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Luiz Fernando Gomes: Hora da verdade para Fluminense e Vasco

2 dez 2018 - 08h12
(atualizado às 08h12)
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Vão muito além dos gramados os motivos que levam Fluminense e Vasco a chegarem a essa última rodada do Brasileirão assombrados pelo fantasma do rebaixamento. O que se passa dentro do campo tem tudo a ver com a realidade conturbada que os dois clubes vivem na política interna, comandados por presidentes enfraquecidos e dedicados muito mais à própria sobrevivência no cargo do que em atender as demandas da gestão e cumprir os compromissos administrativos.

Fluminense e Vasco chegam ameaçados na última rodada do Brasileirão (Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)
Fluminense e Vasco chegam ameaçados na última rodada do Brasileirão (Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)
Foto: Lance!

Não há como não relacionar-se as duas coisas. E não é mera coincidência que seja assim.

A crise do Vasco não é nova. Como novo não é o martírio do futebol cruz-maltino - esse pode ser o quarto rebaixamento do time desde 2008. As sucessivas e desastradas passagens de Roberto Dinamite e Eurico Miranda pela presidência, denúncias de fraudes e desvios, eleições manipuladas e anuladas e, por fim, a chegada de Alexandre Campello ao poder sem ter um respaldo político consistente, fruto apenas de uma manobra eleitoreira dos euriquistas, mergulharam o clube num caos administrativo e institucional jamais visto em sua história centenária.

No Fluminense, a gestão de Pedro Abad não ê menos controversa e danosa. Vale lembrar que o atual mandatário conseguiu até levar o clube das páginas de esportes às de polícia, atropelado pelas investigações sobre doação e venda ilegal de ingressos e benefícios ilegítimos às torcidas organizadas. Na política Abad foi perdendo o apoio de grupos e conselheiros de sua base de sustentação a ponto de hoje responder a um processo de impeachment e de aliados seus, de primeira hora, defenderam sua renúncia imediata, a um ano do encerramento do mandato.Os efeitos das mazelas dos bastidores sobre o futebol são devastadores. Sem dinheiro, com os patrocinadores afugentados pela instabilidade, o Fluminense rescindiu de forma abrupta e até desleal, contratos de jogadores como o goleiro Diego Cavalieri; perdeu Gustavo Scarpa e Henrique Dourado entre outros. O Vasco vendeu Paulinho, sua maior revelação nas últimas décadas e não teve como encontrar um substituto à altura. Os investimentos minguaram, os salários atrasaram com absurda rotina, as vitorias escassearam, treinadores se sucederam num interminável entra e sai e as torcidas, por fim, se cansaram.

São Januário foi invadido por torcedores que interromperam um treino na marra. Os vitrais da sede social do Tricolor por mais de uma vez foram apedrejados e até bombas já foram lançadas nas Laranjeiras. Faz tempo que as arquibancadas do estádio do Vasco e do Maracanã estão divididas entre o apoio ao time e a hostilidade aos mandatários. Gritos contra Campello e Abad têm sido repetidos com a mesma frequência e intensidade dos cantos festivos e tradicionais das duas torcidas.

Com tudo isso - seria inevitável - cada vez mais o ambiente entre os jogadores ficou abalado. Além dos adversários em campo, tricolores e cruz-maltinos passaram a temporada enfrentando as pressões internas. Às evidentes limitações técnicas dos dois elencos somou-se um fardo psicológico, algo pesado demais, principalmente em se tratando de jogadores em sua maioria jovens, inexperientes e ainda em processo de formação profissional e pessoal.

Quando entrarem em campo hoje contra o América-MG no Maracanã e o Ceará, no Castelão, Fluminense e Vasco ainda dependerão apenas de si, uma vitória ou um empate, para manterem-se na primeira divisão. Mas isso não diz muito. No Flu, após oito jogos sem vencer ou marcar gols no Brasileirão e na Copa Sul-Americana - a maior sequência de todos os tempos no clube - o desafio do interino Fábio Moreno, substituto de Marcelo Oliveira, será fazer com que o time entre de cabeça erguida e não com o sentimento precoce de derrota. Já o Vasco que nos últimos jogos tem apresentado um futebol em tardia ascensão, mesmo com derrotas como a que confirmou o título antecipado do Palmeiras, semana passada, entrará pressionado pela obrigação de evitar tornar-se o clube mais rebaixado da história do Brasileirão, confirmando a fama de ioiô. Tomara que consigam escapar. Mas que ficar na elite não seja o fim, apenas o início das transformações radicais de que precisam.

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