A cúpula da NBA está reunida neste fim-de-semana em Nova York em busca
de saídas para a crise de público nos jogos e, principalmente, técnica. A
queda da média de pontos é tida como a grande vilã e, por isso, novas regras
serão implantadas a partir da próxima temporada.
A principal mudança, discutida há meses, é o fim da proibição da
defesa por zona. Isso irá representar uma mudança importante no basquete.
Afinal, a NBA sempre foi tida como exemplo a ser copiado no mundo inteiro.
Foi assim, principalmente, com a implantação da linha de três pontos e a
divisão do jogo em quatro períodos. Agora, a situação se inverte: é a vez de
a NBA copiar o modelo da Fiba.
Outras quatro alterações estão em discussão, sempre para dar maior
liberdade aos jogadores no ataque, na tentativa de elevar a média de pontos.
Mas só isso será suficiente? Basta mexer apenas na regra ou o problema é
mais profundo?
Há quem diga que a NBA tem times e jogos demais. Afinal, só na
temporada regular são 82 partidas. Se comparado com o beisebol, é uma
moleza. A liga norte-americana de tacos e luvas tem cerca de 180 jogos antes
dos playoffs. Ambos, porém, são um exagero.
Os jogos hoje estão mais duros fisicamente, o que provoca um maior
número de contusões. Os jogadores sofrem mais lesões ou, para evitá-las,
acabam se poupando. É normal ver times nitidamente superiores jogando bem
abaixo de seu potencial, principalmente fora de casa. Os atletas acabam
dosando forças e, com isso, o nível cai.
São raros, hoje em dia, os jogos com casa cheia na NBA. Até os times
de ponta têm dificuldades para encher seus ginásios quando o rival está no
fundo da tabela. Anos atrás, para conseguir ingressos para ver uma equipe
candidata ao título, era preciso recorrer às bilheterias com meses de
antecedência. Hoje, o próprio site oficial da NBA divulga, em todos os
cantos, que há milhares de ingressos à venda. Ou seja, estão caçando público
a laço.
É claro, também, que a NBA vive um período de transição, ainda
buscando sua nova identidade desde a aposentadoria de Michael Jordan. Na
verdade, a NBA nunca será como nos tempos de Jordan. E como não surgirá
outro jogador igual, o jeito é apelar para o que estiver ao alcance. Por
isso, a insistência, principalmente dos técnicos, de eliminar a proibição da
defesa por zona.
Alterações como a cesta de três pontos causaram maior impacto no
basquete. Na Fiba, com a marcação liberada, é comum jogos em que uma equipe
não consiga superar os 60 pontos, principalmente quando se enfrentam forças
do leste europeu. Mesmo aqui no Brasil não são raros os jogos que deixam os
torcedores dormindo na arquibancada e as moscas passeando no aro. É a pura
retranca. Por isso, talvez apenas essa alteração não seja suficiente.