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Na hora!
Por Carol Ferreira e Gilson Oliveira

Quase todas as correntes do rock e da música pernambucana desaguaram pelos dois palcos do Circo Maluco Beleza, no Recife, durante os dias 2 e 3 deste mês, quando foi realizada a segunda edição do PE NO ROCK. E, coisa rara no Brasil, todos os shows começaram na hora certa. Coisa maluca! Maluca e beleza.


Esse espírito britânico baixou com tanta força durante as 16 horas totais do evento que, quem nele não acreditou, dançou. Dançou, no mau sentido. Tanto da parte do público que se atrasou, perdendo a oportunidade de conferir que já é possível realizar, com qualidade e sucesso, um festival apenas com bandas do Estado, quanto da parte dos grupos que não subiram no palco na hora, pois perderam a chance de mostrar um trabalho completo às quase 12 mil pessoas que participaram do festival.

Na verdade, a única banda que se atrasou foi exatamente a primeira a se exibir, Spyder e Incógnita Rap. Programada para as 21 horas, chegou 15 minutos atrasada e só pôde fazer metade do set previsto. Pediram desculpas à platéia e aos organizadores, mas não tinha jeito e a apresentação dos rapazes durou cerca de 12 minutos.

A organização do PE no Rock foi bastante eficiente, talvez a melhor dos últimos festivais vistos aqui no Recife. Só para dar uma idéia: o banheiro tinha papel higiênico! A cerveja, por sua vez, estava gelada até o fim – apesar de muito neguinho ter ficado abstêmio, desencorajado pelo R$1,50 cobrado pela latinha (no lado de fora tinha ambulante vendendo por R$ 0,75 centavos, o que deixou um bocado de gente por lá antes das atrações principais). O preço do ingresso, no entanto, foi bastante convidativo, e os R$ 6,00 por noite garantiram o público magnífico. Os shows aconteceram ininterruptamente, alternando-se o palco da lona do circo e o palco principal. Depois de Spyder e Incógnita Rap, apresentaram-se Caiçara e Mônica Feijó, que começaram a esquentar o clima de um público ainda minguado. O quarto show da noite foi comandado pelo Véio Mangaba e suas pastoras endiabradas, que levantou a platéia, provocando uma original roda de pogo ao som do pastoril rock n’ roll. O pessoal provou que está aberto a qualquer tipo de música e que mesmo os que curtem um som mais pesado estão dispostos a curtir estilos diferentes.

Em seguida os Malteses fizeram um show espetacular, um dos melhores do dia, no palco alternativo, imprimindo um clima mais intimista. As atrações seguintes foram Lula Queiroga, que se apresentou no palco principal e mostrou que está retomando a carreira em grande estilo, repetindo a performance alcançada no Abril Pro Rock deste ano, e Escurinho, cujo coco endiabrado empolgou a platéia. Foi alegria geral.

Encerrando a primeira noite, o Mestre Ambrósio provou que tem uma das melhores apresentações em palco do Brasil e impressionou com as músicas novas do CD " Fuá na Casa de Cabral", lançado há dois meses e trazendo algumas músicas do primeiro disco, com novos arranjos. "Usina", por exemplo, está muito mais vigorosa. O público simplesmente não sabia se dançava ou se ficava com os olhos colados na banda, que a todo momento dava demonstrações de dança ou de solos virtuosos. Uma apresentação com tudo na medida certa.

A segunda maratona de bandas começou às 17 horas do sábado, com o show da banda Umbigo de Adão. A pontualidade dos espetáculos foi mantida, mas o público novamente estava pequeno durante as primeiras apresentações. Supersonics subiu no palco principal, em seguida, para detonar seu noise para um público entusiasmado.


A festa teve continuidade com os grupos Expresso 4 Oito e Capitão Severo, que não animaram muito, vindo em seguida a banda Sistema X , que enlouqueceu o público, já espremido em baixo da lona do palco alternativo. Quando Querosene Jacaré entrou no palco principal foi loucura geral. A banda está consolidando a nova formação e já conta com o reconhecimento da galera, que dançou sem parar ao som das músicas novas e antigas. Algumas, como "Catador de Papelão", com arranjos novos.

Depois da banda Nacional Kid, debaixo da lona, foi a vez de Eddie se apresentar no palco principal. O grupo não conseguiu repetir o show eletrizante que fez no Abril Pro Rock e tocou um som mais experimental, que não empolgou muito a quem queria dançar. E dançar foi o que todo mundo fez nas horas que se seguiram, com as apresentações de River Raid, Faces do Subúrbio, Matalanamão e Os Cachorros. O Circo Maluco Beleza já estava completamente lotado e era difícil até se deslocar de um palco para o outro (durante o show de Matalanamão, um dos mastros que seguravam a lona do Circo foi simplesmente arrancado pela multidão).

A loucura tornou-se generalizada quando Os Devotos (ex do Ódio) entraram no palco principal e fizeram uma apresentação de mais de uma hora. O trio tocou praticamente todos os seus hits e incendiou a platéia, que parecia ensandecida. Os milhares de espectadores formaram um verdadeiro mar de gente, com os eventuais redemoinhos das rodas de pogo, e foram um espetáculo à parte.

O balanço final foi extremamente positivo para o PE no Rock. A resposta do público e a qualidade das bandas estavam aí para provar que a cena musical de Recife existe e continua fervilhando. Que venham mais e mais festivais como esse. Cabeça, tronco e membros no Rock.

No site da MUNDI você encontra mais fotos do PE no Rock: mundi.zaz.com.br