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Infoguerra Como o Promis é usado para espionar outros países

Terça, 30 de outubro de 2001, 19h49
Se considerarmos a hipótese de que o Departamento de Justiça (DoJ) realmente roubou da Inslaw a versão avançada do Promis, é importante compreender os motivos que o levaram a fazer isso. Obviamente, o DoJ não teria roubado o software por não poder pagar os royalties à empresa de Hamilton. Para esclarecermos esse ponto, é preciso saber o que houve com o Promis depois que ele caiu nas mãos do Departamento.

Durante a longa luta na justiça para reaver os direitos de propriedade sobre o seu produto, William Hamilton e Dean Merrill, respectivamente presidente e vice-presidente da Inslaw, reconheceram uma foto de Rafael Etian, que era, em 1983, chefe do serviço secreto de Israel (Mossad). De acordo com a Wired News, Etian teria se apresentado como Ben Orr, um procurador público de Israel, quando fez uma visita ao escritório da Inslaw em Washington para uma demonstração do software, em fevereiro de 1983. De acordo com documentos do DoJ, poucos meses depois disso Etian teria levado do Departamento uma cópia do programa.

Ari Ben Menashe, um espião que trabalhou para o Mossad sob a liderança de Rafael Etian, confirma a história em seu livro Profits of War. "Ele (Etian) me chamou e disse: 'Podemos usar este programa para destruir terroristas mantendo o rastro de cada um. Mas não é só isso. Podemos saber o que nossos inimigos sabem, também'", diz um trecho do livro. Etian havia compreendido que o Promis seria muito útil para o violento conflito que estava ocorrendo entre Israel e os palestinos na época. Segundo o site Cryptome, especializado em segurança e criptografia, Etian ordenou que um grupo de programadores do Lakam, outro braço da inteligência de Israel, desmontasse os códigos de programação do software e inserisse vários elementos novos, de modo que não houvesse nenhum risco de alguém reclamar os direitos de propriedade do Promis.

De acordo com Menashe, a única coisa que faltava ao programa era um backdoor, ou seja, uma espécie de trojan, que permitisse que as agências de inteligência de Israel penetrassem nos computadores dos seus adversários políticos. Sem problemas. O referido backdoor foi desenvolvido por uma empresa com sede na Califórnia, chamada Software and Engineering Consultants, de propriedade de um israelense que Menashe conhecia desde a infância. "De acordo com programadores com quem falei em Israel, o backdoor do Promis é indetectável. Mesmo se uma nação que comprou o Promis souber da sua existência, não poderá removê-lo", diz outro trecho do livro.

Com o backdoor instalado, o programa estava pronto para ser vendido aos países que Israel tinha interesse em monitorar. Menashe revela que, para isso, Etian contou com a ajuda de outros dois personagens centrais nessa história: Earl W. Brian e Robert Maxwell. O primeiro, um ex-agente da Central Intelligence Agency (CIA) dos EUA, que continuava trabalhando para os serviços secretos americanos e que tinha o respaldo de uma empresa de informática chamada Hadron, adquirida por ele. O segundo, um homem de confiança dos agentes secretos israelenses que, além de também possuir uma empresa de informática, tinha boas relações tanto com os países capitalistas como com aqueles do antigo bloco soviético.

Brian então vendeu o software para a Jordânia, país escolhido para "testar" a nova arma de espionagem de Israel. Mas o governo dos EUA também tinha seus planos para o Promis. De acordo com o Profits of War, quando as agências de inteligência americanas souberam que o backdoor funcionava, resolveram criar o seu próprio backdoor, para vender o Promis a vários países do mundo. O software então foi entregue para a empresa de informática Wackenhut, da Flórida — que trabalhava para os serviços de inteligência americanos — e o backdoor foi desenvolvido.

Estes fatos lembram uma conhecida frase dita pelo ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, dirigida aos terroristas: "Vocês podem correr, mas não podem se esconder".

Menashe disse à Wired que outros departamentos do governo de Israel também conheceram o Promis, por meio de Earl Brian. Em 1987, ele teria feito apresentações com o objetivo de facilitar o uso do software. "Dr. Brian começou sua apresentação dizendo que todas as agências de inteligência americanas, incluindo a Defense Intelligence Agency, a Central Intelligence Agency (CIA), e a National Security Agency (NSA), além do Departamento de Justiça dos EUA, estavam usando o software de computador Promis", afirmou Menasche.

Segundo a edição de 19 de setembro de 1997 do Washington Business Journal, a partir de então, o governo dos EUA e as agências de inteligência israelenses trabalharam juntos para vender o Promis para bancos do mundo inteiro, assim como para 88 governos estrangeiros.

