João Fonseca encerra compromissos oficiais de 2025 dentro do top 30
João Fonseca entrou no top 25 da ATP e pode ser cabeça de chave no Australian Open.
O tenista brasileiro João Fonseca concluiu os compromissos de sua primeira temporada como atleta profissional em 2025 ao alcançar a segunda rodada do ATP 1000 de Paris. Ele abriu mão da vaga no torneio 250 de Atenas para cuidar de uma lombalgia. Ainda não há posicionamento oficial, mas a tendência é que João também pule o Next Gen Finals. O carioca ainda disputa um amistoso contra Carlos Alcaraz em Miami em dezembro, mas não pode mais somar pontos no ranking. Com isso, Fonseca deve confirmar sua posição dentro do top 30 e uma vaga entre os cabeças de chave no Australian Open de 2026.
João termina 2025 com quatro títulos conquistados, sendo dois no nível Challenger e outros dois no nível principal da ATP. Sua trajetória se iniciou com vitória em Camberra na final contra Ethan Quinn e o primeiro troféu profissional levantado pelo brasileiro. Em fevereiro, Fonseca foi campeão do 250 de Buenos Aires com atuações memoráveis. Um mês depois, bateu Bublik, que atualmente ocupa o top 20 do ranking, na decisão do Challenger de Phoenix. Fechando a galeria, João Fonseca venceu Alejandro Fokina, top 15, na decisão do ATP 500 da Basileia, o maior título da jovem carreira profissional até aqui.
O carioca também marcou o mundo do tênis durante suas exibições em Grand Slams. No primeiro da carreira, João Fonseca estreiou com vitória histórica sobre o então 9º do ranking, Andrey Rublev. O triunfo por 3 sets a 0 foi extremamente relevante e o consolidou como um dos mais promissores tenistas da geração. A eliminação na segunda rodada, em uma batalha memorável em cinco sets contra Lorenzo Sonego, encerrou a participação do brasileiro na Austrália. Mais tarde, em Roland Garros, foi até a terceira rodada e parou em Jack Draper, tendo sido dominado pelo número 5 da ATP. No torneio da Inglaterra, em Wimbledon, também chegou ao terceiro round, mas saiu do campeonato diante de Nicolas Jarry. Fechando o ano dos Slams, parou em Tomas Machac durante a segunda rodada do US Open, em uma partida em que chegou a disputar o tie break no primeiro set.
Fonseca venceu partidas em todos os quatro principais torneios do calendário e teve mais aspectos positivos do que negativos para guardar na memória. A análise, no entanto, também precisa passar pelas derrotas precoces que marcaram o ano do brasileiro. João perdeu na primeira partida do Rio Open, logo depois do título em Buenos Aires, muito por conta do desgaste que vinha acumulando desde o Next Gen Finals de dezembro de 2024, em que foi campeão na Arábia Saudita. Outras eliminações em primeiras rodadas, como nos Masters 1000 de Roma, para Marozsan, e de Toronto, caindo diante de Schoolkate, atrapalharam um pouco sua arrancada.
Fonseca conclui 2025 com um histórico de 6 vitórias em 12 partidas em Masters 1000, 6 triunfos em 10 confrontos em Grand Slam e um total de 17 rodadas vencidas em 27 disputadas ao longo do calendário do ATP Tour, contando também torneios 250 e 500. Ou seja, João decolou em seu primeiro ano jogando como atleta profissional e mostrou muita qualidade, vencendo nomes de destaque no ranking, lidando bem com derrotas e as utilizando como aprendizado e construindo uma trajetória valiosa para o futuro.
Entre os dias 6 de janeiro (data da primeira divulgação oficial da ATP) e 30 de outubro, logo após sua participação no Masters 1000 de Paris, João Fonseca subiu 89 posições no ranking e saiu do 113º para o 24º lugar da tabela. A posição final ainda pode ser alterada, mas o brasileiro tem grandes chances de ser cabeça de chave no Australian Open 2026.
