A indústria musical está passando por uma fase turbulenta nos Estados Unidos. A mudança comportamental que o programa Napster gerou a partir da possibilidade das pessoas trocarem arquivos de música em mp3 entre si é encarada como uma ameaça às gravadoras. O desconforto entre os donos dessas grandes indústrias com a empresa é tão grande que a Riaa (Associação das Gravadoras dos Estados Unidos, que inclui 18 gravadoras, como Warner, Universal e Sony) moveu um processo contra a Napster. No centro da questão, artistas ampliam o debate sobre a distribuição de suas obras.
Napster é um programa que facilita a troca de arquivos em mp3 entre usuários da Internet. Com o programa (criado no ano passado por Shawn Fannin, 19 anos), é possível que um internauta procure músicas de um determinado artista em um banco de dados virtual e gigantesco, encontre-a e baixe o arquivo para o seu computador sem pagar nada. É a possibilidade das pessoas adquirirem apenas as músicas que mais gostam de diferentes bandas e artistas, ou ainda de fazer o download de obras que ainda não conhece para ouvir a música sem ter a necessidade de comprar o CD.
É exatamente essa independência do consumidor que preocupa os grandes empresários da indústria fonográfica. A Riaa moveu um processo contra a Napster por violação dos direitos autorais, já que a movimentação é feita sem o consentimento dos músicos. A associação pede que seja proibida o compartilhamento de faixas de seus artistas, além do fechamento da Napster.
Na semana passada, o advogado da Napster defendeu a empresa em um tribunal de São Francisco afirmado que "a Riaa vê a Napster como uma ameaça porque irá reduzir seu controle sobre o número de vendas". David Boies alegou ainda que o intercâmbio de música pela Internet é legal pois não desrespeita os direitos dos artistas, já que os usuários não pagam e nem recebem dinheiro durante a transferência de arquivos. Isso não seria base para um processo, pois não há delito, disse o advogado.
Um pesquisa realizada a pedido da Napster entre cerca de 1.600 usuários do programa indicou que 28,3% das pessoas aumentaram a compra de CDs, 63,6% continuam comprando a mesma quantidade, e 8,1% afirmaram que diminuíram a compra de discos após adotarem o Napster.
Apoiando a liberdade dos fãs e criticando duramente a indústria fonográfica, Courtney Love, vocalista de banda Hole e ex-mulher de Kurt Cobain, ex-líder do Nirvana, discursou em favor da Napster em uma manifestação no último dia 14 (publicado na revista eletrônica Salon). Ela explica matematicamente o relacionamento entre artistas e gravadoras. No texto, a cantora aponta o faturamento das gravadoras e os métodos segundo ela nocivos de que as bandas são vítimas. (leia mais em Salon).
Ao lado da Hole, Offspring, Blur e Limp Bizkit (que fará um turnê de entrada franca promovida pela Napster nos próximos meses). Contra a Naspter, o Metallica lidera no quesito indignação, dizendo que os fãs que querem as músicas da banda sem comprar o CD devem desaparecer. O rapper Dr. Dre também condena o uso do programa. O processo judicial ainda está em andamento.