Desde então o Promis é usado como um instrumento para espionagem, que permite aos agentes de inteligência monitorar bancos e governos que usam o software. "Se o DoJ não roubasse o software, a Inslaw estaria recebendo royalties sobre o seu uso, e descobriria a existência do alegado instrumento de espionagem", diz um trecho do artigo. Evidentemente, o governo americano não queria que ninguém, nem mesmo a Inslaw, soubesse para que fins o Promis estava sendo usado.

Hamilton diz que o software foi vendido ilegalmente para o Iraque, Líbia, Egito, Arábia Saudita, Israel, Jordânia, França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Coréia do Sul e Japão. Segundo um artigo de Art Kunkin publicado pelo site de segurança francês IntrinSec, 88 países, no total, e muitos bancos do mundo inteiro compraram o Promis. A disseminação desse programa teria permitido aos EUA a criação de um fundo de muitos milhões de dólares para beneficiar ilegalmente diversas pessoas do governo americano, inclusive 26 membros do Congresso. O artigo diz ainda que há um grupo de hackers na CIA, chamado de "Quinta Coluna" que, usando o Promis, monitora três mil contas estrangeiras, nas quais ocorrem transferências internacionais de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de organizações terroristas.

O Promis é capaz de procurar em seus bancos de dados integrados qualquer referência que já existiu sobre uma pessoa, mesmo que esta tenha usado nomes diferentes. "O programa é sofisticado o suficiente para encontrar um detalhe que revelaria a verdadeira identidade", diz outro trecho do livro Profits of War.

O Brasil também teria comprado o software durante o governo de Figueiredo, segundo o depoimento de Charles Hayes a uma corte americana, em 1997. Hayes é um técnico aposentado da CIA e oficial da Força Aérea dos EUA, que tinha negócios no Brasil. De acordo com o depoimento, oficiais do governo brasileiro pediram a ajuda de Hayes para recuperar pedras preciosas que tinham sido negociadas com os EUA. (Esse fato foi gerador de um outro escândalo, que resultou em processo contra o então ministro da Justiça brasileiro, Ibrahim Abi-Akel, e outros parlamentares).

Hayes disse ter presenciado um telefonema que Brian fez do Brasil para o Procurador Geral Ed Meese, que estava nos EUA, pedindo uma autorização para vender o Promis para o governo brasileiro. Ele disse que em nenhum momento Brian mencionou o nome da empresa Inslaw, criadora do programa. O próprio Hayes usou o Promis para rastrear contas bancárias de membros do congresso americano.

O Mossad de Israel também teria usado o programa para saber onde Yasser Arafat estava indo e o que estava planejando. Além disso, poderia rastrear os passos das organizações terroristas palestinas.

Documentos obtidos pelo Comitê do Poder Judiciário dos EUA comprovam também que várias agências canadenses possuem o Promis. Entre esses documentos, há duas cartas de agências canadenses enviadas à Inslaw, pedindo manuais detalhados sobre o programa – sendo que a Inslaw nunca vendeu o Promis para o Canadá. Oficiais desse país agora alegam que as cartas foram "um erro". Uma reportagem do The Toronto Star, do dia 4 de setembro de 2000, fala sobre isso. Um ex-militar chamado Bill Tyree, teria descrito detalhadamente a venda de uma cópia pirata do Promis para o Canadá, que estaria investigando a existência de um backdoor no programa, capaz de comprometer a segurança do país.

O Promis também permitiria que o Mossad e a CIA espionassem contas em bancos de todo o mundo. Michael Riconosciuto, o programador que diz ter criado um backdoor para o Promis, afirma ainda saber de um encontro com representantes do Banco Mundial em 1983, no qual o DoJ vinha representado por Lowell Jensen, e na qual estava presente também Stanley Sporkin, então conselheiro geral da CIA. Segundo o site IntrinSec, a decisão de implantar o Promis no Banco Mundial teria vindo da Divisão de Operações Bancárias da CIA, para permitir que as agências de inteligência americanas fossem avisadas de planos de países devedores para fugir do pagamento de empréstimos. Durante os primeiros anos da era Reagan, muitos países subdesenvolvidos cogitaram o não pagamento dos empréstimos. Acredita-se que isso tenha permitido também aos EUA o conhecimento de investimentos secretos da então União Soviética.

Earl Brian, o maior responsável pela disseminação do Promis, está preso. Ele foi considerado culpado em 10 dos 13 itens nos quais era acusado, num julgamento de uma corte da Califórnia, em 1996. Cada uma delas tem no mínimo nove anos de pena, portanto, Brian, que na época estava com 53 anos, está condenado a 90 anos de prisão. Ele também está sendo processado no Canadá. Segundo o site Associated Communications Internet (ACI), a corte não liberou informações sobre quais seriam as acusações que condenaram Brian. A corte estava aparentemente sob pressão política do então governo George Bush. Brian afirma que adquiriu os direitos de propriedade do software.

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Priscila Perdoncini

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