Paulistanos lamentam ausência de "Meninos da Vila" na Seleção

André Augusto

Direto de São Paulo

Pouco antes do anúncio dos escolhidos pelo técnico Dunga para integrar a Seleção Brasileira que vai à Copa do Mundo, nesta terça-feira, o clima no centro de São Paulo parecia como o de qualquer outro dia no cotidiano do paulistano que passava pela região: muita pressa e movimentação, com poucas pessoas usando camisas do Brasil, em alusão a proximidade do Mundial.

Porém, um olhar mais apurado em meio à rotina mostrava que muitas das pessoas que estavam na região central estavam de olho nas televisões de bares, restaurantes e lojas de eletrodomésticos em busca de detalhes sobre a lista de 23 jogadores que seriam convocados.

O vendedor ambulante Felipe Mota, 22 anos, mostrava apoio ao Brasil com uma bandeira verde e amarela em sua barraca, que vendia colares e bijuterias. E, como grande parte dos brasileiros, acreditava na convocação de Neymar e Paulo Henrique Ganso, do Santos.

"Eles estão merecendo, tenho esperança. A Seleção precisa de sangue novo", disse o vendedor, que trabalha próximo à Praça Ramos de Azevedo.

Outra torcedora que pedia os "Meninos da Vila" na lista de Dunga era a balconista Alessandra Justino, 33 anos. Trajada com as cores do Brasil, ela também esperava pela convocação dos jovens santistas.

Próximo ao horário do anúncio oficial do treinador, as pessoas passaram a se amontoar em qualquer lugar que houvesse um televisor ligado. Acompanhando nome a nome, um misto de apreensão e decepção tomava conta da maioria. O anúncio de nomes como o de Josué, do Wolfsburg, e Júlio Baptista, da Roma, foram os mais contestados e até receberam algumas vaias após a confirmação.

Alan Jeremias, 26 anos e atualmente desempregado, foi ao desespero ao ver a dupla ser anunciada e criticou as escolhas de Dunga.

"O Dunga pensa que o Brasil é um time feito só de volantes. Eu tiraria um volante tranquilamente (entre os convocados) e convocaria o Elias ou o Hernanes. Perdi as esperanças, acho que o Brasil não passa das quartas de final", analisou o torcedor.

Figura tradicional no centro de São Paulo quando o assunto é Seleção, o vigilante Sebastião Aparecido dos Santos, 58 anos e conhecido como "Biro-Biro", chamava a atenção dos pedestres trajando o uniforme do Brasil e mostrando habilidade com a bola nos pés, ao fazer embaixadinhas. Com o nome de Ronaldinho e o número 10 às costas, Sebastião lamentou a ausência de seu "inspirador", mas já esperava uma lista sem surpresas.

"Pelo que ele vinha analisando, chamou os jogadores mais em forma. O Neymar ainda é muito novo e os zagueiros da Copa, mais experientes. Mas a camisa amarelinha pesa e os jogadores podem criar situações imprevisíveis", afirmou o vigilante, que diz temer a Inglaterra no Mundial da África do Sul.

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