que desejarem ainda mais exclusividade, a Super Veloce oferece a possibilidade de motores V6 aspirado ou biturbo.
A transmissão padrão é a Powershift, com trocas sequenciais comandadas por paddles. Nesse conjunto, o Unico acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 4,5 segundos e supera os 270 km/h de velocidade máxima. No entanto, o câmbio original pode ser substituído por unidades sequenciais de 6 marchas da Hewland ou Sadev.
O acerto dinâmico, que vem contando com apoio do piloto Nelsinho Piquet, segue a mesma lógica de um carro de corrida. A suspensão dianteira utiliza triângulos sobrepostos superiores e inferiores, enquanto a traseira é do tipo multilink. O sistema de freios é dimensionado para uso intenso em pista, com pinças de quatro pistões e discos de 380 mm na dianteira e 280 mm na traseira. As rodas Apex de 18 pol calçam pneus 235/40 na frente e 295/35 atrás.
Pensado prioritariamente para circuitos, o Unico trará asa traseira móvel, acionada eletronicamente pelo piloto, permitindo ajustes aerodinâmicos em tempo real. Mais do que um simples exercício de estilo ou potência, o Super Veloce Unico representa uma nova abordagem para o superesportivo brasileiro. Focado em performance, emoção e exclusividade absoluta, o modelo busca provar que é possível desenvolver no país um carro capaz de dialogar com projetos internacionais de nicho, entregando velocidade e experiência visceral em um produto genuinamente nacional. Preço a partir de R$ 1,35 milhão.
Boas Festas, amigo.