Copa 2010 – O Mundial da desorganização

Johannesburgo, 9 de junho: Grupo de jornalistas portugueses e espanhóis foi vítima de assalto a mão armada em seu hotel nos arredores de Johannesburgo. Foto: Reuters

Roubos

Sem dúvida este é o tema mais massacrado pela imprensa durante a Copa do Mundo e uma preocupação latente desde a Copa das Confederações do ano passado. Na competição de 2009, os casos mais preocupantes foram o roubo sofrido pelos jogadores do Egito e o furto ao lateral Kléber, da Seleção Brasileira, durante a competição. Em documento oficial, a Fifa falou que os incidentes serviram como lição para o Mundial e que o trabalho seria duplamente reforçado. A polícia gastou 640 milhões de rands para aumentar seu efetivo e dar treinamento a seus homens.

Porém, o que se vê um ano depois é o cenário se repetindo com casos e mais casos em menos de um mês. A primeira situação grave foi registrada menos de 15 dias antes da abertura da Copa do Mundo. Em visita ao país para jogar um amistoso contra a África do Sul, os jogadores da seleção da Colômbia tiveram US$ 2.743 (cerca de R$ 5.016) roubados dos quartos do hotel Hyde Park Southern Sun, enquanto treinavam.

"Desde que a seleção colombiana foi assaltada um dia antes de um amistoso contra a África do Sul, em Johannesburgo, temos conversado com vários hotéis e deixado claro que todos precisam listar os nomes dos funcionários e trabalhadores para ter conhecimento de quem entra e sai dos quartos. Estamos trabalhando ativamente a respeito deste assunto e todas as precauções estão sendo tomadas. Não podemos vigiar todos locais, a responsabilidade da segurança é dos próprios hotéis", afirmou ao Terra a porta-voz da polícia, Sally de Beer.

Mesmo com a preocupação e orientação da polícia, os casos foram aumentando. Há dois dias do início do Mundial, jornalistas espanhóis e portugueses que cobrem o evento da África do Sul foram vítimas de um assalto a mão armada e tiveram roubados seus computadores e câmeras por um grupo de homens armados em seu hotel, nos arredores de Johannesburgo. Após alguns dias, a polícia prendeu três criminosos que participaram do assalto.

No dia da estreia da seleção uruguaia na Copa do Mundo, os jogadores Ernesto Rodriguez e Daniel Marotta tiveram US$ 4 mil (R$ 7,2 mil) e US$ 8 mil (R$ 14,4 mil) furtados, respectivamente, de seus quartos, enquanto estavam na partida diante da França. Repórteres chineses e o ex-jogador argentino Gabriel Batistuta também passaram por problemas de roubo nos seus hoteis.

A última ocorrência e a mais anormal de todas aconteceu com três jornalistas da Folha de S. Paulo e um profissional do Terra, que tiveram cerca de US$ 1,8 mil roubados de dentro dos cofres dos seus quartos. Tudo dentro de um hotel apontado pela organização como oficial para hospedagem da imprensa. Após investigação no hotel Garden Court, localizado no bairro de Sandton, região mais nobre de Johannesburgo, foi descoberto que funcionários terceirizados da manutenção usaram um aparelho que mudava a senha dos cofres e roubaram pequenas quantias de dinheiro, com a intenção de não deixarem suspeitas.

A nova ação pegou de surpresa até a polícia. "Não tinha conhecimento do caso e nunca tinha visto uma situação como essa. Tenho que conversar com os responsáveis pela investigação, pois não sabia da existência desta máquina que muda o código dos cofres. Sempre orientamos as pessoas a guardar os seus pertences valiosos e dinheiro nos cofres, Eu, mesmo, quando viajo para a Europa deixo meu dinheiro no cofre. É uma novidade isso que você está me falando e irei me informar sobre o assunto", disse Sally de Beer.

Mesmo com todos estes relatos nos últimos dias, a Fifa lava as mãos e diz que a responsabilidade é do COL. Por sua vez, o Comitê Organizador passa a “batata quente” para frente. Questionado diversas vezes sobre o assunto, o porta-voz Rich Mkhondo afirma que não responde perguntas sobre segurança e deixa tudo a cargo da polícia sul-africana.

Terra