Copa 2010 – O Mundial da desorganização

Johannesburgo, 15 de junho: Torcedores discutem com a polícia para tentar entrar no estádio minutos antes do duelo de estreia do Brasil diante da Coreia do Norte, no Ellis Park, em Johannesbugo. A falha no sistema de energia travou as catracas, atrapalhando a entrada de milhares de fãs. Foto: AP

Apagões

A Copa do Mundo também proporciona aos moradores e visitantes alguns banhos frios, metrôs parados e momentos repentinos de escuridão. Já receosa com sistema enérgico do país, que sofreu blecautes em nível nacional em janeiro de 2008, a organização colocou geradores independentes nos dez estádios que recebem os jogos.

Ainda assim não foi suficiente. No jogo de estreia da Seleção Brasileira, a região do Estádio Ellis Park teve quedas sequencias de energia. Até mesmo dependências internas do estádio ficaram às escuras. Torcedores que subiam escadas e rampas de acesso ficaram em pânico, temiam pela segurança. Houve muita gritaria.

Por causa do problema, as catracas de acesso ao estádio ficaram travadas por cerca de 30 minutos e longas filas se formaram. Muitos fãs vagaram desesperados em volta do estádio em busca de outro acesso. A segurança liberou a entrada de torcedores comuns pela área VIP. Quando as catracas foram liberadas, os guardas nem checavam os pertences e os ingressos dos fãs para dar vazão e evitar um tumulto maior.

"Houve uma sobrecarga de energia em parte da cidade de Johannesburgo, incluindo o estádio. O problema durou cerca de meia hora e foi solucionado antes da partida, o que não atrapalhou o andamento do jogo", disse ao Terra Andrew Etzinger, o porta-voz da Eskom, maior produtora de energia elétrica do continente africano.

Antes, no dia do jogo de abertura África do Sul x México, teve apagão no bairro de Orlando, em Soweto, tradicional por ter servido como símbolo da resistência dos negros durante o regime de segregação racial apartheid. Torcedores não puderam acompanhar pela televisão parte do segundo tempo até o final do jogo.

"Tivemos um problema com a falha de um cabo subterrâneo, que parou de funcionar. Tiramos ele de funcionamento, o que afetou por algumas horas o fornecimento de energia da região. Mas o problema foi rapidamente resolvido e a eletricidade reestabelecida na região", explicou Etzinger.

Já depois da derrota por 3 a 0 para o Uruguai, torcedores sul-africanos que foram ao jogo em Pretória não puderam voltar para casa por causa de um apagão que parou o metrô da cidade. A avaria deixou sem transporte cerca de 2 mil pessoas, entre moradores locais e turistas.

Os trens não saíram do lugar por duas ou três horas, e os últimos torcedores a deixar o Loftus Versfeld só chegaram a casa ou hotel no meio da madrugada desta quinta-feira. Condutores e passageiros tiveram que usar composições a vapor.

O ministério de Energia da África do Sul recomendou que a população local consuma energia elétrica moderadamente durante a Copa. Existe o agravante de a competição ser disputada durante o inverno. Diante das temperaturas abaixo de zero, o consumo aumenta significativamente para a população se manter aquecida.

Foi feito um acréscimo de 275 megawatts à média de inverno no país. Quando a demanda excede, o país importa energia de Moçambique, Lesoto e República Democrática do Congo.

"Não temos nenhuma preocupação com problemas graves de energia até o fim da Copa do Mundo, posso garantir isso para você. Talvez enfrentemos problemas pequenos, pois a cidade está com temperaturas muito baixas, o que aumenta o uso de aquecedores e chuveiros elétricos. Uma carga muito grande de pessoas usando esses tipos de equipamentos pode causar pequenos apagões, que são rapidamente resolvidos", disse Etzinger.

"Mas garanto que não teremos problemas em nenhum jogo da Copa do Mundo. Já estamos na metade da competição e até agora nenhum jogo foi atrapalhado por problemas de energia. Assim continuará até o fim da Copa. Estamos confiantes que será um sucesso", completou.

Terra