Por dentro do System Folder

Dentro da pasta do sistema, surgiram algumas coisas novas e interessantes. Tentando pôr ordem na bagunça que sempre foi o System Folder, a Apple criou pastas apropriadas para os itens que ficavam perdidos dentro das pastas Extensions e Preferences (um esquema parecido com a criação do folder Fontes no System 7.1).

As pastas que surgiram foram as seguintes:

Scripting Additions (Itens de Scripting) &endash; armazena comandos definidos para o AppleScript;

Text Encodings (Codificações de Texto) &endash; guarda documentos que permitem ao Mac mostrar textos em línguas com caracteres não-ocidentais como cirílico, árabe e chinês;

"Application Support" (Suporte a Aplicativos) &endash; módulos de programas instalados no Mac;

"Shared Libraries" (Bibliotecas Compartilhadas) &endash; guarda as "libs" (módulos de código compartilhados entre os aplicativos), que ficavam na pasta Extensions;

Editors (Editores) &endash; onde ficam os programinhas que gerenciam os componentes do OpenDoc;

Contextual Menu Items (Itens do Menu Contextual) &endash; guarda os plug-ins do menu contextual.

Até aí, morreu o Neves. A coisa começa a esquentar quando se desce um nível, entrando na pasta Control Panels. Aqui as mudanças foram grandes, sendo responsáveis por toda a cara do novo sistema.

Painéis reformados

De novidade, temos os painéis Appearance (Aparência), Desktop Pictures (Figuras de Mesa), Web Sharing (Compartilhamento de Web), Editor Setup e OpenDoc Setup (pertencentes ao OpenDoc), Modem e PPP.

Além dos novos Control Panels, alguns velhos conhecidos receberam cara nova e, algumas vezes, função nova.

O File Sharing sofreu uma bela alteração visual e foi fundido ao Sharing Monitor. Ele agora traz funções que podem ser acessadas pela barra de menu, o que simplificou a confusão de ter que abrir três painéis para conseguir colocar alguém na rede. Para abrir o painel Users and Groups basta dar um simples comando Open (Command-O) no menu File Sharing.

Falando no Users and Groups, este, além de receber uma cara nova, tornou mais intuitivo o trabalho com usuários e grupos. Foram criados novos botões de criar usuário, criar grupo, apagar usuário/grupo e duplicar usuário/grupo, tornando a vida de quem fazia isso muito mais fácil. Definir senha, nome e nível de acesso para novos usuários virou uma tarefa baba, realizada em dois menus pop-up.

Por fim, temos o novo Keyboard (Teclado), que recebeu a possibilidade de manter vários layouts de teclado acessíveis diretamente pelo Finder. O layout de teclado correntemente usado aparece como uma bandeirinha no canto superior direito da barra de menu.

Função bacaninha, que vai agradar bastante os macmaníacos dekasseguis.

Novas funções

Mas a funilaria e pintura nos velhos painéis não é o melhor. O quente são os novos painéis que mudam a cara do sistema e dão a ele novas funções.

O principal é o Appearance, uma fusão de Colors e WindowShade e parte do Views. A configuração é baseada em "cores de acento" com nomes viadescos como Sapphire, Rose, Teal, Emerald e French Blue. Cada umaprovoca uma mudança sutil de coloração nas barras, botões e menus. Aqui tivemos a primeira frustração com o OS 8. Em todas as demos do finado Copland (que Deus o tenha), o que mais impressionava era o seu "Gerenciador de Aparências" que permitia mudar totalmente a cara do Mac, de um aspecto tipo "Silicon-Blade Runner" até algo como "Mac do Bozo" para alegrar a criançada.

Parece que, para cumprir seus rígidos prazos de lançamento, a Apple teve que deixar essa função de fora do Mac OS 8. Novos temas só na versão 8.1 ou 8.2. Ou assim que Greg lançar seu novo shareware.

O Desktop Patterns virou Desktop Pictures e foi dividido em duas partes: o antigo Patterns (com alguns padrões novos, mas tão cafonas como sempre) e o novo Pictures, que permite colocar qualquer figura de fundo no seu Desktop. Há diversas maneiras de adaptar a imagem original. Você pode repeti-la lado a lado, centralizá-la ou esticá-la até cobrir toda a tela. Aceita imagens em PICT, JPEG e GIF.

