Nem Shaquille O'Neal nem Kobe Bryant. O grande destaque, o MVP do Los
Angeles Lakers na conquista do título da temporada 2000/2001 foi o técnico
Phil Jackson. Ele faturou oito campeonatos nos últimos onze anos. É o
Michael Jordan dos treinadores.
Phil Jackson não apenas acabou de uma vez por todas com a fama de só
ganhar títulos nas costas de Jordan, como se coloca, provavelmente, como o
maior técnico da história da NBA. E prova disso foi a maneira como reagiu
nesta série final contra o Philadelphia 76ers.
A decisão começou com Larry Brown dando um banho tático em Jackson. Mas
o técnico do Philadelphia só tinha uma bala nas mãos. A marcação com pressão
na saída de bola foi o grande trunfo para vencer o primeiro jogo. Mas foi
só. Ao anular essa arma, o 76ers morreu na decisão.
E para isso não foi preciso agir como um gênio. Bastou a Phil Jackson
uma série de duros treinamentos de saída de bola, e um pouco mais de
paciência de seus armadores. Com isso, caía por terra o plano do
Philadelphia de tirar a liberdade do Lakers na armação das jogadas. Além, é
claro, de roubar algumas bolas.
O grande lance de Phil Jackson foi tirar a bola das mãos de Kobe
Bryant. Isso mesmo, a segunda estrela do Lakers começou a série mais
preocupada em aparecer do que em ganhar o título. Por isso, foi tão mal no
primeiro jogo, desperdiçando uma série de ataques.
Ao seu melhor estilo zen, Phil passou a manobrar a bola no perímetro.
Com isso, apostou nos arremessos de jogadores como Robert Horry, Rick Fox,
Brian Shawn e Derek Fisher. Arremessos que desnortearam a marcação do
Philadelphia. Afinal, Kobe Bryant ainda era (e foi) um perigo constante. Sem
falar em Shaq, que não era mesmo páreo para Dikembe Mutombo.
Ou seja, Phil Jackson colocou à toda prova a sua tática dos triângulos,
abrindo três opções ofensivas para a equipe: a primeira, com Shaq; a
segunda, com Kobe; e a terceira com a artilharia perimetral, abastecida com
bombas de três pontos.
E o que fez o Philadelphia? Nada, não teve resposta. O 76ers era mesmo
um time totalmente dependente de Allen Iverson. Já foi escrito nesta coluna
que ele precisaria de ao menos 50 pontos para levar o time à vitória. No
primeiro jogo, 48 foram suficientes. Mas nos quatro restantes não chegou aos
40.
A falta de reação do Philadelphia levanta novamente a suspeita na
eleição de Larry Brown como o melhor treinador da temporada. E ainda mais se
levado em conta que a tática de marcação pressão foi considerada por alguns
analistas norte-americanos como um grande erro. Eles acreditam que o esquema
desgastou ainda mais a equipe, já que exigiu um esforço enorme de marcação.
Com isso, o time perdeu fôlego no ataque, minando as forças nas pernas para
os arremessos. O que se torna ainda mais complicado num time que chegou à
decisão com muitos jogadores machucados, alguns deles atuando no sacrifício.
Phil Jackson, enfim, soube evitar o veneno do 76ers. E ainda tinha uma
carta na manga que se mostrou fundamental: a marcação de Tyrone Lue sobre
Allen Iverson. Antes mesmo dos playoffs, a escolha de Lue para a relação
final de jogadores causou polêmica. Esperava-se que o escolhido fosse o
armador Mike Penberthy, um novato que fez grandes atuações na temporada
regular. Mas Phil escolheu Lue. E o resultado, bem...
Dinastia caipira
Se Phil Jackson reina nos EUA, por aqui também temos a quem coroar. O
técnico Hélio Rubens deu o primeiro passo para a conquista do seu quinto
título em 11 anos do chamado Campeonato Nacional. Isso, com um Vasco que
perdeu seus dois principais jogadores, que representavam muito mais do que
metade do poderio ofensivo da equipe.
Mas não significa que o time carioca já pode comemorar o título, mesmo
após a vitória na casa do adversário, em Ribeirão Preto. O próprio Hélio
Rubens pode lembrar a lição do campeonato de 1999: na época, o Vasco também
venceu o primeiro jogo fora de casa, contra o Franca, que era dirigido
por... isso mesmo, Hélio Rubens. E qual foi o resultado final? Franca reagiu
e ganhou o título em pleno Maracanãzinho, no Rio. Ou seja, o Vasco deu um
passo, mas ainda não colocou a mão na taça.