Pequena e vazia: casa do Danubio não vai assustar São Paulo
Até terça-feira, apenas 700 ingressos, de 14 mil, haviam sido vendidos para partida no Estádio Luis Franzini
Se o São Paulo passou por apuros diante do San Lorenzo, no Nuevo Gasômetro, em Buenos Aires, na noite da última terça-feira já deu para sentir que o clima do Estádio Luis Franzini, em Montevidéu, será de bastante sossego para a decisiva partida diante do Danubio, às 22h (de Brasília), desta quarta-feira. Jogo este de fundamental importância em busca de uma vaga no Grupo 2 da Libertadores da América.
No melhor estilo dos estádios acanhados e que não geram lucro entre partidas de clubes do interior do Campeonato Paulista, o time tricolor encara os uruguaios com a perspectiva de pouco mais de duas mil pessoas – sendo que o estádio tem capacidade para 14 mil torcedores. Além disso, de acordo com o clube visitante, apenas 700 entradas haviam sido vendidas de forma antecipada.
“Acho que se der 1.500 pessoas aqui vai ser muito”, opinou o jornalista uruguaio Diego Gard, que tem um programa de rádio local chamado “As vozes do futebol”. “Além disso, eles venceram o Peñarol na rodada passada, e estão em primeiro no Campeonato Uruguaio agora. Está todo mundo desinteressado”, completou.
Para o também jornalista uruguaio Mathías Rosello, da Rádio Nacional de Montevidéu, “pode ser que tenha até mais brasileiro do que uruguaio no estádio”, e que a única chance de isso não acontecer é que “as pessoas podem se empolgar para querer ver jogadores como o (Alexandre) Pato, o Rogério Ceni, o Luís Fabiano, ou mesmo o (Paulo Henrique) Ganso. Só assim mesmo”.
Como se não bastasse o ambiente favorável para uma partida de vida ou morte nesta que a competição mais importante do calendário do ano, o São Paulo ainda contará com o suporte, mesmo que espiritual, do “zelador” do estádio. Jorge Etchverry é o que os uruguaios chamam de “intendente de la cancha” do Defensor Sporting – onde o Danubio manda suas partidas.
“Somos como Tom e Jerry. Nos odiamos”, brincou. “Digo que eles são como os meus primos. É porque eu não falo mais com os meus primos. Nós brigamos”, continuou. Campeão nacional nos anos de 1976, 1987, 1991 e 2008, Etchverry mostra com orgulho as acanhadas dependências que toma conta.
Apresenta o mural de fotos dos principais jogadores nascidos e criados no Defensor, com um carinho especial para Loco Abreu, ídolo recente do Botafogo que qualquer brasileiro conhece. “É uma pessoa fabulosa, cresceu com a gente aqui. Mas é meio pirado mesmo”, reconheceu, sempre rindo.
Se são apenas 14 mil lugares, pior ainda para os profissionais de imprensa. Não existe qualquer setor do estádio em que você esteja protegido da chuva – constatação adquirida no treino de reconhecimento do São Paulo, na última terça-feira. O único lugar teoricamente protegido deve ser reservado.
É porque as cabines de transmissão para as rádios, por exemplo, que não precisam pagar pelos direitos de transmissão da Libertadores, só serão liberadas para os profissionais de imprensa brasileiros se as emissoras locais não ocuparem todos os oito espaços disponíveis. “É assim que funciona aqui, amigo, não posso fazer nada”, explicou o “zelador” a um jornalista brasileiro que tentava ao máximo entender as regras do estádio à la “Campeonato Paulista”.