Os painéis Labels e Views foram desta para melhor e tiveram suas funções realocadas para a barra de menu e para o menu contextual.

E por fim, os extras. O Mac OS 8 vem com vários programas que dão um ar de modernidade ao sistema. Tem programas de Push Media &endash; como o Castanet, da Marimba, e o PointCast &endash; e o Java Runtime, que promete rodar programas escritos em Java direto do Desktop.

Outra novidade é o Apple Web Sharing, que permite compartilhar uma página de Web na Internet (ver MACMANIA#34). Quer dizer, ele faz com que sua máquina se torne um pequeno servidor Web. Basta se conectar, escolher a página a ser compartilhada, e fornecer aos amigos o número do seu IP. Com o custo de acesso e as conexões que temos hoje no Brasil, isso é um tanto inútil para a maioria dos usuários. Mas o QuickTime também era quando foi incorporado ao sistema há cinco anos. E o Web Sharing embutido no sistema pode ser uma maneira muito prática para se montar uma intranet em uma empresa informatizada com Macs.

Nunca foi tão fácil

Uma das grandes vantagens comparativas do Mac é sua facilidade de instalação de softwares. Na maioria das vezes, basta dar dois cliques em um instalador para adicionar um programa ao seu disco. No máximo, arrastar uns ícones para o System Folder. Configurar um aplicativo já é um pouco mais complicado, mas nada comparável a uma configuração no Windows ou no DOS, que costuma mexer nos lugares mais improváveis do disco rígido e às vezes até estraga o sistema.

Com o Mac OS 8, a Apple deu mais um passo à frente na configuração do sistema. O instalador, que já havia sido melhorado no Mac OS 7.6, ficou ainda mais simples. Basta escolher os itens do novo sistema que você quer instalar que ele faz o resto.

Mas a maior inovação é o Setup Assistant. Ele pergunta a hora, sua localização, o nome da máquina, se ela está ligada em rede, impressoras, etc. Uma vez colhidas estas informações, o assistente passa os dados para as respectivas partes do sistema, sem que o usuário tenha que abrir painéis de Data e Hora, Network ou mesmo o Chooser.

Melhor ainda é a configuração para a Internet, fonte de dores de cabeça de centenas de usuários, independente da plataforma. No Mac OS 8, a configuração da máquina para a Internet está embutida na instalação do sistema. O Internet Assistant dá conta do recado.

Qualquer um, com os dados do servidor à mão, pode configurar sem precisar chamar nenhum técnico. Basta entrar com seu endereço, senha, código de acesso, telefone e nome do seu servidor, que o assistente automaticamente configura o modem, o Netscape e o Claris Emailer (já inclusos com seu OS 8).

Agora podemos finalmente dizer em alto e bom som que o Mac é o computador mais fácil de ligar na Internet.

Portanto...

O Mac OS 8 deverá ser vendido no Brasil a partir de agosto. O preço final ainda não foi estabelecido, mas deverá haver uma licença especial para multiusuário. Quem comprar hoje o Mac OS 7.6 (R$ 149) vendido pela MacZone (tel. 0800-130003) terá direito ao upgrade gratuito para o Mac OS 8. A Apple Brasil afirma que a versão em português do sistema deverá sair em setembro.

Grandes mudanças, maior estabilidade, maior velocidade, entrega no prazo. Ao que parece, a Apple encontrou seu caminho. O novo sistema trouxe aquilo que o usuário estava pedindo há anos. Um sistema mais fácil de usar e que permite uma produtividade maior que a obtida no Windows. Pelo menos no terreno dos usuários comuns, a Apple ainda está ganhando terreno. A próxima batalha vai ser no campo dos peso-pesados, com o grande embate Rhapsody versus NT. Se a Apple continuar assim, cumprindo o que promete, a briga vai ser boa.

LUIZ FERNANDO D. DIAS

Trabalha na Ciclo Graphics.

*Colaboraram Mario AV e Carlos Witte

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