33 Anos de Mario Paint: jogo trouxe arte e música ao SNES em 1992
Com mouse e criatividade, game virou o estúdio caseiro de uma geração
Em 1992, a Nintendo surpreendeu o mundo dos videogames com algo totalmente fora do padrão: Mario Paint, um título que não era exatamente um jogo, mas uma ferramenta criativa lançada para o Super Nintendo. Em vez de fases, inimigos ou power-ups, os jogadores encontravam uma tela em branco, uma paleta de cores e infinitas possibilidades para libearem sua criatividade.
Mario Paint não era apenas um jogo; era um estúdio de arte e som em um cartucho. Acompanhado de um Mouse, um periférico inédito para o SNES, ele permitia que os usuários desenhassem, pintassem, criassem animações rudimentares e até mesmo compusessem músicas. Com uma interface intuitiva e divertida, ele possibilitou a criação digital para uma geração inteira de crianças e adolescentes.
A seção de desenho e pintura oferecia diversos pincéis, cores e selos com personagens e objetos do universo Mario. Era possível criar paisagens, retratos ou simplesmente rabiscar sem compromisso. A funcionalidade de animação, ainda que básica, permitia a criação de pequenos clipes que podiam ser visualizados quadro a quadro, introduzindo conceitos de pixel art e stop motion de forma lúdica.
Mas talvez a parte mais revolucionária de Mario Paint fosse o seu compositor musical. Com uma grade simples e uma variedade de sons que incluíam desde instrumentos tradicionais até ruídos engraçados, os jogadores podiam arrastar notas e criar suas próprias melodias. Era uma introdução divertida à música e à composição, permitindo que qualquer um se sentisse um maestro - inclusive, algumas pessoas levam bem a sério as composições no Mario Paint, reproduzindo músicas famosas e colocando ono YouTube.
Além das ferramentas criativas, Mario Paint também contava com minigames, como o famoso "Fly Swatter" (Caça-Moscas), que exigia reflexos rápidos e precisão com o mouse. Esses pequenos desafios adicionavam um elemento de diversão e competição, garantindo que o jogo fosse mais do que apenas um software de produtividade.
Art Alive!: A tentativa da Sega no desenho
Um ano antes de Mario Paint, em 1991, a Sega lançou Art Alive! para o Mega Drive, um jogo que também oferecia aos seus usuários suas próprias ferramentas para a expressão artística na tela da televisão.
No entanto, Art Alive veio sem o benefício de um periférico de mouse - ele seria lançado para o console apenas em 1993 - fazendo com que o jogo dependesse unicamente do controle do Mega Drive, o que naturalmente tornava a experiência de desenho bem menos precisa e mais desafiadora.
Além disso, sua proposta era mais simples: o jogador podia desenhar e pintar livremente, aplicar carimbos de personagens da Sega como Sonic, ToeJam & Earl e outros, mas não havia opções de animação ou música. A interface era funcional, mas menos amigável e criativa em comparação ao rival da Nintendo - isso sem contar que ele não tinha a opção de salvar as criações, o que significava que todo o trabalho se perdia ao desligar o console.
Embora Art Alive tenha vindo antes como uma tentativa válida da Sega de explorar o mercado de softwares criativos em consoles, Mario Paint se destacou como o título superior, proporcionando uma experiência de uso muito mais fluida e completa.
O legado de Mario Paint
escute acima reprodução da música Get Lucky, do Daft Punk, feita no Mario Paint
Mario Paint não foi apenas um jogo de desenho: ele foi um precursor da criação de conteúdo digital em um ambiente de console, inspirando uma geração a explorar a arte e a música de forma divertida e acessível, estimulando a criatividade em milhões de crianças e jovens.
E tudo isso em uma época que nõ havia celulares e ferramentas digitais voltadas à criação audiovisual, hoje facilmente disponíveis em redes sociais como YouTube, Instagram e TikTok.
Em um mundo onde atualmente a criação de conteúdo digital é onipresente, é fascinante olhar para trás e perceber que a semente dessa revolução foi plantada há 33 anos, por um encanador bigodudo e um mouse no Super Nintendo.