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OPINIÃO: 'COB deve preservar avanços em gestão ao encarar crise'

Pressionada, entidade enfim preencheu o cargo de líder de conformidade e agora tem de apurar denúncias

17 fev 2020 - 09h04
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Focado na preparação do Brasil para os Jogos de Tóquio-2020, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) enfrenta uma grave crise interna e precisa tomar todos os cuidados possíveis para evitar que questões políticas respinguem nos atletas. Afinal, apesar dos problemas financeiros do país, temos um Time Brasil repleto de astros e estrelas com perspectivas animadoras, pelo menos no curto prazo.

Comissão de Atletas do COB tem poder de propor representações por atos antiéticos (Foto: Rafael Bello/COB)
Comissão de Atletas do COB tem poder de propor representações por atos antiéticos (Foto: Rafael Bello/COB)
Foto: Lance!

Quem vai ou pretende ir para a Olimpíada terá de se fechar neste momento e deixar de lado qualquer preocupação externa. Mas a Comissão de Atletas do COB, formada por nomes ativos nas causas do setor, tem o dever de seguir 100% atenta ao que acontece nos bastidores e se posicionar da forma que mais beneficie seu propósito de existir, ou seja, os próprios atletas. Ao mesmo tempo, órgãos internos que buscam garantir a transparência, como o Conselho de Ética, devem atuar de forma independente.

Com a proximidade da eleição presidencial na entidade, marcada para novembro, dirigentes de confederações se articulam desde já, com o pensamento no próximo ciclo olímpico. Se não bastasse, os últimos meses foram marcados por denúncias sobre possíveis irregularidades em contratos firmados pelo COB, além de uma tentativa de mudança do estatuto na surdina e de problemas na gestão do Laboratório Olímpico, estes revelados pelo LANCE!, que agitaram as águas tranquilas pelas quais o presidente Paulo Wanderley navegou durante três anos.

Como resposta, o COB tenta organizar sua estrutura para atender à demanda da comunidade esportiva por boas práticas de gestão. Até porque, além do sufoco que é sustentar projetos esportivos no Brasil, o Comitê tem nas verbas das loterias federais sua maior fonte de receitas. Mas alguns alertas se fazem necessários.

O Conselho de Ética recebeu no mês passado dois requerimentos de instauração de processos ético-disciplinares de dois ex-dirigentes de confederações e os arquivou, sob a alegação de que os denunciantes não têm legitimidade para fazerem suas solicitações.

O COB explicou, em nota, que são legitimados a propor tal medida, segundo o estatuto, um seleto grupo, que inclui os integrantes da entidade, os membros de seus Poderes, a Comissão de Atletas e o gerente de conformidade, cargo que ficou vago por quase cinco meses, em plena crise, e só foi preenchido na última semana. De fato, não é justo que qualquer pessoa com interesses políticos abra denúncias contra quem está no poder, sem que procedimentos técnicos sejam cumpridos. Mas fatos relevantes publicados na imprensa não podem ser ignorados ou minimizados.

O esporte é um setor que necessita de financiamento privado para prosperar. Se a missão já difícil em tempos de economia desfavorável, se torna ainda mais conturbada quando indícios de práticas poucos transparentes vêm à tona. O COB, pressionado, agiu e anunciou Nelson Valsoni para o posto de gerente de conformidade. Não havia como ser diferente. Agora, também negocia a contratação de um especialista em gerenciar crises.

Os fatos denunciados terão de ser apurados. Que Valsioni, profissional de currículo respeitável, cumpra a sua missão, sem favorecer A ou B na disputa eleitoral que se aproxima. O esporte olímpico brasileiro viu avanços importantes nos últimos anos e não pode parar no tempo.

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