Polêmica no Boxe: campeãs olímpicas passarão por teste de gênero para disputar campeonato mundial
Teste genético é capaz de identificar a presença do cromossomo Y. A medida busca "garantir a equidade competitiva" no torneio.
A polêmica em torno da participação feminina no boxe voltou ao centro das atenções nesta semana. A World Boxing, entidade que hoje regula a modalidade olímpica, anunciou que todas as atletas inscritas no Campeonato Mundial de Boxe, marcado para setembro em Liverpool, Inglaterra, deverão se submeter a testes de gênero antes de subir no ringue.
O exame consiste em um teste genético capaz de identificar a presença do cromossomo Y. Caso o resultado aponte material genético masculino, a atleta poderá ser realocada para a categoria masculina. Segundo a federação, a medida busca "garantir a equidade competitiva" no torneio.
Entre as afetadas está a campeã olímpica Imane Khelif, da Argélia, medalha de ouro nos Jogos de Paris 2024. A atleta já havia enfrentado controvérsias em 2023, quando foi suspensa pela antiga federação IBA sob alegações de irregularidades genéticas — decisão considerada "arbitrária" pelo Comitê Olímpico Internacional, que a autorizou a competir em Paris. Mais recentemente, Khelif chegou a ser barrada em um torneio na Holanda por não ter realizado exames adicionais, episódio pelo qual a própria World Boxing pediu desculpas públicas.
Outra campeã olímpica que aceitou a nova exigência é a taiwanesa Lin Yu-ting, referência da categoria. Seu treinador declarou que a decisão não foi opcional: "Se você quer competir, precisa seguir as regras da competição. Anunciaram que todas devem passar, então também passaremos."
A medida, no entanto, segue cercada de críticas. Entidades de direitos humanos e especialistas em saúde questionam tanto os critérios científicos quanto os impactos na privacidade das atletas. Para a World Boxing, entretanto, trata-se de uma regra necessária para evitar dúvidas quanto à elegibilidade e manter a credibilidade do esporte.
O Mundial em Liverpool será o primeiro torneio de grande porte a aplicar a nova política. Até lá, a pressão sobre Khelif e demais boxeadoras deve crescer,