A disputa pelo prêmio de MVP, de melhor jogador da temporada, está
extrapolando os limites da quadra. Os dois principais concorrentes
demonstram tensão na reta final da escolha: Kobe Bryant trocou o basquete
pelo boxe e Allen Iverson voltou a se desentender com o técnico Larry Brown.
Que Iverson já era um garoto problema, isso não é novidade. Mas Kobe
Bryant? Ele era tido como uma espécie de exemplo de jogador do século 21:
bem comportado, caseiro, avesso às noitadas, nem parecia um atleta da NBA.
Nos últimos dias, Bryant mudou. Primeiro, acertou um suco que coloriu
o olho do pivô Samaki Walker. O Los Angeles Lakers jura que se tratou de uma
brincadeira de mau gosto entre os dois. Ninguém acreditou. Na última sexta,
Kobe partiu para cima de Reggie Miller, logo após o final da partida contra
o Indiana Pacers.
A briga parecia ter algo a ver com a final da NBA de 2000, quando o
Lakers bateu o Pacers. Bryant tem jeito de bom moço, mas adora fazer uma
provocação na quadra. E muita gente não gosta de levar desaforo para casa.
Foi o que aconteceu com Miller. Resultado: briga e ameaça de multa e
suspensão da direção da liga
No mesmo dia, Allen Iverson voltou a bater de frente com o técnico
Larry Brown. Segundo o Philadelphia, o problema foi o atraso do jogador ao
treino de arremessos antes da partida contra o New Jersey Nets. Resultado:
banco para o cestinha da temporada.
Iverson, como de costume, deu a sua resposta: marcou 43 pontos, a
maioria logo após a expulsão do treinador. Ou seja: sem ter alguém para
perturbar, ele jogou como quis e justificou o prêmio de MVP que ostenta
desde a temporada passada.
Agora, o título está em jogo: Iverson ou Kobe? O ala do Lakers tem a
vantagem da campanha da equipe, bem superior à do Philadelphia, que está até
ameaçado de não se classificar para os playoffs. Se não conseguir ficar
entre os oito melhores do leste, já pode desistir do bi.
Resta saber como a NBA irá se comportar em premiar jogadores que
deixaram as boas maneiras de lado. Algo que em nada ajuda a imagem da liga
diante de seu enorme mercado publicitário. Mas, pelo menos, seria um prêmio
de deixar orgulhoso o rei dos bad boys, Dennis Rodman.