Focando especificamente em Fonseca dentro de quadra e suas características de jogo, o brasileiro mostrou muita evolução técnica, física e mental. A falta de experiência ainda prega peças no novato de 19 anos de idade, mas João tem muita consciência de suas habilidades e conceitos que ainda precisa melhorar. O forehand de direita é claramente sua arma para vencer partidas, enquanto o backhand de esquerda sofre ao menos um pouco para acompanhar o ritmo. O saque do carioca constantemente o ajuda a desamarrar duelos complicados e, no entanto, por outro lado, também o prejudica em momentos de tensão, como no game decisivo que encaminhou a eliminação na Basileia com duas duplas faltas.
Fonseca sustenta trocas longas no fundo da quadra, tem muita força ao colocar a raquete na bola e vence muitos pontos devido a velocidade que impõe durante as disputas. A potência do braço direito é quase que necessariamente acompanhada do nível de confiança que o brasileiro tem na partida. Quando um destes dois quesitos não está no topo, o outro é naturalmente diminuído, o que acaba impactando em toda a perfomance de João em quadra.
Um ponto fundamental que precisa ser aprimorado é conseguir reverter situações adversas. João Fonseca ainda sofre para virar partidas em que perde games de saque precocemente, ou seja, quando é quebrado no set. Juntando a isso, o tenista por vezes perde a concentração, acaba deixando a partida "ir embora" ao se irritar com erros cometidos e falha para virar partidas em que começa atrás do placar. Tudo isso é perfeitamente aceitável de um jogador ainda em formação.
Existem aspectos que só são aperfeiçoados com o tempo, como a parte física. É natural que um atleta sub-20 sofra com o desgaste que o calendário da ATP gera. Por este motivo, Fonseca e seu time montaram um cronograma com muitos intervalos, alguns de longa duração, para preservar o corpo do jogador. A decisão de se ausentar de algumas competições gerou questionamentos de fãs, mas a posição no ranking mostra que a estratégia foi acertada e, as expectativas, superadas. A participação em apenas seis torneios nível 250 e 500 no total em 2025, divididos igualmente, pode ser enxergada como baixa, principalmente levando em consideração a idade de João. Por outro lado, a estratégia foi conversada internamente e aprovada por todos os membros envolvidos com a carreira do brasileiro.
A maturidade que o jovem apresenta em entrevistas chama atenção. João Fonseca utiliza muito o termo "eu" quando analisa derrotas, mas sempre divide a responsabilidade do sucesso com a comissão técnica liderada por Guilherme Teixeira e também com sua família quando vai ao microfone pós-jogo. E aqui cabe falar sobre o treinador que acompanha o melhor tenista brasileiro da atualidade.
Fonseca deposita confiança extrema em Gui Teixeira e o considera quase como um "segundo pai" no esporte. Apesar da pouca experiência a nível profissional, o técnico está ao lado de João há mais cinco temporadas, antes mesmo do jovem decidir se assumiria o compromisso de virar jogador da ATP. A parceria é bem vista por grande parte dos fãs, mas também há quem diga que João necessita de alguém com mais tradição na beira da quadra para o impulsionar ainda mais. Fato é que a dupla, somada aos demais membros da comissão, tem construído uma história vitoriosa, de aprendizado mútuo e extremamente promissora.
O amistoso entre João Fonseca e Alcaraz é uma ótima oportunidade para que o jovem enfrente o melhor tenista do mundo sem a pressão de precisar vencer para avançar em um torneio oficial, e isto é extremamente favorável ao brasileiro. Por outro lado, o duelo também mostra o interesse mundial de atletas, público e organizadores em Fonseca, já que ambos os participantes foram convidados para o jogo em Miami, nos Estados Unidos. O brasileiro arrasta os fãs aos estádios em todo o mundo, e a tendência é que o numero de partidas de João em quadras centrais dos grandes torneios cresça em 2026.
Ao acumular experiências valiosas em seu primeiro ano, Fonseca agora já pode olhar para 2026. João vai entrar na próxima temporada pressionado por resultados ainda melhores, e é bem capaz de alcançá-los, ainda mais levando em conta que ele não chegou a disputar oitavas de final em Masters 1000 ou Slams. A tendência é que o brasileiro siga em evolução para, quem sabe, se posicionar entre os 15 melhores do ranking. João gera muita expectativa externa e lida bem com isso internamente, demonstrando muito potencial dentro da quadra e apresentando um alto nível de jogo em todas as superfícies de quadras oferecidas pela ATP.