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1984: O ano em que Senna não correu na Itália pela F1

Em seu ano de estreia, o brasileiro não participou de nenhuma corrida no território italiano. Vamos recordar

10 set 2021 - 18h37
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Senna durante treino no circuito de Ímola (GP de San Marino), em 1984.
Senna durante treino no circuito de Ímola (GP de San Marino), em 1984.
Foto: @flmig75

No fim de semana de GP da Itália, cabe recordar esta curiosidade. Embora fosse um piloto admirado pelos italianos e tenha conseguido cinco vitórias na terra da bota em cinco anos (Imola inclusa na cota), a sorte não sorriu para Ayrton Senna em sua temporada de estreia. Por motivos diversos, ele não participou dos GPs de San Marino e da Itália.

O GP de San Marino era o quarto da temporada de 1984. Senna havia conseguido seu primeiro ponto na África do Sul e um sétimo lugar na Bélgica (que depois viraria sexto com a desclassificação da Tyrrell) e vinha para esta corrida dentro do espírito de completar a prova. A Toleman estava em pé de guerra com a Pirelli, insatisfeita com o desempenho dos pneus italianos. O novo carro já estava pronto, o TG184, mas a equipe decidiu colocá-lo na pista quando estivesse com o acordo dos pneus Michelin fechado. Então, Senna e o seu companheiro Johnny Cecotto usariam o TG183B.

Numa pista de alta, com um carro defasado e um motor fraco (o Hart, embora turbo, ainda era insuficiente em termos de potência), não havia o que fazer. Mas havia o agravante da guerra com a Pirelli: simplesmente, os italianos não cederam pneus para que a Toleman fosse para a pista nos treinos da manhã. Eles cobravam uma multa de US$ 250 mil pela rescisão de contrato. Foi necessário que Bernie Ecclestone entrasse no circuito e intermediasse um acordo para que a equipe pudesse correr.

Durante a tarde, Senna teve problemas com a pressão de combustível e não conseguiu andar muito. Cecotto fez o 19º tempo e ainda cedeu seu carro para o brasileiro, mas não houve jeito. O brasileiro ficou com o 28º e último tempo. No sábado, a chuva veio com força e não permitiu que Senna melhorasse sua volta. Assim, não conseguiu se classificar e ficou de fora. Este foi o único GP da carreira de Senna na F1 em que ele ficou fora do grid.

A segunda oportunidade foi o GP da Itália, em 9 de setembro. Mas desta vez, o problema não foi com o carro. A questão foi contratual. Em Zandvoort, a Lotus anunciou que Senna seria seu piloto a partir de 1985. A Toleman se sentiu traída, já que vinham negociando com vários parceiros tendo o brasileiro como parte importante do crescimento do time. Sem contar que o contrato previa a liberação de Senna, que tinha a opção de mais um ano, mas que haveria um aviso prévio.

A Toleman alegou que não houve o aviso prévio e queria buscar uma forma de “punir” Senna pela ação. Após conversas com Ted Toleman (dono), Alex Hawkdrige (chefe de equipe) e Peter Gethin, decidiu-se dar uma suspensão de uma corrida ao brasileiro, que tomou um susto ao chegar em Monza e ser impedido de treinar. Em depoimento ao jornalista Christhopher Hilton, Hawkdrige lembra que os olhos de Senna marejaram ao saber do “castigo”, mas que entendia.

Para o lugar de Senna, o time chamou Pierluigi Martini para se juntar a Stefan Johansson. O italiano não conseguiu se classificar, enquanto o sueco chegou na quarta posição, o que deu o alento à Toleman de que o carro andava bem, e que não era simplesmente talento do brasileiro. Para Senna, restou fazer o papel de comentarista da TV Globo na transmissão. No GP seguinte, o da Europa, em Nurburgring, ele voltou ao carro nº 19.

Parabólica
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