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Hortência, ao LANCE!: 'Pan desperta gerações de atletas brasileiros'

Campeã mundial acredita que Pan de Lima pode marcar novo ciclo para a Seleção feminina

29 jul 2019 - 15h42
(atualizado às 15h45)
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O ano de 1991 foi um marco para o basquete feminino brasileiro. Naquela temporada, conquistamos a medalha de ouro no Pan de Havana, título que deu início a uma série de conquistas e marcas históricas que nosso grupo alcançou. Agora, a Seleção Brasileira encara o Pan de Lima, com a equipe começando um novo trabalho, com outro treinador, jogadoras também renovadas. Quem sabe não é o início de um novo ciclo.

Hortência ao lado de Rogério Sampaio, diretor do COB, e Marco La Porta, vice da entidade (Foto: Divulgação/COB)
Hortência ao lado de Rogério Sampaio, diretor do COB, e Marco La Porta, vice da entidade (Foto: Divulgação/COB)
Foto: Lance!

Eu tinha 16 anos quando fui convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira e a Paula 14. O tempo vai passando, a gente fica mais experiente. Os Jogos Pan-Americanos foram a grande mola propulsora do basquete feminino brasileiro. O primeiro que eu disputei foi em San Juan, Porto Rico, e ficamos em quarto lugar.

O segundo Pan, em Caracas, na Venezuela, fomos terceiro lugar. Na edição seguinte, em Indianápolis, nos Estados Unidos, ganhamos a prata. Fomos conhecendo nossas adversárias a cada torneio desses, aprendendo a jogar grandes partidas até chegar ao meu quarto Pan, em Havana. Ganhamos o ouro em uma final histórica, em um dia que o Fidel Castro, que além de político havia sido ex-jogador de basquete, estava no ginásio crente que iria entregar o ouro para suas meninas.

Foi a maior emoção da minha vida até então, ganhar aquela medalha de ouro, muito almejada por todas nós. O hino nacional tocou, a bandeira foi subindo e nós no pódio. Fidel brincou que não entregaria a minha medalha e a da Paula: "jogaram com mira laser, a bola sempre ia certo".

A partir desse ouro no Pan começamos a marcar a nossa geração. Depois conquistamos o título mundial, em 1994, e chegamos à final olímpica, em 1996.

Hoje, no Pan, existem modalidades que os países mandam suas melhores equipes, porque são classificatórias para um Mundial ou Jogos Olímpicos. Outras modalidades mandam equipes jovens, para desenvolver uma geração. O basquete não se classifica para nada, mas não deixa de ser importante. Afinal, o maior respeito que você pode demonstrar pelo adversário é jogar sério, mostrar trabalho, independente de ser um time A, B ou C.

Quando a gente participava do Pan, o Brasil mandava sempre sua melhor Seleção. O esporte mudou bastante e o que posso falar hoje é sobre o entorno, fora das quadras. O importante é o espírito que levam nas quadras e os objetivos que têm. Sua intensidade nos treinamentos para colher os resultados no futuro.

E isso vale para todos os atletas. União e trabalho em equipe no esporte é fundamental. Se engana quem pensa que somente as modalidades como basquete, vôlei e futebol dependem do trabalho coletivo. Nenhum dos esportes deixa de ser coletivo, mesmo que você participe uma modalidade de disputas individuais, você não trabalha sozinho. É claro que na hora da decisão em uma competição, quem aparece é o atleta, mas até chegar lá existem outros fatores que influenciam para uma pessoa conquiste um título - treinamento, dedicação, esforço de cada pessoa envolvida para no final alcançar o resultado positivo.

O Pan de Lima começou e o Brasil tem 486 atletas disputando os Jogos. Que todos busquem fazer seu melhor, e, quem sabe, dar início à sua própria trajetória vitoriosa no esporte.* Hortência Marcari é ex-jogadora de basquete, atleta associada da ONG Atletas Pelo Brasil e apoiadora do Pacto pelo Esporte. Saiba mais sobre o projeto em: www.pactopeloesporte.org.br

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