![]() Neste fim de século, a música de Pernambuco termina o milênio marcando boa presença em parte da mídia nacional (MTV, TV Cultura, Showbizz, Folha de São Paulo, Estadão, O Globo etc). Entretanto, nem tudo são flores. Ainda existe muitas coisas a serem conquistadas. E, se os artistas do pop-rock e os que fazem música popular e regional já reclamam da falta de apoio e incentivo dos empresários, das FM´s e do próprio público, imaginem a situação daqueles que se dedicam à música instrumental. Mesmo assim, de tempos em tempos, surgem novos talentos na terra do frevo e do maracatu. É o caso do violonista, compositor e arranjador, Manoel Teodoro Liberalquino Ferreira, nascido há 38 anos, na cidade de Canhotinho, interior pernambucano e mais conhecido como Nenéu Liberalquino. |
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Nenéu é o criador de uma técnica peculiar na arte de tocar violão, desenvolvida a partir da sua enorme vontade de se expressar por meio da música e que o levou a vencer limitações físicas impostas pela natureza. A sua execução difere da tradicional no que diz respeito ao posicionamento do instrumento - colocado na horizontal - e na utilização dos cinco pequenos dedos da mão esquerda. Com isso, o músico consegue criar acordes de cinco ou seis sons, obtendo construções harmônicas originais. No dizer do crítico da Folha da Tarde, de São Paulo, Airton Seligman, Liberalquino é "o mais revolucionário violonista dos últimos tempos. Sua música não é apenas tecnicamente revolucionária. Ele tem bom gosto, compõe com emoção e inventividade e sabe dar cor aos temas que interpreta".
Nenéu conta que foi iniciado no mundo da música, ainda criança, pelo seu pai. "Ele me levava para cantar em programas infantis como os da Tia Linda e de Paulo Ferreira, na TV Jornal. Em 1972, ganhei um patrocinado pela Rede Globo, cujo apresentador era o Chacrinha. Fui considerado o melhor cantor infantil do Nordeste cantando uma música de Márcio Greik. O prêmio foi uma bicicleta", conta. Essa fase dura até os seus treze anos de idade (ele começou a cantar com sete), quando se inicia, segundo o instrumentista, o seu período de "monstruação"; em outras palavras: a puberdade.
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