Opinião: Liberty Media quer apagar a história da MotoGP
Segundo informações, a Moto2 e a Moto3 não serão mais contabilizadas como campeonatos mundiais.
Desde os primórdios da motovelocidade, quando a MotoGP ainda não era chamada assim, todos os pilotos que venceram as categorias de acesso são considerados campeões mundiais. É assim com o atual líder do campeonato, Marc Márquez, que caminha para o seu nono título mundial, mas vê uma decisão apagar o que não só ele, como diversos pilotos construíram em sua carreira.
A Liberty Media deixou claro, quando comprou a MotoGP, que não iria copiar o modelo implementado na Fórmula 1 apesar de ter planos parecidos para aplicar na motovelocidade. Na Fórmula 1, categorias como F2/F3/F4 foram criadas para desenvolver os pilotos que quisessem chegar à categoria principal e por mais que a Moto2 e Moto3 sejam vistas como categorias de entrada, elas têm o próprio campeonato mundial e não são foram criadas com o propósito de desenvolver os pilotos para a categoria rainha.
Talvez os novos donos da MotoGP queiram que uma categoria de mais de 75 anos comece agora, excluindo todo um caminho criado até aqui. O que dizer para o saudoso Marco Simoncelli, campeão mundial da Moto2 em 2009? Que um dia acordaram e resolveram apagar sua maior conquista na carreira? Ou até mesmo para Dani Pedrosa, um dos maiores nomes da motovelocidade, mesmo sem ter vencido a categoria principal.
Fato é que, nos últimos anos, principalmente, a Moto2 e a Moto3 têm sido imensamente mais competitivas que a MotoGP, muito pelo fato da dominância de algumas equipes não darem margem para que outras disputem. Nas categorias de acesso, a vitória sempre é decidida no detalhe, na última volta, na última curva, trazendo emoção, adrenalina e mais do que tudo, mérito para os jovens pilotos que sonham em chegar à classe rainha.
Além disso, essas categorias, diferentemente da maioria das categorias de base, correm com a categoria principal durante todo o calendário. Excluir os títulos da Moto2 e Moto3 por serem "menores" é excluir a história que tantos pilotos lutaram para conquistar em todos esses anos de motovelocidade, passando o ano inteiro disputando o campeonato com a mesma intensidade daqueles que disputam a categoria rainha, a única que é considerada por muitos como “legítima”. A MotoGP tem e sempre teve uma identidade única e incomparável com outras categorias, e é isso que a destaca entre tantas outras.
É imprescindível que o esporte cresça cada dia mais, mas certas coisas não podem e nem devem mudar, ainda mais quando isso implica em apagar a história de tantos pilotos sem nem ao menos justificar o porquê da escolha.
