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Ao LANCE!, Felipe lembra os dez anos do retorno ao Vasco: 'Driblei menos, mas fiz o jogo andar mais'

Em 2010, ídolo deixou o Al-Sadd (QAT) e retornou ao Cruz-Maltino. A versão experiente do lateral/meio-campista foi importante na conquista da Copa do Brasil de 2011

5 mai 2020 - 07h21
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Faz muito tempo ou parece que foi ontem? Dez anos atrás, São Januário recebia de volta um dos grandes ídolos vascaínos das últimas décadas, e que viria a se tornar, com o título da Copa do Brasil do ano seguinte (2011), o maior campeão do futebol do Vasco: Felipe, o Maestro. De lateral a meia, ele conversou com o LANCE! sobre aquele retorno.

Houve negociações anos antes, certo?

Casemiro, no São Paulo, foi vítima dos dribles de Felipe na segunda passagem pelo Vasco (Foto: Tom Dib/Lancepress!)
Casemiro, no São Paulo, foi vítima dos dribles de Felipe na segunda passagem pelo Vasco (Foto: Tom Dib/Lancepress!)
Foto: Lance!

O Vasco sempre me sondou para eu retornar, mas eu estava muito feliz lá no Al-Sadd, do Qatar, criei um vínculo muito grande, minha família estava adaptada, foram cinco anos. A gente sempre botava na balança no final das temporadas. Em 2010 acabou acontecendo, o diretor executivo era o Rodrigo Caetano, que entrou em contato com o meu empresário. Ele cogitou a possibilidade, eu conversei com a minha família e nós retornamos para o Vasco, que é para onde eu sempre quis voltar.

Houve diferença nos contatos até o retorno dar certo?

Eu não falava com ninguém do clube. Em 2010 que foi concreto e acabei voltando, quando meu filho mais novo estava com 11 meses.

O que pesou, então, para a decisão de voltar naquele momento?

Duas coisas: a vontade de voltar para o Vasco e a vontade voltar numa condição de jogar em alto nível. Porque voltei com 32 anos. Achei que, se voltasse muito mais tarde, até me readaptar ia ser difícil pela sequência de jogos, o ritmo é outro aqui. Lá se joga uma vez por semana. Se voltasse um pouco depois, talvez não fosse com futebol de alto nível, iria frustrar a torcida. Acho que demorei um pouco a pegar ritmo de jogo, cheguei a jogar umas partidas muito mal, pelo ritmo, e fui vaiado - ser vaiado pela torcida é normal, ela é movida à paixão e eu não sou diferente de ninguém -. Depois que criamos um grupo (forte), foi importante para mim também. Então cheguei no meio do ano, foram seis meses de adaptação e depois deu tudo certo.

Aquele Felipe que voltou e foi campeão estava em que nível técnico?

Já tive momentos melhores, mas foi um Felipe diferente. Quando comecei a jogar, os torcedores estavam acostumados a me ver dar dribles e assistências com facilidade. Em 2010, 2011 era diferente. Driblava um e dava o passe. Jogava num estilo diferente. Driblei menos, mas fiz o jogo andar mais.

Que lembranças você tem da apresentação (1.500 pessoas em São Januário)?

Foi uma festa simples, eu não gosto muito de holofotes, coisas extravagantes, eu sou simples. Lembro que foi bem legal. O Pedrinho me recebeu, irmão que o futebol meu deu.

Concorda com os elogios ao Pedrinho como comentarista?

Em nenhum momento discordei dele, não. Sabia que ele iria bem porque na Band ele fez até Copa do Mundo e foi muito bem. Ele ficou um tempo parado, mas eu sabia que, quando a oportunidade aparecesse, ele iria mandar ver. Muita gente assiste o Sportv, é visado, todo mundo fala bem. Mas ele se preparou, faz a crítica sem menosprezar, diminuir. Para mim, não é novidade. Trabalhei com ele, fizemos cursos juntos. Já sabia.

Você recebeu propostas para voltar a trabalhar após sair da Ponte Preta, no ano passado (contratado como gerente, mas coordenador, na prática)?

Fiz cursos da CBF e um de gestão. Mas pretendo trabalhar na área técnica, como coordenador ou técnico. A área de executivo eu sei lidar, mas não me sinto tão feliz quanto na área técnica, para passar o que sei para as novas gerações. Apareceram coisas, sim, mas fora do Rio. Eu não gostaria de sair do Rio nesse momento.

Mais de dez anos antes de voltar ao Vasco, em 1999, você quase foi para a Roma... o que houve naquele imbróglio?

Fui vendido, mas só pensava em jogar futebol. As negociações da Roma com o Vasco, eu não tenho certeza, mas acho que não foram bem conduzidas. Eu viajei, mas cheguei lá e não tinha ninguém do clube esperando. O Eurico (Miranda, então vice-presidente de futebol) me vendeu na metade do Carioca, mas só liberava no final do campeonato. E aí a Roma desistiu, mas já tinha pré-contrato e quem se deu mal fui eu, sem culpa e sem jogar por três meses.

Qual o maior orgulho e o que faltou na carreira?

Tudo que Papai do Céu me proporcionou eu não tenho direito de reclamar, só agradecer. É complicado reclamar. Claro que eu poderia ter ido mais longe, futebol não faltava. Mas não basta só ter talento, e é lógico que com 18 anos não se tem mesma cabeça de 30 anos. Nada que reclamar.

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