Além da pintura: Audi mostra o que pode ser a F1 2026

O foco desta quarta foi a apresentação do conceito da Audi para a sua temporada de estreia. Embora muita coisa ainda mude até o GP da Austrália, os alemães fizeram uma bela festa para mostrar a pintura daquele que já foi batizado de R26. 

Entretanto, mais do que a pintura, que virou a discussão das redes (anti)sociais entre fãs e haters, o mais importante deste evento cheio de pompa e circunstância foi o fato de que, mesmo sendo ainda um exercício técnico, trata-se da primeira materialização do que vem a ser um carro de F1 dentro dos regulamentos de 2026.

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Até o momento, o que foi apresentado basicamente foram uma série de projeções pela FIA. Mas o R26 é uma apresentação física. Em 2021, vimos vários modelos sendo apresentados com as ideias principais do que seria o regulamento 2022. Quando as equipes foram indo para a pista, vimos várias diferenças. Porém, tinhamos a noção do que teriamos em ação.

Com certeza, quando os primeiros testes em Barcelona em janeiro acontecerem, as interpretações dos técnicos serão as mais diversas. Mas as linhas gerais estão aqui, com esta interpretação bem literal do regulamento técnico 2026:

Frente

A inspiração da frente é na F1 dos anos 2000, com um elemento inferior bem mais sinuoso e mais alto do que o atual. Nota-se também a redução dos elementos da asa (atualmente são 3 e passa a somente 1). Objetivo aqui é lançar o ar mais facilmente para baixo do carro e não ter um arrasto tão grande, bem como gerar tanto arrasto.

Temos que lembrar que o bico dianteiro é quem inicia o direcionamento de todo fluxo de ar para o carro. Embora, haja a previsão da asa móvel na frente para redução da resistencia do ar, o objetivo aqui também é diminuir o processo de jogar o ar para fora do carro (o chamado outwash) e trazê-lo para dentro (o inwash).

As aletas nas laterais passam também pelo jogo de reduzir o fluxo de ar por fora do carro e trabalhar aquele que vai para o pneu, que também passará por mudanças, ajudando a manter a temperatura do composto.

Laterais

O que chama a atenção aqui é o posicionamento das aletas laterais (bargeboards). Até aqui, estão localizadas na altura do cockpit e ajuda a criar o tunel que leva o ar para baixo do carro no assoalho, criando a pressão aerodinamica através do efeito solo. Em 2026, elas ficarão mais externas, forçando o ar a ter que passar mais pela superficie do carro, além de "vedar" mais o fluxo lateral. É uma forma de recuperar um pouco a pressão perdida com o fim do efeito solo.

Traseira

Aqui é um jogo interessante: o difusor volta a ter mais divisores (hoje não pode ter nenhum) e é mais baixo do que o atual. Com isso, deveremos ver soluções mais semelhante ao que vimos em 2020 e 2021, com carros usando traseiras mais inclinadas (o chamado rake) para poder aumentar o ar circulando embaixo do carro e potencializar o efeito do difusor. Combinado com o elemento inferior da asa traseira (beam wing), aqui pode ser o pulo do gato para o controle do trem traseiro...Porém os canhoes e escorregardores devem seguir existindo, mas com uma configuração ligeiramente diferente

Bateria

Este é um ponto crítico para a F1 híbrida. Todos os fornecedores tem trabalhado no sentido de reduzir peso e usar melhor a energia. O conjunto completo da Unidade de Potência deve ter um peso minimo de 185 kg (cerca de 35kg a mais do que o atual) e a bateria acabou tendo que tratar com mais energia.

Embora a foto divulgada pela Audi seja bem genérica, ela mostra onde a bateria fica no carro. A posição é estabelecida pelo regulamento e acaba por definir o Centro de Gravidade do carro, em conjunto com o motor a combustão (ICE), o que é crítico para o estudo aerodinamico, de dinâmica e da divisão de peso do carro (que segue sendo 44% na dianteira e 54% na traseira).