CAPA ESPORTES
 Últimas
 Resultados
 Esportes TV
 Terragol
 Esportes Show
 Imagem
 Papel de Parede
 Calendário 2002
 Notícias por e-mail
 Chance de gol
 Futebol
 Fórmula 1
 Automobilismo
 Tênis
 Basquete
 Vôlei
 Surfe
 Aventura
 Mais esportes
 Colunistas
 Especiais
 Fale com a gente


 Compras



Fernando Santos
Domingo, 13 Janeiro de 2002, 19h51
terraesportes@terra.com.br

Jogada de gênio


Cerca de 15 segundos para o final. O Washington Wizards tem a posse de bola e sofre intensa pressão, após liderar por 26 pontos. A vantagem cai para apenas seis. O cronômetro de 24 segundos está quase zerado. A bola é passada para Michael Jordan que faz o arremesso e... sofre o bloqueio.

A tensão aumenta no ginásio da capital norte-americana. O maior jogador de todos os tempos perde um arremesso que poderia ser decisivo. Uma partida que estava ganha agora parece ameaçada. O Chicago Bulls, antiga equipe de Jordan, ainda tem esperança e parte para o contra-ataque. É a chance de encostar ainda mais no placar e, quem sabe, conseguir uma virada histórica.

Afinal, trata-se do primeiro jogo de Michael Jordan contra o time que o consagrou. O time que tornou mundialmente conhecido. Uma das maiores marcas dos anos 90. Pesquisa feita anos atrás pela NBA mostrava que cerca de 90% dos entrevistados reconheciam o símbolo do touro. Símbolo que Jordan tornou imortal.

A partida tinha outros ingredientes para entrar na história. Antes da primeira bola lançada ao ar, Jordan precisava de apenas 15 pontos para se tornar o quarto jogador da história da liga a romper a barreira dos 30 mil pontos. Feito que não demorou muito a acontecer. Num segundo quarto não menos histórico, onde marcou 19 pontos, Jordan atingiu a marca. E se emocionou com os aplausos dos torcedores, após converter o lance livre mais importante de sua carreira.

Tudo caminhava como previsto. O Chicago não tinha forças para acompanhar um Washington preciso nos arremessos (62% de aproveitamento no primeiro quarto). Logo de cara, 10 a 0 no placar. Parecia jogo de futebol na várzea. Sem muito esforço, o Wizards controlava e aumentava sua vantagem. Jordan assumiu as ações no segundo período, quando tratou de dar o seu show particular. Chegou ao intervalo com 25 pontos.

Já tinha torcedor que contava com mais uma pontuação monstruosa. Afinal, nos dois últimos jogos, Jordan tinha anotado 51 e 45 pontos. Sua média era de incríveis 48 pontos nessas duas partidas. E, pelo ritmo, não era impossível conseguir mais meia centena de cestas. O jogo estava fácil. A diferença chegou perto dos 30 pontos, quando o Chicago começou a reação. Típica do espírito de seu novo técnico, o ex-pivô Bill Cartwright. A essa altura, Jordan já não fazia tanta diferença: no segundo tempo, ele marcou apenas quatro pontos.

Voltamos àqueles 15 segundo finais. Jordan, sem o mesmo ritmo alucinante do segundo período, acabava de tomar um toco na cara. O Chicago partia para o contra-ataque com Ron Mercer. Eram dois pontos certos, uma bandeja fácil. O armador do Bulls solta a bola em direção à cesta Eis então que surge, quase do nada, como um raio, um vôo assustador. Eram os dois enormes braços de Michael Jordan, que prensaram a bola contra a tabela. Não deu nem rebote. O rei ficou com a bola.

Foi uma das jogadas defensivas mais brilhantes da história do basquete. Perfeita para um jogo que tinha todos os ingredientes para entrar na história. E nada surpreendente para um dos maiores jogadores de defesa de todos os tempos. Um lance genial. A jogada ajudou a salvar o desastroso segundo tempo de Jordan, e também garantiu a primeira vitória sobre sua antiga equipe. Vale por toda uma partida ou, como diriam os comentarista esportivos de futebol, valeu o ingresso.

Mas nem tudo foi festa para Jordan. Pouco antes do toco histórico, Jordan ficou no banco, sendo assistido por um dos médicos do Washington. A imagem da TV não era clara, mas a impressão era de que o médico estava avaliando o joelho direito de Jordan. O rei sabe que o maior problema em sua volta à NBA é sua condição física.

Durante o período em que ficou treinando para tomar a decisão de voltar à liga, Jordan sentiu enormes dores nos joelhos. Dias atrás, ao comentar suas últimas grandes atuações, ele voltou a falar dos joelhos, dizendo que se sentia bem, sem dores. E isso era o que importava. Era também uma demonstração da preocupação que toma conta de sua cabeça.

São quase três meses de intensa atividade, talvez muito para quem ficou três anos afastado. Todos torcem para que as limitações físicas não impeçam o basquete de ter lances memoráveis como este da noite de sexta-feira. Porque, da maneira como está jogando, só Jordan pode parar Jordan.

 

veja lista das últimas colunas

Coluna do Internauta Wanderley Nogueira Juarez Soares
Marcos Caetano Fernando Santos